FANATISMO
Severino Coelho Viana |
Por Severino Coelho Viana*
A princípio e a nosso sentir, com
fundamento nas nossas observações diárias, consideramos que todo e qualquer
forma de fanatismo caracteriza um desvio psicológico, por constituir uma adesão
incondicional a uma causa e abraçar um sentimento desmedido na base desta
adesão como se fosse a verdade absoluta, esquecendo-se de olhar para dentro de
si e ver os próprios erros.
Essa cegueira que causa a paixão leva os
fanáticos a comportarem-se, em certas ocasiões, de forma violenta e irracional.
Os fanáticos estão convencidos de que as suas ideias são as melhores e as
únicas válidas, pelo que menosprezam as opiniões contrárias.
O fanatismo se expõe de forma mais
contundente no campo da política, do esporte e da religião. É uma adesão
passional a uma ideologia, doutrina ou seita que vira a mente do indivíduo a
cometer sandices irracionais.
A ridicularidade do fanático por alguma
coisa ou pessoa só vê nela qualidade e a superestima numa exaltação
entusiástica. O fanático quando olha o lado inverso da moeda só vê defeitos,
combatendo-o com ódio implacável.
Um fanático não passa de um fabricante de
deuses ou de vítimas, por isso, são criadores de mitos.
O fanático se insurge até contra as
evidências, pela causa que está empenhado e aceita, apaixonadamente, o
sacrifício total, mesmo sabendo que a causa é perdida. Portanto, o fanatismo
apresenta afinidades marcantes com os fenômenos da histeria e do masoquismo.
A pior situação verifica-se quando o
fanatismo atinge uma dimensão social, isto é, quando se torna fenômeno
coletivo, podendo induzir um grupo ou um povo inteiro às mais impensáveis
loucuras.
Por conta disso, o fanatismo político
representa uma ameaça constante contra a democracia.
Enquanto isso, o observador da razão
assimila perfeitamente o fanatismo nos seus três sentidos: a) no campo do
esporte, sente como um absurdo de ideia; b) no aspecto religioso, analisa como
um pecado descrito na própria linguagem da Bíblia; e, c) no âmbito político,
compreende que não passa de uma aberração cerebral.
Por que o fanático não arranca de dentro
de si essa monstruosidade?
A psicologia afirma que o fanatismo surge
a partir da necessidade de segurança que sentem as pessoas que são precisamente
inseguras. Trata-se de uma espécie de compensação perante um sentimento de
inferioridade.
João Pessoa – PB, 10 de julho de 2017.
*Escritor pombalense e
Promotor de Justiça em João Pessoa-PB
FANATISMO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/10/2017 10:40:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário