Não existe sucesso eterno nem artistas para sempre
Quando diminuímos a decepção
que as pessoas têm por nós a vida torna-se mais palatável e tornamos os valores
que respeitamos mais acessível aos nossos interlocutores. Seguindo esse
pensamento tenho meditado muito a respeito do que tem acontecido nos últimos 60
anos, a juventude foi transviada, musicalmente falando, passamos por um
processo de grandes festivais, a tolerância entre os jovens e os mais maduros
teve uma evolução dentro da razoabilidade.
Quando nos remetemos a um
passado recente, imaginamos que a Garota do Roberto, a Valdirene, deve ser avó;
O Trio Esperança por desesperançar de tanto ver o filme triste não trilhou por
caminhos mais alegres dentro da MPB; A Mesma Praça do Carlos Imperial e
imortalizada por Ronnie Von, nada é mais igual, já não é mais point nem mesmo
visitada por namorados que trocavam juras de amor, hoje é um local pouco
iluminado retiro de moradores de rua se acomodando do frio e da chuva noturna.
A Moça Feia não mais
debruçou na janela, pois, ficou certa que a banda não tocava para ela, pura
ilusão como é a própria vida, aqui fica o registro de preconceito por um dos
mais ilustres poetas da nossa língua, Chico Buarque, talvez até por querer
apenas rimar sem ofender; Disparada ficou na memória de todos nós como uma
música dos tempos de protesto, assim como Para não dizer que não falei das
flores, do mesmo compositor, Geral Vandré, no tempo do Regime Militar.
Domingo no Parque já não tem
o mesmo encanto, José e João não aparecem mais, até mesmo seu criador Gilberto
Gil se esqueceu de lembrar-se dos velhos tempos, Qualquer Coisa, como afirmar,
Sou o Seu bezerro Gritando Mamãe, já não se escuta mais, Caetano enveredou por
veredas tropicais; A Garota de Ipanema já tem mais seus encantos, Vinícius de
Moraes e Tom Jobim, seus criadores, estão em outras praias e local incerto e
ignorado.
Até mesmo aquele que era
apenas Um Rapaz Latino Americano, Belchior, não suportou a ausência da terra
amada, em outros cantos distantes desapareceu por encanto; do Porto Solidão
partiu Jessé levando na bagagem toda sua inteligência interpretativa nos deixando
saudosos das suas lembranças; por fim, a nossa pimentinha Elis Regina cantou
tanto o Bêbado e o Equilibrista, do João Bosco, que desequilibrou no palco e
prematuramente foi em busca de outros aplausos.
E para nós o que sobrou da
MPB, com raríssimas exceções, somos obrigados a conviver com um movimento de
música ruim, de péssimo gosto, sem nenhum poder de criatividade. Estamos
expostos a ouvir conjuntos sem ritmos, cantores e cantoras que representam o
fino da desafinação, pouca voz e qualidade de composições duvidosas.
Espero que estejamos no
fundo do poço, em termos de MPB, que surja novos talentos para trazer novo
alento musical, dizem que quando a coisa está ruim é que algo de novo e de bom
pode surgir, assim esperamos e torcemos.
Genival
Torres Dantas
*Poeta
e Escritor
genivaldantasrp@gmail.com
Não existe sucesso eterno nem artistas para sempre
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/14/2019 05:25:00 AM
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