CANGACEIROS DO NORDESTE
Severino Coelho Viana |
Por
Severino Coelho Viana*
Acabamos de ler o livro:
“Cangaceiros do Nordeste”, de autoria do autor paraibano Pedro Baptista,
publicado no ano de 1929 que, depois de decorridos 82 anos, saiu a segunda
edição no ano de 2011. Trata-se de um romance/histórico, no período de 1724 ao
começo do século 20, antes da existência e do reinado de Virgulino Ferreira da
Silva – O Lampião -. Justamente, faz o leitor compreender a forma de atuação na
política partidária, a lentidão e o comprometimento da justiça, a subordinação
da autoridade policial ao coronel, a força do coronelismo, os motivos que
levavam à vida de cangaceiro e seu “modus operandi”, quando captamos que
realmente era um mundo onde predominava a Lei da Selva.
Nos caminhos percorridos
pelos cangaceiros, a região Nordeste, enfocando as incursões nos Estados da
Paraíba, Pernambuco, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. A Paraíba é diversas
vezes mencionada como palco de ações dos bandoleiros. O mais famoso dos
cangaceiros, Virgulino Ferreira da Silva – o Lampião - não aparece como figura
central. Entretanto outros cangaceiros que atuaram em vários Estados, sobretudo
Paraíba e Pernambuco, tanto conhecidos como desconhecidos, são tratados, por
exemplo, Padre Veras, José Antônio, Cabeleira, José Félix Mari, Jesuino
Brilhante, Liberato e outros, cujo raio de atuação abrangeu áreas como as
serras do Teixeira e da Borborema, “alastrando-se pelos distritos de Patos,
Pombal, Piancó, Milagres, Jardim, Icó, etc, etc” p. 15). Para escrever a obra,
o autor se valeu de vivências próprias, ou seja, pelo que viu, mas também ouviu
falar, assim como realizou pesquisas.
O sertão nordestino é uma região de
contrastes: inverno e verão, fome e abundância, paz e violência. Convive com o
verdejante dos campos ou a cor cinza dos galhos secos. E a vida sofrida
continua ante todas essas adversidades.
Historicamente, A Guarda
Nacional reconhecida força militar organizada no Brasil em agosto de 1831,
durante o período regencial e extinta no mês de setembro de 1922. Sua criação
se deu por meio de lei de 18 de agosto de 1831 que criava as Guardas Nacionais
e extinguia os corpos de milícias, guardas municipais e ordenanças. Ou seja,
dando poderes a uma horda de civis cujo critério era o destaque do poderio
econômico e a extensão da propriedade rural que, posteriormente, passou ser
chamada de “coronelismo”.
A Guarda Nacional
simbolizava a manutenção dos interesses políticos e econômicos dos grandes
proprietários de terra. Não por acaso, a maioria das funções de comando dessa
instituição militar era ocupada por indivíduos provenientes das elites
proprietárias de terra, costumeiramente chamados de “coronéis”. Para ser
integrante dela era preciso ser alguém de posses, que tivesse recursos para
assumir os custos com o uniforme e as armas necessárias (200 mil réis de renda
anual nas cidades e 100 mil réis no campo). O governo da Regência colocou então
os postos militares de oficiais à venda, podendo então os proprietários e seus
próximos adquirir os títulos de tenente, capitão, major, tenente-coronel e
coronel da Guarda Nacional (não havia o posto de general, prerrogativa
exclusiva do Exército). Assim é que com o tempo, o coronel passou
automaticamente a ser visto pelo povo comum como um homem poderoso de quem
todos os demais eram dependentes e geralmente era o grande proprietário rural
ou homem mais rico da região ou redondeza, assim ficou sendo conhecido o
Coronel da Guarda nacional. Em 1864 a Guarda Nacional consistia em 212
comandantes superiores e um grande quadro de oficiais. Contava com 595.454
praças, distribuídos na artilharia, cavalaria, infantaria e infantaria da
reserva. Em contraposição o exército regular nesta época contava com 1.550
oficiais e 16.000 praças. Com a república (proclamada pelo Exército que
desprezava a guarda) a Guarda Nacional perdeu prestigio até ser extinta, tendo
sido sua última aparição pública no dia 7 de setembro de 1922, quando do
desfile pela independência do Brasil na cidade do Rio de Janeiro, marcando
aquele evento, também, o ano de sua oficial desmobilização.
