NOMES DE RUAS DE POMBAL: UM BREVE RELATO HISTÓRICO
José Tavares de Araújo Neto |
Por:
José Tavares de Araújo Neto*
No início do Período Colonial os
logradouros públicos (Ruas, Avenidas, Praças, Parques, Bairros, etc.) das
cidades do Brasil eram denominados em sua grande maioria por referências
geográficas, religiosas e comerciais.
Ainda no Período Colonial, além de
referências religiosas trazidas pelos portugueses e jesuítas, tem-se o início
de homenagens a personalidades político-administrativas (Tomé de Sousa, Mem de
Sá), heróis de conflitos indígenas (João Ramalho, na Confederação dos Tamoios),
de resistência (Felipe Camarão e Henrique Dias, contra os holandeses em
Pernambuco), e figurões exploradores como Domingos Jorge Velho, Raposo Tavares
e Fernão Dias.
A partir do Período imperial, iniciado
em 07 de setembro de 1822, os logradouros públicos começam a ganhar nomes das
realezas portuguesas e de heróis da independência e, mais tarde, de locais das
batalhas e de heróis da Guerra do Paraguai.
O recrudescimento de homenagens a
políticos acontece a partir do Período Republicano, iniciado em 15 de novembro
de 1889, tendo seu auge após o advento do Golpe de Estado denominado Estado
Novo, instituído por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937.
Na cidade de Pombal, a denominação de
logradouros públicos homenageando pessoas chegou após o advento do Estado Novo,
quando o município se encontrava sob o comando do Prefeito Sá Cavalcante
(1936-1940), ligado ao grupo do líder Político Dr. Queiroga, também conhecido
por Coronel José Queiroga, adversários dos getulistas, representados na cidade
pelos irmãos Janduhy e Rui Carneiro.
Por recomendação do seu líder maior, o
Dr. Queiroga, em 1940, o prefeito Sá Cavalcanti encomendou uma estátua do então
Governador da Paraíba Argemiro de Figueiredo e a colocou em pedestal na hoje
denominada Praça do Centenário.
O dia 16 de agosto de 1940 foi um data
marcante na história política da Paraíba. Os primeiros sinais vieram da cidade
de Pombal, quando logo cedo da madrugada, correligionários de Rui Carneiro
quebraram e deram sumiço aos restos da estátua do então governador Argemiro de Figueiredo.
Por coincidência ou não, poucas horas depois a Paraíba é surpreendida com a
notícia de que o Presidente Getúlio Vargas destituiu o governador Argemiro de
Figueiredo e nomeado o pombalense Rui Carneiro como interventor do Estado da
Paraíba.
Só com o advento da Lei 6.454, de 10 de
outubro de 1977, a legislação brasileira proibiu dar nome de pessoas vivas a
logradouros públicos.
A Praça do Centenário, antes denominada
Parque Barão do Rio Branco, também conhecida por Praça do Coreto, hoje tem o
nome oficial de Praça José Ferreira de Queiroga, uma homenagem a Dr. Queiroga,
aquele mesmo que teve a ideia de homenagear Argemiro de Figueiredo. Dr. José Queiroga
foi um dos integrantes da histórica Chapa dos Três Jotas, juntamente com Júlio
Lyra e o Cel. José Pereira de Princesa, articulada por João Suassuna em sua
sucessão no Governo do Estado da Paraíba e que foi vetada pelo ex-presidente
Epitácio Pessoa, o estopim do movimento armado que ficou conhecido como a
Guerra de Princesa.
O hábito de nomear logradouros públicos
com referências geográficas e detalhes marcantes, advindo desde o período
colonial, perdurou em Pombal até o advento do Estado Novo, ou seja, até 1940,
para ser mais preciso.
Antes as nossas ruas tinha os seguintes
nomes: Rua do Comércio, Rua Nova, Rua de Baixo, Rua do Cachimbo Eterno, Rua do
Giro (também conhecida por Rua Estreita), Rua da Aurora, Rua do Sol, Rua do
Rio, Rua Preta, Rua dos Roques, Rua do Rosário, Rua do Rói, Rua do Matadouro,
Rua da Bulandeira, Rua dos Pereiros, Rua do Guindaste, Rua da Cruz da Menina,
Rua do Cruzeiro, Rua da Cruz, Rua Nova Vida, Rua do Fogo.
FOTO RARA:
Esta estátua de Argemiro Figueiredo,
governador da Paraíba, que foi feita por encomenda do prefeito de Pombal Sá
Cavalcante para ser colocada na hoje denominada Praça do Centenário, na
madrugada do dia 16 de agosto de 1940, correligionários de Ruy e Janduhy
Carneiro, adversários do prefeito e do homenageado, roubaram, quebraram e
jogaram seus restos no leito do Rio Piancó.
*Engenheiro
Agrônomo e Escritor Pombalense
Enviado
pelo Professor José Romero Araújo Cardoso
Acervo de Foto: Verneck Abrantes de Sousa
NOMES DE RUAS DE POMBAL: UM BREVE RELATO HISTÓRICO
Reviewed by Clemildo Brunet
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2/23/2018 05:39:00 AM
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