A NATUREZA DE DEUS

Severino Coelho Viana

Por Severino Coelho Viana*

A pergunta é: Deus existe? Para os ateus, não! Para os crentes, sim! A segunda pergunta: você acredita ou não acredita? A terceira pergunta: Você tem fé ou não?

Começando responder pela segunda questão que se complementa com a resposta da terceira. Nós compreendemos que o ser humano necessita acreditar em alguma coisa: na coragem, no ideal, no amor. Por sua vez, a fé se manifesta de diversas formas no corpo, na mente, no coração e na vida de quem carrega esta virtude espiritual. E, sobretudo, os principais reflexos se dão na vida emocional do ser humano. É a fé que mantém os fiéis envolvidos e motivados em suas crenças e práticas religiosas. Neste ponto, há um consenso de que o termo fé quase sempre remete a Deus, ao Criador, ao Messias, a Jeová, a Alá ou qualquer outra divindade que tenha o amor como estandarte de defesa. O exercício da fé estabelece o elo do ser racional e um relacionamento com outro elemento real ou subjetivo. Essa relação é mantida por uma comunicação conhecida como a oração, a prece, a reza, a súplica, o pensamento.

Tentamos discorrer um pouco sobre a existência de Deus ou esta força de luz regente do universo que se torna uma questão polêmica pela corrente que se considera ateia, logo colocando em pauta o nosso sentimento de subjetividade no âmago da questão.

A nossa lógica humana é tão clara que afasta a escuridão mental.

Nada é por acaso, tudo tem uma razão de ser. Nós passamos por vários momentos de turbulência e de felicidade na nossa existência humana. Ante a estes contrastes, nós sentimos a presença de uma força superior que rege a natureza, quando Deus se faz presente nas nossas vidas.

A nossa sentir, pela nossa própria experiência existencial, o contato com a natureza se faz necessário para manter em ordem a nossa saúde física, mental e espiritual. Ou seja, está bem consigo mesmo!

Nós podemos sentir a presença do Criador universal por meio da natureza quando nos deitamos num gramado e observamos os desenhos das nuvens flutuantes e vemos as formas e as estruturas marcadas pelo pincel do Criador que se formam linhas e detalhes artísticos impressionantes dando um tom azul do céu que nos faz cair no êxtase da paz Divina tomando conta do nosso corpo, do nosso espírito e da nossa mente.

Assim é a nossa vida existencial comparada a um rio caudaloso depois de passar pelos tormentos da ribanceira e no final abraça o mar, este é um ato de amor por ter cumprido os seus desígnios.

Deus existe ou não? Para os crentes de bom coração, Deus existe sim! A prova de sua existência está no sentimento do nosso pensar e na sensação de vida que os raios de luz da natureza nos presenteiam na nossa vida cotidiana.

A vida humana e os mistérios da natureza são exemplos comprovadores da existência Divina, não precisamos de ensinamentos aleatórios que tentam negar a presença do Criador diante da força poderosa do universo e daquilo que sentimos nos momentos calamitosos de cada vida, logo percebemos a expressão clarividente de Deus: no amor, na inteligência humana, no significado de uma obra de arte, na vastidão do céu azul, no sorriso encantador da criança, na beleza da natureza, no brilho da luz universal, na complexidade que emana dos enigmas dos reinos: mineral, vegetal e animal.

Este poder de observação foi consagrado a todo ser vivente que não precisa ler livros indecifráveis, bastando fazer uma simples leitura que nasce da parte mais íntima do seu coração. Faça a sua própria experiência, ao amanhecer do dia, e, assim procedendo, quando acordar, quer seja olhando os primeiros raios solares que despontam na cabeça da serra do pequeno lugarejo, quer seja sentado à beira-mar de uma praia paradisíaca cuja água escorre até a areia, banha seus pés e você contempla o sol nascendo de dentro das águas do mar e deixa aquela visão paisagística de um novo dia, mostrando um reflexo de plena sabedoria.

À tarde, o sol aquece as nossas vidas dando dinamismo a nossa labuta diária, que no contorno das controvérsias existenciais, ultrapassamos o estresse, sentimos e aliviamos os temores, secamos o suor que molha a nossa testa, superamos as tristezas, sendo recompensados pelo sorriso da alegria.

À noite, quando o luar prateado traz inspiração aos poetas, as estrelas indicam as moradas celestiais e nasce a promessa alvissareira da estrela dos vivos. Elas são os olhos de Deus iluminando a nossa caminhada, isolando os dissabores e afugentando as intempéries do mal olhar.

O Criador que segue a risca o seu código de leis universais, no âmbito do reino mineral amolda da pepita encontrada no tabuleiro ao resplendor lapidado da esmeralda azul; no reino vegetal mostra a beleza da flor e deixa o exalar do aroma incandescente; se estiver no meio de uma floresta fechada, nós captamos os sussurros da voz de Deus; no reino animal deu o dom do canto mavioso aos pássaros que aprenderam a conviver com a fúria das feras bravias. Ao homem, o Criador concedeu o dom da inteligência cujo deleite é extravasado na inspiração do poeta.

O Criador cuida do corpo humano para livrar do perigo iminente e ao mesmo tempo Ele é o guia da alma para recompensá-lo com o reino dos céus. Deus é luz!

A presença do Criador não precisa de comprovação científica, justamente, porque tudo que aconteceu e acontece na natureza faz parte do planejamento Divino: basta olhar para uma bela paisagem, sentir a melodia de uma canção inesquecível, fazer a interpretação de uma poesia imorredoura, olhar para pingo d’água caído na folha da relva, contemplar um arbusto no topo da colina, abraçar com seu coração a sombra de uma árvore frondosa, tentar decifrar os raios solares, perceber o brincar das estrelas no seu rosto, pois tudo isso é a harmonia da natureza feita por Deus!

A natureza é uma obra prima criada por Deus!

João Pessoa - PB, 02 de dezembro de 2018.

*Escritor pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa PB

scoelho@globo.com