A DESENVOLTURA DE ZÉ VENÂNCIO

Ignácio Tavares

Por Ignácio Tavares*

Zé Venâncio era um homem simples de inteligência singular. Musico sem formação musical que chamava atenção de todos que o conhecia.  Deca que foi seu amigo, pois ambos foram casados com duas irmãs, todas as duas Maria, sejam Maria de Deca e Maria Pequena.

José Venâncio era filho de Maria Venâncio, - irmão mais velho da minha avó Ana - casada com seu Cirilo originário de Cajazeiras. Além de Zé houve outros filhos como Néco, João, Tota, Benigna e Cândida. Maria Venâncio ficou viúva e Pai Benigno assumiu a paternidade de todos os filhos trazendo-os de Cajazeiras e instalando-os na Rua de Baixo.

Chamava-os caboclos de Maria dada as suas compleições físicas acabocladas. Mas, entre todos Zé Venâncio sempre foi o centro das atenções por ser um jovem de inteligência rara. Superdotado para a arte da musica, mas nunca se preocupou com a aprendizagem da teoria musical. Tocava de ouvido e o seu instrumento preferido era o trombone.

Saturnino falava que na hora dos ensaios ele ficava ali quietinho a escutar o dobrado que estava sendo ensaiado. Então, quando o maestro fazia o ensaio geral ficava sem entender a desenvoltura com a qual Zé dedilhava o seu trombone.

Jovem bonito, bom violonista, de voz apurada, despertava interesse pelas moças da cidade, mesmo sendo casado com Maria Pequena. Segundo Claudia Fontes, que foi seu amigo e confidente, era o rapaz mais bonito de Pombal.

Tudo que fazia era quase perfeito. Como dançarino, segundo Claudia, somente ele e Wlisses Liberato de Alencar, despertavam interesse das moças em tê-los como par no salão de dança.

Morreu moço sem deixar filhos, mas deixou uma legião de admiradores e admiradoras que por muito tempo rememoraram as boas lembranças do nosso gênio da musica e do bom relacionamento com todos os segmentos da sociedade local...

*Economista e Escritor Pombalense