Vagões da vida
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
Na estação primeira da minha vida, julho
de 1966, entrei no primeiro vagão do trem do tempo que Deus me reservou. Era o
vagão da infância, que deslizava sobre trilhos banhados pelo céu azul do sertão
paraibano, onde ali abri os olhos da inocência.
E lá foi o vagão, puxado pela máquina da
origem, pelos trilhos da vida que só nos leva adiante e nunca volta. Da janela,
belos cenários avistei: Nas margens de um rio, meninos jogando bola; outros
águas de um açude, molhando corpo e alma, enquanto outra criança testando a
elevada envergadura de um galho de uma goiabeira, sentado acenava e se
deliciava comendo goiabas. Mais adiante bicicletas e crianças, no correr sem
medo em busca de aventuras.
E lá foi o vagão, passou por jardins do
amor, do cuidado e dos primórdios ensinamentos para o caminhar pela longa
estrada da vida. Quando dei por mim, já estava num outro vagão, de horizontes
inquietos, de mudanças, desafios e de rebeldia. Era o vagão adolescente, do
engrossar da voz, da paquera, de tantas descobertas e do lutar, sem temor, pela
conquista de tantos sonhos.
Mas o trem não para, e logo estávamos
num outro vagão, o da maturez, onde a natureza do prelúdio tempo adulto é
impulsionado pela ideia do aprimoramento, do conhecer a cautela, a
responsabilidade e os compromissos. Época que no seu avançar viabiliza a
renovação das energias, que permitem o aperfeiçoamento de condutas para o
enfrentar contínuo de intempéries a serem vividas a cada momento restante do
trajeto existencial.
A viagem é rápida e após os cinquenta
anos, o retrovisor nos mostra que cada ato praticado interfere no roteiro. Se
coisas ruins perpetramos, aproveitemos o instante seguinte, para o bem
realizar, a esperança renovar e a fé em Deus eternizar na criança que ainda
habita em nosso âmago.
*Escritor
pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível em João Pessoa-PB
onaldorqueiroga@gmail.com
Vagões da vida
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/24/2018 07:22:00 AM
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