Os coronéis, mandões do
sertão, compravam o título à Guarda Nacional, desfrutavam de prestígio e tinham
autoridade pelo poder de mando, levando seus familiares, protegidos e agregados
que podiam cometer toda espécie de crimes que seriam acobertados ou ficavam no
campo da impunidade quando não culpavam os inimigos e adversários políticos.
Assim expressa o autor: “Continuavam sempre os membros dessa família a adquirir
prestígio, fama e fortuna, chegando a ocupar cargos de elevada categoria nas
províncias que dominavam e mesmo a influir na alta política, da Colônia, a
princípio e, depois na Corte” p.15).
Por conta desse poderio de
mando desenfreado, as eleições que se realizaram nesse período eram
fraudulentas quando o resultado das urnas não atendia a vontade do coronel da
região, não esquecendo que ainda hoje a região Nordeste seja identificada como
sendo um “curral eleitoral”.
Por sua vez, a admissão,
exoneração, permissão ou o afastamento do juiz eleitoral dava-se de acordo com
o prestígio do coronel e qual partido mantinha-se no poder, ora conservador ora
liberal. Busquemos o apoio na palavra do autor: “Estava em grande voga a
importância da Guarda Nacional. Os portadores de patentes superiores tinham
ares graves de fidalgo e exigiam, com desmedido rigor, as continências que lhes
eram devidas” p.38).
O livro conta o episódio do
resultado de uma eleição desfavorável aos interesses do coronel plantonista no
Município de Moxotó que obteve a anulação da eleição e o afastamento do juiz
eleitoral: “As consequências desse protesto, como é fácil de prever, foram
desastrosas. A anulação do pleito, além do esperado afastamento de Ângelo das
funções de Juiz Distrital, trouxe um pouco de prestígio para os arrogantes
Liberais, que cada dia redobrava na prática de violência” (p. 42). Evidentemente, por estas práticas de
fraudes eleitorais e os atos de violência e perseguição contra os adversários
geravam inimizades familiares que passavam séculos de renhida violência uma
contra as outras, redundando em formação de grupos de cangaceiros, que foi o
caso do cangaceiro Liberato formando o seu próprio núcleo, citado de fls. 62 do
livro).
O motivo embrionário na vida
de cangaceiro começava quando era recusado por uma donzela a fazer par de damas
numa festa junina; o namoro não aceito pelos pais da noiva, em seguida vinha o
rapto e a contrapartida era o juramento de vingança por parte da família da
moça raptada. Uma prisão injusta, assalto à fazenda furtando bovinos ou
caprinos. O juramento de vingança pela morte de um familiar era motivo mais
visível para o ingresso na vida de bandidagem.
Quando havia a prisão
injusta culpando um inocente, a medida mais prática e imediata seria o ataque à
cadeia pública assim descreve o autor: “Esgotados os meios lícitos,
recorrerem-se aos outros; foi o que fez o audaz sertanejo. Atacou a cadeia,
tirou o negro do tronco, armou-o e passou para a margem sul do rio, onde levou
a noite sambeando com os seus homens, em regozijo, dizia ele, pela vitória que
iria ter se o viessem perseguir”. Referia a um cangaceiro conhecido por Antônio
Thomaz. (p. 33). Outro episódio narrado de ataque a cadeia pública foi o
executado pelo cangaceiro Liberato à Vila de Teixeira, constante de fls.
122/123). No mesmo diapasão o autor cita categoricamente o ataque à cadeia
pública de Pombal, “empreendido por Jesuíno Brilhante, a fim de dar liberdade
ao seu velho pai – João Alves, e terminaram soltando todos os presos” (p.235).
A bravura desses sertanejos
estava à flor da pele e não sabia o que era o medo, estava enraizada na índole
de cada um que não temia a morte, pois a covardia era considerada uma desonra.
