O silêncio da noite
Onaldo
Queiroga*
Onaldo Queiroga |
Quantos tipos de silêncio existem por
esse mundo Terra? São muitos e cruzei com diversos na caminhada da vida.
Lembro-me de um que o tempo adolescente
me apresentou. Estava eu em Pombal, era um sábado que amanheceu sob a ebulição
dos feirantes montando barracas, vendendo seus produtos, enquanto os camponeses
chegavam em seus cavalos e em camionetas. O sábado durante o dia sempre era
agitado, muito rebuliço e um frenesi intenso.
Mas a noite chegou e com ela um céu
límpido, estrelado e de Lua cheia. Com alguns amigos fui para uma festa e, por
volta das duas horas da madrugada, fui para a casa do meu avô. Saí pelas ruas
andando sob o silêncio da noite. O agito quedou-se diante do sossego noturno.
Portas e janelas fechadas, guardando sono, sonhos e eu ali, lentamente
caminhando ao som do silêncio da madrugada.
A cidade dormia povoando instantes de
reflexões, pairava tranquilidade e paz, mas também havia o sopro do medo da
sombra da quietude. Foi ali, que comecei a prestar atenção ao silêncio, ao
tempo em percebi que ele mexe com o homem, notadamente quando diante da
quietação da noite, onde o desgradável medo pode adoecer a alma.
Já outros, vivenciam a insônia, filha do
silêncio da noite, e passam noites e noites a enfrentar dificuldades de abraçar
o descanso. Uns assistem filmes, com a inseparável pipoca; outros navegam na
internet e tem aqueles que buscam no silêncio reflexões sobre a vida, agendando
no pensamento o que fazer no futuro amanhecer. É bem verdade que esse
enigmático silêncio conduz termor, mas, é preciso senti-lo como um momento em
que podemos conversar com Deus. Assim seja.
*Escritor
pombalense e Juiz de Direito
onaldorqueiroga@gmail.com
O silêncio da noite
Reviewed by Clemildo Brunet
on
3/11/2018 06:31:00 AM
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