Saudade
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
O que é saudade? Como sabemos esse
vocábulo não possui tradução literal em diversas línguas. Mas é a palavra mais
utilizada pelos poetas da língua portuguesa, principalmente, quando escrevem
sobre o amor, sobre momentos felizes e inesquecíveis, os quais ficam tatuados
na alma, fazendo com que o nosso âmago perenemente sinta vontade de revivê-los.
Contam que a saudade emergiu no Brasil
nos instantes de solidão dos portugueses que para aqui vieram, mas que jamais esqueceram
sua terra e seus familiares. À distância e a melancolia criaram a saudade. Ela
nos remete as lembranças de momentos felizes já vividos, contudo, deixa em nós,
estranhamente, a sensação de tristeza.
Para Mário Quintana, a saudade “é o que
faz as coisas pararem no tempo”. Certeza e acrescento que só acredito em
saudade de coisas boas e, por isso, temos que ter cuidado, haja vista que
devemos nos alimentar da saudade para relembrar instantes que nos trouxeram
felicidade, porém, não podemos deixar que a saudade nos domine, pois há o risco
dela nos paralisar nas lembranças desses momentos e aí nos levar a acreditar
que não mais somos capazes de viver outros instantes de regozijo. E aí a
saudade que inicialmente se vestiu de ledice, abruptamente nos conduz para o
antagônico mundo da desolação.
Na vida tudo tem que ter equilíbrio.
Viver a saudade também exige dosagem de autocontrole. Mas o importante é que a
saudade é fonte inesgotável de inspiração para os poetas, e, como diz Peninha:
“Saudade é melhor do que caminhar vazio”.
Devemos sempre matar a saudade, ou seja,
tornar as lembranças em momentos de alegria, mas nunca permitir que a saudade
mate a gente.
*Escritor
pombalense e Juiz de Direito
onaldorqueiroga@gmail.com
Saudade
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/20/2017 04:32:00 PM
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