É o caso que exemplificamos de um cangaceiro identificado por Cyrino do lado
dos Guarabiras. Certa feita foi emboscado quando galopava no seu bucéfalo,
então, Liberato levantou-se, mostrou o peito destemido e intimou:
__ “Cabra, renda-se!
Cyrino, em rápido olhar,
compreendeu a situação e resolveu vender caro a vida:
__ Um cabra na minha marca
não se rende. Disse e disparou o bacamarte, destramente, indo o projétil
cravar-se no ombro esquerdo de Joaquim Caboclo, que apenas tivera tempo de lhe
negar o coração à pontaria e detonar a garrucha à queima roupa, dilacerando com
a carga, o baixo ventre do cangaceiro. Outro tiro, este da arma de José do
Carmo, alcançou o rosto de Cyrino, estonteando.
Nesse transe, com a vista
turva e a esvair-se em sangue, o Guarabira teve uma reflexão de segundos:
abraçou o pescoço do animal e cravou-lhe os acicates. O Carvalho, para salvar a
situação do cavaleiro, arremeteu para diante, num pulo, rodopiou jogando um par
de coices no negro Benedito, que foi atirado a certa distância e partiu em
disparada louca.
Cyrino não resistiu aos
pinchos do corcel e rolou por terra, adiante, ainda tentando disparar a
garrucha sobre Moreira que, por sua vez, se desviando, negaciou o corpo, e
deu-lhe o tiro de misericórdia”. A descrição deste episódio conta no livro de
fls. 64/65).
A morte sempre acontecia
naquele cenário macabro de arrepiar os cabelos do couro cabeludo de qualquer
vivente que tivesse bom coração, não parecia uma briga entre duas pessoas
humanas, mas lutas entre duas feras bravias que a vencedora estrangulava e
dilacerava a carne da perdedora: “As finas lâminas de aço embeberam-se nas
carnes do velhinho que, nem sequer, gemeu. Apenas, surpreso, arregalou os olhos
nevoentos, caindo sobre o fardo de lã, sem forças. O sangue jorrou dos
ferimentos como se fosse de um animal que se imolasse e aqueles três homens
sedentos, recebendo nos rostos os salpicos quentes do esguicho arterial,
lambiam os beiços e dilatavam as narinas com sofreguidão de feras. Um deles
quis aplicar os lábios sobre o jorro vermelho, e numa sede de degenerado
psicopata sugar o filete, com ferocidade de tigre”. (p. 73/74).
O cangaceiro Liberato
começou sua v ida de bandoleiro, numa dessas festas juninas, um namorico com a
donzela de nome Maria Rosa que se firmaram na ardência da paixão de ambos os
lados, logo ele tomou a iniciativa de pedir a mão da donzela em casamento,
pedido negado pelo genitor da donzela sem titubear de lábios. Foi uma negativa
constrangedora. A reação de Liberato veio imediatamente cuja solução seria
raptar a donzela: “Foi-lhe fácil, porém, dar um aviso a Maria Rosa e oito dias
depois, em companhia de Franco e José do Gado, seu leal e dedicado vaqueiro,
raptava a moça, indo depositá-la na fazenda de José Galdino Cavalcanti, duas
léguas de Patos, aonde, no dia seguinte, atraído o vigário Joaquim, a pretexto
de uma confissão, conseguiu casar-se com a dispensa das graves e sisudas
formalidades da época”. (fls. 127/128). Este foi o motivo que causou a
desavença entre o cangaceiro Liberato e o pai de Maria Rosa que, daquela data
em diante, tornariam inimigos ferozes, pelo juramento de vingança feito pelo
genitor da raptada.
Vez por outra por desavença
de namoro da filha do coronel com homens afeito ao crime, a casa grande era
atacada impiedosamente. Justamente, depois de saber o paradeiro do raptor da
filha, pouco tempo depois, a fazenda de José Galdino Cavalcanti fora atacada:
“A casa grande da fazenda de José Galdino Cavalcanti, na margem do rio Farinha,
algumas boas centenas de braças, acima da sua foz com rio da Cruz, devia ser
atacada simultaneamente pelos dois grupos, antes do quebrar da barra e os
caminhos deviam ser empiquetados de modo que se evitasse sair ou entrar quem
quer que fosse”. (fl. 135).
