O TEMPO PASSA, MAS AS LEMBRANÇAS FICAM
Ignácio Tavares |
Ignácio
Tavares*
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Terminada a leitura do livro escrito por Jerdivan, que tem como foco o Rói-Couro
de Pombal me senti remetido aos velhos tempos em que uma das diversões dos
jovens da terrinha era atravessar a linha do trem a fim de chamegar com as
mulheres, cuja profissão era expor suas entranhas a aqueles que ali estavam à
busca da prática de sexo não comprometedor.
Já havia lido outros livros do gênero
dos quais três me despertaram interesse. O primeiro que li, com gosto de quero
mais foi um clássico da literatura francesa, "Alegres Noites de Montmatre,
de autoria de Maurice Dekobra”.
Trata-se de uma obra que relata a
prostituição na França logo após da primeira guerra mundial, quando a crise
econômica levou milhares de jovens à prostituição a fim de livrarem da fome que
assolou o país totalmente destruído, jogando ao desespero milhões de
desempregados.
O segundo, não menos importante, foi
escrito pelo médico Paulo Soares, denominado, "No Tempo do Bar Pedro
Américo". Trata-se de uma obra que foca o submundo da prostituição na rua
Maciel Pinheiro e adjacência assim como os fiéis frequentadores do
ambiente.
Como na França, as cafetinas, cafetões e
os gigolôs eram os principais atores no mercado da prostituição consentida. O
livro de Jerdivan, embora retrate a prostituição numa cidade pequena, por
conseguinte de mercado pouco atraente para o comércio da carne, da mesma forma
as cafetinas e cafetões são os principais responsáveis pelo suprimento de
prostitutas a fim de manter o comércio firme e rentável.
Senti falta dos Gigolôs que atuavam como
protetores que ofereciam segurança, a um custo muito alto. Isso mesmo, além do
sexo gratuito, o gigolô apropriava-se de
uma parte do rendimento da noite a fim de custear o seu vício como jogador de baralho.
Na terrinha havia alguns gigolôs, mas
dois se destacavam pela valentia que ostentavam, portanto eram temidos pelos
habituais frequentadores do Roi-Couro. Refiro-me a Zé Sapo e Zé de Piô, que com certa frequência ameaçavam
os clientes de suas amantes. Os dois foram assassinados, justos por serem
valentes.
Agora, o foco da obra é uma bem feita
trama que envolve a história de amor de um jovem, indiferente às etiquetas da
sociedade, e uma jovem prostituta de rara beleza, mas com plena consciente da
hipocrisia de uma sociedade burguesa que só admite a união conjugal entre duas
jovens de sexo opostos de acordo com as formalidades da lei, pelo menos naquela
época. Parabenizo-lhe pela obra e espero que outras possam surgir, abordando
outros temas assemelhados...
*Economista e
Escritor pombalense
O TEMPO PASSA, MAS AS LEMBRANÇAS FICAM
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/15/2018 08:24:00 AM
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