Brasil não corre risco de sair do buraco!
Assistimos a autodestruição do país.
Talvez não sirva de conforto saber que não corremos risco de sair do buraco,
exatamente pelo sentimento de empuxe nacional pela autofagia. Os que estão
encarcerados degolam e queimam vivos seus rivais. “Homem matou filho, ex-mulher
e mais dez na festa de réveillon”, foi a
primeira notícia de 2017. Estamos em junho, dezenas de degolados depois e com
um presidente acusado de receber propina, associação criminosa, obstrução da justiça.
Qual será a última notícia deste ano da graça?
O enredo da crise nacional segue o mesmo
desde 2013, embalado pela “síndrome da certeza absoluta” com vantagens para
alguns réus que podem escolher juízes,
até nas cortes ditas supremas. Nelson Rodrigues deixou uma pista para
entendermos o Judiciário, os políticos e todos que chafurdam no jornalismo de
esgoto ou de guerra. Dizia nosso dramaturgo maior, “nós nos sentimos sujeitos formidáveis, mas realmente o ser humano só
se salva quando chega a conhecer a própria hediondez”. A hediondez no Brasil é coletiva.
E “dalanhar” (acusar sem provas, apenas
tendo “juízo de convicção”) agora é verbo, que precisa ser democratizado e não
apenas requisito dos Cruzados ou inquisidores. No cafezinho do shopping, nas
redações, dá um prazer enorme quando interpretamos o papel de Tomás de Torquemada
e “dalanhamos” assim:
- Se a matéria não render, publique-se a
pauta!
Tenho alguns amigos no cafezinho que se
sentem (e eu aprendo muito com eles), o próprio frei Jerônimo Savonarola,
pregando campanha puritana na res
pública. Com certeza, o Brasil será, em breve, muito breve, uma nova
Jerusalém, com novos modelos de “fogueiras das vaidades” para incineração de
direitos trabalhistas e sociais, pois assim nos sentimos paulistas e, sendo
paulistas, talvez nos tornemos brancos e norte-americanos.
E para encerrar, às vésperas da possível
queda do usurpador Michel Temer, o atual ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles, estreou nas redes sociais afirmando sua firme disposição para usar o
twitter para debater a fundo o Brasil.
-“Boa tarde, meu nome é Henrique
Meirelles e este é o meu perfil no Twitter. Pretendo usar este espaço para
debater os rumos do Brasil”, postou, no momento em que o TSE pode abrir caminho
para um “não político” no Palácio do Planalto..
Muito original. Aliás, Original é o nome
do banco que Meirelles já foi presidente. O dono do banco hoje mora em Nova
Iorque, e se chama Joesley Batista. Ele, que quer debater os rumos do Brasil,
também presidiu o Conselho administrativo da Friboi, maior empresa de proteína
animal do Ocidente, também do Joesley, que emprestou avião para Temer,
presenteou a primeira-dama com buquê de flores e deu uma banana para o Brasil!
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Brasil não corre risco de sair do buraco!
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/08/2017 09:34:00 AM
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