A feira livre do final de
semana, geralmente, tornava-se palco de brigas, vinganças, assassinados e
assaltos à mão armada por todos os tipos de desordeiros que faziam andanças nas
vilas e pequenas cidades do sertão nordestino, principalmente nos dias que
antecediam as eleições, assim trazemos à baila um exemplo do livro em análise:
“julgando pouco o acinte com que contrariava ordens conservadoras, ostentando o
seu liberalismo, apelou para os Terríveis e no primeiro sábado invadiu a feira
com oitenta cangaceiros em armas, fazendo mudanças e colocando os vendilhões ao
seu bel prazer, depredando a coletoria das rendas públicas e implantando o
terror”. ( fls. 227).
O misticismo do nordestino,
à época, existia de forma exacerbada. A crença em “reza forte”, não existia
somente do lado dos cangaceiros, mas do lado dos coronéis e das
forças-volantes, cada um que tivesse o seu santo protetor e corpo fechado. É o
caso demonstrado do cangaceiro Adolpho e sua esposa (Santinha): “E à noite do
mesmo dia, no Rosário, dentro da Serra, alta madrugada, achava-se o cangaceiro
despreocupado, em companhia da mulher, numa casa longe dos companheiros, quando
se viu cercado. Não trepidou na resistência... A certa altura do tiroteio ele
pediu que deixasse a mulher sair. Pilheriaram os da tropa: __ Não queiras sair
vestido em suas saias. ... Prosseguiu o tiroteio. Certa hora, quando já se
achava fora da luta, três feridos, abre-se uma janela e um corpo cai no
terreiro, e, ao mesmo tempo, que um disparo de clavinote clareia a madrugada,
já densa pelo fumo da pólvora... O cangaceiro enganara a tropa, arremessando
uma almofada pela janela e pela porta se escapulira... Santinha foi-se à serra,
procurando o marido... Um rasto de sangue na passagem de uma broca
denunciou-o... Ela incontinenti tratou de prestar-lhe assistência com
verdadeira dedicação de esposa... No dia seguinte, a tropa veio-lhe no encalço,
rastejando... Santinha, vendo de longe, previne ao marido, que não se podia
locomover e prontifica-se para conduzir às costas, até a primeira furna, e, ele
retruca: __ Não, ainda não me sinto abandonado: TENHA FÉ NAS MINHAS ORAÇÕES E ISTO BASTA!... E duas vezes,
na soalheira daquela tarde, a tropa passou a pequena distância da moita que os
ocultava, sem os ver, sem os pressentir”.
(fls. 236 us que 238).
A mexeriqueira era e é uma
figura viva que nunca desaparece ou desapareceu do sertão nordestino com aquela
facilidade de criar e aumentar as estórias naquele leva e trás, muitas vezes,
prejudicando famílias e deixando a honra da pessoa na lama por mero ato da
imaginação ou pura maldade no sentido de destruir a inocência alheia. A
narrativa deste romance/histórico apresenta duas mexeriqueiras de primeira categoria:
Sinhá Billuca e Zefa Mingu. Certa feita, Zefa Mingu contando uma mentira a
Sinhá Billuca, esta querendo colher mais detalhes assombrosos dos
acontecimentos assim abriu a boca e não contou conversa:
__ “Eu não me importo com a
vida alheia; mas, assim como dizem que eu tenho a língua comprida, eu também
descasco o que sei, não tenho empenho de me calar. Não tenho papas na língua e
comigo só quem pode é Deus”. (fls. 149).
A Sinhá Billuca tinha um
ódio eterno ao cangaceiro Liberato, vivia escavando histórias e estórias a
respeito dele e, além disso, ainda, metia a dosagem de exagero para
infernizá-lo a vida. O ódio era tão grande sobre o cangaceiro, que fez uma
promessa, que no dia da morte daquele cangaceiro, ela ia de joelho, rodear a
igreja, recitando o rosário em voz alta.
