Não é apenas por Lula – é pelo Brasil e por uma Justiça que julgue com provas e sem ilações
João Costa |
João
Costa*
Voltei a trabalhar no Sistema Correio de
Comunicação e, como boa consequência, a conviver com velhos companheiros de
jornalismo, entre eles Adelson Barbosa e, por empréstimo dele, lendo uma
coletânea de textos apócrifos da Bíblia) – especialmente os Evangelhos não
inclusos no cânone do atual cristianismo; confesso impressionado com o
Evangelho de Felipe – para refrescar a cabeça em um momento tão crítico como o
atual da nossa história; vésperas do julgamento de um recurso do Lula à uma
condenação baseada em ilações e sem nenhuma prova.
Em meio à leituras de portais, fontes de
“notícias falsas”, outros engajados; muitos empresariais e também propagadores
de “notícias falsas” ou mentira em estado puro; poucas verdades, centenas de
meia-verdades, intercalo com leituras do
texto do Evangelho Segundo Felipe, que faz parte da biblioteca Nag Hámmadi. De
repente, uma frase de Felipe sobre o papel de Jesus, de quem era apóstolo.
- “Há quem se mantém oculto graças aos que
estão manifestados”.
Malgrada comparação, quem se mantém
oculto nesse dito julgamento do Lula? Os manifestados são muitos; os
reverberadores ultrapassam os milhares.
O elemento oculto, nem tão oculto assim,
agora sabemos tratar-se do Departamento de Estado dos EUA (treinou juízes e
procuradores), que quer transformar Lula na “jóia da coroa” capturada da
América Latina. Só os néscios absolutos acreditam na Lava Jato como purificador
dos costumes políticos e como instrumento de combate à corrupção.
Manifestados estão seus tentáculos; a
mídia que sempre odiou Lula, a classe média que se acha elite, embora classe
social receptora e propagadora do rastrilho de ódio que já incendeia o País,
agentes de estado; o Judiciário como um todo – ou quase todo.
Tenho que
devolver os textos bíblicos apócrifos a Adelson depois do Carnaval, por isso
essa leitura tensionada.
O Evangelho de Filipe é
um evangelho de ditos, ou seja, uma coleção de sentenças encerrando grande
sabedoria, atribuídas a Jesus. A atribuição do texto a Filipe é
conjunturalmente moderna; Tal como se pressupõe moderna a Justiça – depositária
de coletânea de teorias e escritos que no conjunto favorece à condenação, ainda
que na ausência de provas; que condena com base no “domínio do fato”, ilações
formuladas por procuradores que não escondem suas “convicções”.
O País
vive um momento político em que a Justiça mantém pessoas presas até
arrancar-lhes a confissão; pronta para obter delações desejadas contra
aquele eleito inimigo; conduções
coercitivas e exposição de acusados acorrentados pelos pés, cinturas e mãos, em
demonstração de força e intimidação sob suposta cruzada anti-corrupção.
Tal como
o Tribunal do Santo Ofício não se trata do “caso Lula”, mas do “caso Moro”.
Este é o
espetáculo que assistimos. Não se trata do “caso Lula”, mas do “caso Moro”,
pois se a Justiça Federal do Rio Grande do Sul vai julgar apenas um recurso de
uma condenação estranha, também arrasta o Judiciário para o banco dos réus. Tal
como no Tribunal do Santo Ofício no século XII para a Europa e o resto do
mundo, este julgamento será um marco divisor da justiça brasileira.
Alguns
juristas apontam que depois de “bagunçarem” o Direito Penal”, os julgadores de
Lula estão determinados a “bagunçar” o Direito Civil. Confirmada a condenação
em segunda instância, quantos promotores e juízes espalhados pelo Brasil se
sentirão motivados a processos e condenações com base no “domínio do fato” e
condenações sem provas?
Primeiro
os políticos adversários; depois qualquer cidadão – é só esperar, pois as
condicionantes para que aconteça são colossais e com aval da Nação, que já foi decididamente
derrotada.
*João Costa é Radialista, Jornalista e Diretor de teatro,
além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de
Política do Paraíba.com.br
Não é apenas por Lula – é pelo Brasil e por uma Justiça que julgue com provas e sem ilações
Reviewed by Clemildo Brunet
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1/22/2018 07:26:00 AM
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