Tempo crepuscular
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
Passos lentos e olhar distante. Aqueles
cabelos brancos pintados por um caminho infindo já percorrido. Veredas de
inúmeras lutas, de pedras e esquinas, tristezas e alegrias, mas transpostas até
chegar ao tempo crepuscular.
Uns intitulam esse período da vida de
"boa idade", contudo, nem sempre nessa fase vive-se coisas boas. A
história tem demonstrado que o olhar do homem é desatencioso com os idosos.
Eles convivem com o esquecimento e a solidão. Tanto carinho, cuidado com os
seus, a luta como provedor de toda uma prole, na grande maioria das vezes não é
correspondida na velhice.
Sob o frágil argumento de falta de
tempo, àqueles que outrora foram beneficiados com atenção despendida por pais e
avós, se negam, agora, a promover, no tom da reciprocidade, os cuidados, o zelo
e a paciência que eles necessitam e merecem. É duro no fim da estrada sentir
dos seus o descompromisso com quem tanto lhe ajudou na vida. Alguns entregues
em abrigos, outros largados pelas ruas e, ainda, tantos sob a espera de um
olhar côrtes, amável e de auxílio da família.
Um ponto comum é que todos sempre estão
no aguardo que alguém reserve um pouco de tempo para um mínimo de atenção. Numa
fase onde o corpo mostra-se cansado e as energias não são mais as mesmas, os
olhares prospectivo lembram de um mundo que não volta mais.
Jovem, o homem acredita jamais
envelhecer, por isso, comete tanta ingratidão com os mais velhos. Esquece que
um dia será idoso e conhecerá a lei do retorno. O tempo não repousa, segue em
frente e veloz. Dedique-se para se fazer presente na vida de seus pais e avós,
dando-lhes amor, pois na esquina seguinte, o tempo pode levá-los e aí será
tarde demais, pois não há lágrimas e arrependimento que os tragam de volta. Bom
é envelhecer e ser amado!
*Escritor
pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB
Tempo crepuscular
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/14/2018 09:04:00 AM
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