Um dia desses que as coisas
inesperadas acontecem, chegou a notícia de que o cangaceiro Liberato teria sido
assassinato, logo esta notícia chegou à Vila e ao conhecimento de Sinhá
Billuca: “Grande foi a alegria que esta nova trouxe à Villa das Feras. Seus
inimigos soltaram foguetes, promoveram festas e expandiram-se cheios da maior e
mais estardalhante satisfação”. (fls. 244).
E continua o escritor a sua
narrativa sobre a notícia da morte do cangaceiro Liberato:
“A velha Billuca, no dia
seguinte, saiu para o Teixeira, destinada a pagar a promessa que fizera a Santa
Maria Madalena, pela graça alcançada com a morte de Liberato, tantas e tantas
vezes pedida”. (fls. 244).
A promessa asceticamente
bárbara, cujo cumprimento refletia e expunha aos olhos de todos, a crueldade do
seu coração e o fanatismo execrável do seu espírito: “De joelhos, teria ela que
rodear a igreja, recitando o rosário, em voz alta”. (fls. 246). Mais uma vez
repetida.
E realmente a promessa foi
paga, mas reação à atitude tresloucada de Sinhá Billuca veio no tamanho da
medida certa enviada por Santa Maria Madalena: “O sol de uma tarde abafadiça e
quente reverberava nas pedras da rua, na cal das paredes e no tauá dos
barrancos, atanazando a vista... A megera começando aquela devoção esquisita
atraía os olhares de alguns raros transeuntes e dos moradores, em torno do
templo... atentos lhe iam seguindo num êxtase de terror e a sua voz, voz
rouquelha da penitente, fazia eco no silêncio da tarde... __ Enloqueceu! Queriam
uns. __ Está arrependida! Pensavam outros.”.
“E ela continuava rezando,
rezando! Era mesmo, talvez, quem poderia saber? Uma consequência lógica do
acervo de maldades acumuladas, ansiosa pelo fechamento do ciclo de uma vida
longa onde qualquer manifestação esporádica de um sentimento bom, via-se em
breve sufocada em holocausto, maldades, também ansiando repouso”. “fls. 245).
O autor persegue na sua
narrativa daquele cenário místico/real aos olhos dos viventes: “Ela começara da
porta principal, dobrara o oitão sul e estava a vencê-lo quando ígneo zig-zag
corta o espaço no mesmo instante em o ribombo de um trovão de dezembro,
estalando no alto assinalado à queda de uma faísca que, resvaladia,
esbarrondando a cornija, fendeu a parede e estrepitosamente foi abrir a terra,
no próprio local em que a velha se achava, fulminando-a”. (fls. 246). “Ninguém
se aproximava do corpo da velha, exposto ao tempo... Não chovera apenas uma
neblina grossa acompanhara aquela tempestade esporádica. E o cadáver ainda permanecia lá, desprezado,
meio encharcado e só... O vigário lia o seu breviário, alheio ao acontecido,
quando o sacristão, de olhos esbugalhados, a respiração opressa, empalidecido
em agudíssima crise de covardia, lhe foi bater à porta: __ Um horror seu
vigário! Um castigo de Deus! Veja! Venha ver somente... e... Não continuou. As
palavras embargavam-se-lhe na garganta e no trambolho da língua grossa e
inerte... O padre fechou o livro e vindo até à rua, viu o corpo estendido. Saiu
incontinenti naquela direção e lá reconhecendo a morta, deduziu o que
aconteceu, persignou-se, fez uma oração mental. Em breve esclarecia-se-lhe
tudo. Quando menos cuidou, estava entre fiéis de rostos interrogativos.
Realmente, a morte da velha
Sinhá Billuca rendeu um amontoado de fofoca muito maior do que o tamanho de sua
língua que, ainda, hoje, há muita zoeira na redondeza de Teixeira.
Eis o resumo de uma
importante obra literária com o tema em voga do cangaceirismo no Nordeste,
mostrando interessantes fatos ocorridos antes do reinado de Lampião, que
servirá de aprendizado, por isso recomendamos a leitura.
João Pessoa, 04 de julho de
2017.
*Escritor
pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa PB
CANGACEIROS DO NORDESTE
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/04/2017 08:51:00 AM
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