Nem tudo está perdido
Genival Torres Dantas |
Por Genival Torres Dantas*
O antes insensato Presidente
Jair Bolsonaro hoje encontra dificuldades até mesmo para visitar uma
Universidade, caso específico ocorrido ontem quando estudantes da Universidade
Mackenzie fizeram manifestação de apoio e contrários, fazendo o Presidente abortar
sua ida, 27/03, em ato de demonstração de acuidade as manifestações populares.
Nesses últimos dias de março a situação anda sobejamente agitada na Praça dos
Três Poderes, em Brasília.
Quem não entende alguma coisa
de política e podres poderes certamente está achando que estamos vivendo o
presságio do fim do mundo, o que é mais triste, é a certeza que essas avenças
de fundo ideológico só estão ocorrendo por absoluta falta de tato e excesso de
desplante daquele que exerce a função de mediador do País interna e
externamente, Presidente Bolsonaro.
O Senhor Jair Bolsonaro
derrotou seus oposicionistas de uma forma brilhante e insofismável, com mais de
10 mi superior ao seu adversário do segundo turno, num universo de
aproximadamente 100 mi de votos, portanto, grande apoio popular. Estava ali configurado
o respaldo que o mito precisava para calar a boca dos anarquistas da esquerda
brasileira. O popularmente conhecido como Capitão, essa é sua origem, depois
ficou por 28 anos na vida pública só na Câmara dos Deputados.
Como se diz entre os jovens,
chegou chegando, montou um ministério com nomes de civis de relevantes serviços
prestados, mesclou com militares da reserva, prestigiando a classe de tantos
desprestígios teve em governos anteriores, fundamentalmente no governo de
Fernando Henrique Cardoso, talvez até por revanche ao movimento de 64 e seu
entorno, com exceção do Ex-Presidente Temer, dos últimos quatro, todos foram
atingidos pelos Atos Institucionais aplicados no governo de exceção, 1964/1985.
O Presidente Jair Bolsonaro, no
alto do seu prestígio achou que governar uma nação seria tão fácil quanto
tuitar nas redes sociais, pensou ele: se ganhei a eleição pelas redes sociais
vou continuar nessa prática que será um exercício novo de governo e ficarei na
fronteira dos retardados nessa corrida. Ledo engano, quanto mais o presidente
se comunicava, naquela modalidade, local onde muitos navegam enquanto outros naufragam
e mais farpas eram lançadas contra a oposição, e envaidecido da sua condição de
atirador de elite, não se fez de arrogante, partiu para o confronto até mesmo
com aliados, mirando inclusive seus dois Super Ministros, Justiça e Economia,
falando exageradamente foi se complicando e tornando as coisas para sua
administração mais desastrosa.
Em determinado ponto,
Ministros, Líderes na Câmara e Senado se transformaram em bombeiros do
Planalto, cada fala do Presidente era uma correria para contornar as
consequências maléficas nos enunciados. Muitas vezes antecipando possibilidades
de novas redações em projetos, cartas marcadas para discussão dos ministros
junto ao Congresso, dessa forma, tornando inviável qualquer negociação futura,
em outras ocasiões, desautorizando auxiliares, impondo demissões ou não
contratações, numa fronte de verdadeiro escarnio aos seus correligionários,
indo de encontro a quaisquer noções básicas de psicologia, quando temos que
elogiar em público e criticar no reservado. Pensamento basilar nas relações
humanas.
Assim o Senhor Presidente foi
destruindo seu próprio caminho, criando empecilhos, formando adversários com
atos e palavras, tudo que parecia fácil de articular e executar foram se
atrofiando, ficando complexo, seria suficiente o Presidente não ter feito nada,
nem mesmo de dizer nada, fazer um voto de reclusão, sem nem mesmo falar nada,
apenas seus auxiliares operando, certamente a situação seria outra.
Sabemos, recuperar é mais
difícil que conseguir crédito, portanto, a situação do Presidente da República está
ficando dramática, com sua popularidade caindo, dólar subindo, o Congresso
Nacional com suas casas e líderes não querendo fechar acordo para aprovar o
projeto da reforma da Previdência e até mesmo o do Ministro da Justiça sendo
questionado, numa visível retaliação à política de Jair Bolsonaro que não quer
a prática do dando que se recebe, antigas práticas dos governos anteriores.
A última posição tomada pelo
Presidente é no mínimo antipática, querer que o País comemore o dia 31 próximo
pelo transcurso de aniversário da revolução de 64, é querer cutucar onça com
faca curta, há controvérsias políticas nesse assunto, com duas correntes
defendendo suas ideologias, temos o maior respeito pelos militares, somos
gratos por eles terem evitado que o Brasil caísse às mãos da esquerda
inconsequente, cujos exemplos estão bem próximo como Cuba e Venezuela, duas
nações de triste presente, com certeza estaríamos amargando uma profunda crise
de difícil solução.
Ainda acredito na reabilitação
do crédito do Senhor Presidente, para tanto, se faz necessário que ele passe a
operar com razoável senso de controle, limitando-se aos pronunciamentos
oficiais, renunciar ao mundo virtual e opiniões subjetivas, podendo tuitar, se
for um vício o que é lamentável na idade dele, formando grupos restritos de
apoiadores e seguidores, sem participação geral e irrestrita como vem fazendo.
Sair do marasmo em que se encontra na aprovação dos dois projetos em curso na
Câmara, antes conseguir adesão suficiente a esses dois monstros em que foram
transformados os projetos, partir para outras pautas positivas.
Trabalhar em silêncio, tocar as
trombetas antes da vitória é coisa da destemperança. Apresentar os pecados que
serão transformados, nunca os pecadores, se não respeita os revestidos em suas insígnias,
pelo menos respeite os homens honrados, esses não precisam de indumentárias já
nascem envoltos. Não se esqueça dos mais carentes, eles são os mais
necessitados, não do olhar caridoso, mas, da mão que afaga do Estado, reconheço
o papel daqueles que até não sendo seu eleitor convicto, sou um deles, votei
por exceção, não releve a necessidade dos contrários, afinal, somos todos
irmãos, filhos da mesma Pátria e do mesmo Deus. Senhor ilumine todos nós.
*Genival Torres Dantas
Poeta e Escritor
genivaldantas.com.br
Nem tudo está perdido
Reviewed by Clemildo Brunet
on
3/30/2019 10:55:00 AM
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