O retorno da elite ao poder
José Gonçalves do Nascimento |
Por
José Gonçalves do Nascimento*
Ingênuo seria, a esta altura, achar que
o Aécio seria mantido fora do senado, ou que seria cassado, ou até mesmo preso.
Ingênuo é, igualmente, pensar que o Temer será punido por corrupção e que
perderá o mandato por votação na câmara e no supremo.
Há que se avaliar a conjuntura no seu
todo. Ocorre que após mais de uma década de governos populares, a elite
conservadora, finalmente, retoma o poder, e, com este, seu projeto neoliberal.
Aqui nos deparamos com duas visões
antagônicas de estado: o estado de bem-estar social, voltado para a promoção do
cidadão, em todos os seus campos vitais (saúde, educação, alimentação, moradia,
segurança, etc), e o chamado estado mínimo, que é quando o setor público
transfere para a tutela de agentes privados atribuições que lhe são próprias,
como aquelas há pouco citadas.
Atribuições que assumidas por tais
agentes privados, visam apenas ao lucro fácil. Aqui a prioridade é o capital e
não o social. Ou seja, o Estado a serviço da elite econômica e não a serviço do
povo. A preocupação desse segmento é com a bolsa de valores e não com o bolso
dos trabalhadores.
Congelamento de gastos públicos,
privatização de bens estatais, lei da terceirização, reforma da previdência...
Todas essas medidas atendem a esse projeto de estado conservador, elitista e
voltado para o interesse do grande capital.
Ora, os ministros do supremo, assim como
a maioria do atual parlamento pertencem a essa elite que agora retoma o poder e
que tem em Temer o seu mais legítimo representante.
Temer tem o compromisso de fazer a
transição, entregando o Estado aos ricos. E isso ele tem tentado fazer através
das “reformas”, mesmo sendo estas impopulares e desgastantes para o próprio
governo.
Não há processo contra corrupção que
barre esse projeto de poder e de estado em curso após o golpe de 16. Depois de
alguns anos fora do poder, as elites que governam o Brasil desde os primórdios
voltam ao poder e voltam para ficar. Não querem correr o risco que uma cassação
nesse momento poderia acarretar.
Só há uma saída: o povo nas ruas e o
voto. No próximo ano haverá eleições. Será o momento mais oportuno para se
mudar o curso das águas. Mas não esqueçamos: o poder econômico trabalhará com
todos os seus meios para eleger o máximo de candidatos que possam garantir os
seus interesses.
*Poeta e
Cronista
jotagoncalves_66@yahoo.com.br
O retorno da elite ao poder
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/01/2017 06:34:00 PM
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