CEGUEIRA
Severino Coelho Viana |
Por
Severino Coelho Viana*
A cegueira política não passa de um
trucidamento ideológico ao ideal democrático. Em nada contribui, pelo
contrário, só piora as relações sociais no âmbito político.
A nossa visão mental do nosso mundo
circundante deveria ser normal, realística e verdadeira, mas dependendo da
personalidade individual pode mudar a situação fática. Se for uma pessoa
olheira vê uma coisa e deduz outra que foge da realidade e passa a acreditar na
própria dedução, enquanto que a pessoa que enxerga de forma enviesada tenta
mudar a própria realidade dos fatos.
Fisicamente, portanto, a cegueira, nós
consideramos uma pessoa meio morta e meio viva, isto é, percebe as coisas pela
metade com a ajudar imprescindível de outros sentidos e pelo grau de
aguçamento.
Entretanto, cientificamente, a
delimitação de deficientes visuais, cegos e portadores de visão subnormal,
dá-se por duas escalas oftalmológicas: acuidade visual, aquilo que se enxerga a
determinada distância; campo visual, a amplitude da área alcançada pela visão.
O termo cegueira é relativo, pois reúne indivíduos com diversos graus de visão
residual e abrange vários tipos de deficiência visual grave. Isso não
significa, obrigatoriamente, total incapacidade para ver e sim prejuízo dessa
aptidão para o exercício de tarefas do dia-a-dia.
No nosso ponto de vista, a visão no modo
de análise dos fatos passa a ter seus ingredientes: ardentes, adocicados ou
salgados.
Os hipócritas estão caminhando todos os
dias do nosso lado com um disfarce de palhaço tonto depois da explosão do
calhambeque no picadeiro do circo. Aquele cenário que faz toda gurizada rir
para depois compreender que naquele picadeiro não é verdade!
Independentemente de religião, de crença
ou não, por uma questão de sabedoria humana, nós temos que reconhecer os
ensinamentos de Jesus Cristo estarão atualizados até o final dos tempos, por
exemplo, “Por que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, vós que não vedes
uma trave no vosso olho? Ou como dizeis ao vosso irmão: Deixai-me tirar um
argueiro do vosso olho, vós que tendes uma trave no vosso? Hipócritas, tirai
primeiramente a trave do vosso olho, e então vereis como podereis tirar o
argueiro do olho do vosso irmão”. (S. Mateus, cap. VII, v. 3, 4, 5.)
O homem de todos os tempos lê e não
deixa de fazer o contrário; sabe que é errado fazer julgamento, mas aborta
frases de prejulgamento a todos os momentos da vida. Um detalhe é importante:
não olha para dentro de si. O espelho de seu quarto está quebrado. O retrovisor
do carro só vê o rosto do motorista do carro que lhe acompanha. E olhe que não
ver a trave no seu olho, só tem olho de lince para o cisco no olho do vizinho.
Realmente, Jesus Cristo é o mestre dos
mestres, ensina o amor, a caridade, o perdão. É a própria sabedoria
personificada. Urge que seus ensinamentos precisam e merecem ser estudados à
exaustão porque quanto mais o tempo passa mais eles ficam atualizados.
Justamente, o ensinamento de Jesus
Cristo destina-se àqueles que têm uma trave, um pedaço de pau no olho e não
percebem. Em contrapartida, enxerga o cisco, que é bem minúsculo, no olho da
outra pessoa.
Se o teu olho não te enxerga! Por que vê
o cisco no olho do vizinho? Por que não sente o pedaço de madeira no próprio
olho? A tua trave faz seu olho enxergar de forma distorcida. Os papéis vistos
no álbum de figurinhas são trocados. Porque a tua trave faz com que mude as
cores e o tamanho natural das coisas. Pensa que o cisco no olho do vizinho é
maior que a trave que cega a tua visão.
Outro ditado de conteúdo semelhante é “o
pior cego é aquele que não quer ver”. Sabe como surgiu esta frase?
O pior cego é o que não quer ver. Diz-se da pessoa que não quer ver o que está
bem na sua frente. Nega que ver a verdade. Foge do verdadeiro. Inventa uma
mentira para si mesmo.
Historicamente, em 1647, em Nimes, na
França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D'Argenrt fez o primeiro
transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso para medicina
da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar logo ficou
horrorizado com o mundo que via, ou seja, o mundo real. Disse que o mundo que
ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O
caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e
entrou para a história como o cego que não quis ver.
Outro ditado que se aproxima do pior
cego e piora a situação, encontramos numa frase de Heloá Marques: "O pior
cego é aquele que não quer ver, ouvir, nem acreditar. O pior cego é aquele se
faz de surdo. Aliás, o pior cego não é cego, é burro !"
Tens razão, pessoas iludidas pela
mentira, dentro de um túnel escuro que não querem olhar ou saber da verdade.
Essa irônica frase é uma opinião de
impacto, geralmente é aplicada para pessoas irredutíveis, que não gostam de
saber e ouvir a verdade e até mesmo não aceitam a real situação das coisas.
Pois um cego por si só faz o possível para tentar imaginar e aceitar o mundo a
sua volta, diferente de uma pessoa que tem visão, porém, só vale o que ela
pensa, deseja ou quer.
Força de expressão!
João
Pessoa PB, 02 de agosto de 2017.
*Escritor
pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa PB
scoelho@globo.com
CEGUEIRA
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/02/2017 05:07:00 PM
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