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Com país à deriva, Marinha desmonta porta-aviões

João Costa
João Costa*

A Marinha desistiu ontem do programa de modernização do porta-aviões São Paulo (orçado em mais de 1 bilhão) e anunciou sua “desmobilização”. Comprada da França em 2000, a embarcação não navega desde 2014. A exemplo do Minas Gerais, será vendido para sucata na China. Enquanto isso, tropas do Exército patrulham ruas de importantes cidades do país a mercê de saques da população; o governo é ilegítimo, o Supremo tripudia com uma Constituição em frangalhos.
Não sou militar, mas a Armada tomou a decisão correta, uma vez que o Brasil optou por perder protagonismo internacional e voltar a ser a republiqueta de antes, por esforço e decisão das classe dominantes e, eternas guardiães do espirito de vira-lata e
da servidão voluntária, que achávamos ter desaparecido.
O São Paulo segue, assim, o mesmo destino do outro porta-aviões, o Minas Gerais. Há uns cinco anos, visitei parentes da minha esposa em São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro. Ele é marinheiro reformado. Antes de chegarmos à sua casa, no trajeto, ao lado da base aérea da Marinha, dava para avistar uns seis caças A-4 e vários helicópteros do São Paulo estacionados em terra. Vão permanecer lá, enquanto o porta-aviões deve deixar a Ilha da Cobras com destino ignorado após ser vendido para sucata.
Porta-aviões é uma arma de dissuasão, projeta poder ofensivo extraordinário, mas é frágil na defesa, se frágil for a Marinha. A  Rússia repatriou recentemente o seu porta-aviões Amiral Kouznetsov, que estava em operação na Síria. Sua escolta natural é composta por dois submarinhos nucleares, um cruzador e várias outras embarcações com capacidades de disparo de mísseis. Ao retornar da Síria a OTAN despachou 50 outras embarcações para seguirem o Kouznetsov, devido a sua capacidade de destruir uma armada inimiga completa.
Esse porta-aviões russo foi usado em combate pela primeira vez agora, na guerra da Síria. Dois meses em combate. Perdeu dois aviões durante as operações, devido às complicações de decolagem e “aterrisagem”; as aeronaves quando retornam, estão geralmente com quase zero de combustível. Se fracassar no pouso, fica sem querosene para um simples voo a mais. E a Rússia tem apenas um, assim mesmo adaptado de um navio cruzador, mas com um poder de destruição que abalou a guerra moderna. 
Voltemos ao São Paulo. A Marinha, no governo Lula, optou por construir submarinos em parceria com a França. Um movido a energia nuclear e quadro a óleo diesel. Detalhe: essas embarcações, vitais para a defesa do país, estão sendo construídas pela empresa Odebrecht, que por sua vez está sendo destruída sob o enganoso espírito de combate à corrupção da operação Lava jato.  
Ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima afirma que o projeto de construção de submarinos nucleares pelo Brasil corre o risco de abandono, em razão da crise decorrente da Operação Lava Jato, que prendeu Marcelo Odebrecht; "Todo esse projeto está dramaticamente ameaçado de ser paralisado, pelo que se sabe, por ser coordenado pela Odebrecht", diz ele; "Em decorrência, hoje, o clima em Itaguaí é de desânimo. Os homens em trabalho, que poderiam chegar a 9.000, estão reduzidos a 1.100, que se entreolham espantados, ante a hipótese de ali ficarem somente 80, protegendo aquele portento inconcluso contra furtos e roubos..."
É o Brasil!

*João Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Com país à deriva, Marinha desmonta porta-aviões Com país à deriva, Marinha desmonta porta-aviões Reviewed by Clemildo Brunet on 2/16/2017 11:53:00 AM Rating: 5

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