O que ganhamos com isso? O Brasil que ficou menor!
João Costa |
João
Costa*
O que eu vou ganhar com isso? Esta é uma
consideração que os políticos brasileiros, em nível de câmaras municipais ou
federal, fazem antes de qualquer votação. E neste momento em que o Brasil
desistiu dele mesmo, a vitória de Temer é o fracasso do país que para manter um
governo acusado de corrupção, o povo paga e os deputados recebem; os mesmos de
sempre; a mesma moeda de sempre.
Já presenciamos momentos de medo em
nosso país, períodos vigorosos da nossa democracia e de autoestima da Nação,
agora assistimos o momento da vergonha.
A
última preocupação dos políticos na hora de um voto decisivo é com as
consequências na vida real da comuna ou do País. Foi uma vitória da corrupção
com folga: 237 disserem sim, duas abstenções, 16 faltas e 201 não.
Ao rejeitar a autorização para abertura
de processo contra Temer, os deputados deram-lhe uma sobrevida, exatamente aí
inclusos aqueles 140 deputados supostamente pagos para elegerem Cunha
presidente da Câmara com a finalidade de derrubar o governo Dilma, e que
empresário-corruptor Joesley Batista assegura que pagou.
O brasileiro frente às perdas de seus
direitos tornou-se mole feito macarrão cozido em excesso, a ponto de se tornar
aquele tipo de cão que “late do outro lado da cerca” – isso quando late, pois o
silêncio das ruas chega a ser criminoso.
Se alguém ainda espera que a Nação volte
à sanidade, perde tempo. Sabemos agora que a derrubada do governo Dilma nada
tinha de relação com a corrupção, prática agora comprovada pelos que estão no
comando do País; e corroborados pelo silêncio de entidades e organizações da
dita sociedade civil organizada.
Desconfio que se o brasileiro aceita candidamente
a precarização do trabalho, e perda de conquistas sociais, é “seu direto”, mas
também é seu problema. O Brasil, que sempre pareceu maior que seus governantes,
agora ficou assumidamente menor; muito menor.
Se o títere Temer é “repugnante”, “mau”,
de “lesa pátria”, “corrupto” (como denuncia o Ministério Público Federal), nós brasileiros
não estamos longe disso, que nos preparemos para os tempos perigosos e difíceis
que teremos à vista. A nossa “Servidão Voluntária” estará pronta para
tolerâncias muito maiores – sem revolta ou convulsões!
Relembremos do chamado “mensalão” em que
os deputados e partidos eram pagos para votar com o governo, uma acusação que
nunca se comprovou, tanto assim que o principal acusado, o ex-ministro Zé Dirceu,
foi condenado sem provas, mas com base na teoria do “domínio do fato”, um
recurso utilizado àquela época pelo ministro Joaquim Barbosa, eleito o herói
nacional. O mesmo papel hoje atribuído ao Savonarola de plantão.
Os deputados que salvaram Temer,
certamente endossam o ministro do STF que reduziu o Procurador Geral ao estágio
de “louco”, pelas acusações feitas contra o títere. Procurador este que afirmou
que “enquanto houver bambu haverá flechas”. Aguardemos a próxima denúncia. Ainda
não acabou!
Pois se “todo drama tem um paralelo, o
nosso, não; se toda tragédia tem limite, a nossa, não; mas o nosso ódio está em
gestação e já saiu do útero”.
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
O que ganhamos com isso? O Brasil que ficou menor!
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/03/2017 06:17:00 AM
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