País vive dilema para contornar o caos da forma correta, do modo errado ou à maneira do Exército
João Costa |
João
Costa*
A intervenção militar no Rio de Janeiro
causa espasmos na direita ensandecida; ojeriza na esquerda atônita e ilusão de
segurança ao povo de fácil manipulação. Nada mais é que uma etapa que sinaliza
uma eventual suspensão das eleições de outubro, pois os direitos e garantias
individuais ficam suspensos de forma legal e traz de volta o enigma da história
política brasileira. “Existem três meios de enfrentar o caos; da forma correta,
do modo errado ou à maneira do Exército”. Ou a conjunção desses três fatores.
Desde o evento Rio 92 - a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, Cúpula da Terra, que o Rio
de Janeiro sinaliza sua falência como estado e como cidade de status “cidade Maravilhosa”,
aquele evento marcou a inserção de tropas do Exército e da Marinha em situações
de crise, pós-Regime Militar.
O Exército em 1984
subiu o morro do Borel, para de lá descer sem resolver aquilo que se propunha –
combater o tráfico. Governava o Rio o PMDB, mas o poder já era do Comando Vermelho, e que ainda
hoje permanece intacto. Parte do PMDB carioca está hoje em presídios de Bangu;
Evangélicos governam a cidade e lideram
comunidade pobres.
Os governos Lula e,
pincipalmente da Dilma Roussef, foram incapazes de enxergar o futuro, deixando
passar oportunidades legais e conjunturais para uma intervenção federal não só
no estado fluminense, mas em outros da Federação, cujo pacto federativo já
estava em vias de decomposição
irreversível. O uso do pretexto para combater a violência urbana vale para
todos os governos. O tal republicanismo é
inútil em contraponto às forças da reação.
Este ato de intervir na
segurança do Rio, foi um golpe de mestre resultante das reuniões recentes e
nada secretas entre os irmãos Marinho e o títere do Palácio do Planalto.
Representa a fuga para frente de Temer. Imagine que o títere foi para TV falar
de crime organizado, ele mesmo denunciado por formação de organização
criminosa, obstrução de justiça, a corrupção.
Para enfrentar ou
conter a espiral de violência urbana no país, Dilma deixou passar oportunidades
mil, escudada no discurso frágil de respeito às instituições, que haveriam de
derruba-la anos depois, ou de preservação de estado de direito, mesmo diante de
uma sublevação visível, silenciosa, que virou ruidosa em 2013, e definitiva com
a sua derrubada em 2016.
Ao intervir na segurança do Rio, o Exército deixa de ser
elemento de solução para se tornar parte do problema.
Por um lado, o que
ainda resta de estado democrático de direito se esvai.
Por outro, ancorado
pelo poder midiático das Organizações Globo, já devidamente irrigado pela verba
publicitária catapultada, Temer surrupiou de Bolsonaro o discurso de ordem e
força, ódio de classe e medo de sangue na calçada. Não se surpreendam se
crescer em popularidade, aprovando, de arrastão, o desmonte da Previdência em
dias de ira ou acovardamento geral e de prisão do Lula.
Se veio pra ficar, esta
intervenção no Rio só se consolida se estendida, não por semanas, mas por um
longo período, o que prenuncia a suspensão do pleito de outubro, ou sua
realização com milhões de votos nulos, abstenções e ausência de candidatos de
esquerda, atualmente criminalizados, mas açodados na busca de uma saída conciliatória, seja
pelas mãos de Lula ou Ciro, de Requião ou outro qualquer.
Prenuncia e esvazia a
força fascista representada por Bolsonaro, que deve ser descartado pelos ditos
conservadores, que não vão precisar de um “capitão do mato”. Qualquer cenário
futuro é um desastre para a democracia e sentença de morte política para uma
esquerda (excluindo o Lula) que perdeu
referência popular e tenta ou se ilude com eleições livres.
O lulismo vai
permanecer mesmo sem Lula. Os partidos
de esquerda ou tomam o caminho das ruas ou ficarão alijados até da disputa
eleitoral. .
O desgaste do Exército
como instituição só ocorrerá se eleger o povo como inimigo interno – ele será
empurrado para isso; é preciso trazer o Exército de volta porque ele se fechou
ou foi abduzido, ou nunca deixou de ser um braço político das oligarquias
rentistas ou patrimoniais.
Quanto ao Judiciário,
se ilude quem ainda lhes confere representatividade ou fonte de crédito, inclusive
para julgar brigas de vizinhos ou de marido e mulher, quanto mais um pacto
social que está se rompendo ou já se rompeu.
*João Costa é
Radialista, Jornalista e Diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
País vive dilema para contornar o caos da forma correta, do modo errado ou à maneira do Exército
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/18/2018 06:58:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário