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Nós e a vergonha de sermos o que não deveríamos ser




Genival Torres Dantas*

Para entender um pouco o comportamento dos nossos contemporâneos, muitas vezes, se faz necessário recorrermos ao passado e trazermos ao presente determinadas situações para termos parâmetros de comparação. Tenho aprendido muito com os erros e acertos da humanidade, e os erros e acertos são relativos, dependem de quem os julga, em que tempo e lugar, não há uma lógica sequencial.

Quando tratamos, sem discussão, de Deus, somos levados a medir o amor e sua dimensão entre os humanos, nada melhor que recorrermos a três contemporâneos anteriores ao maior pensador cristão que é o próprio Cristo. Refiro-me ao Sócrates, Platão, e Aristóteles, os três tiveram uma sequência uniformizada e quase que paralela, muito embora de pensamentos bem distintos e claros, buscavam sempre os mesmos princípios, mas de formas diferentes sem serem estanques.

Sócrates teve a felicidade de ter, principalmente, o Platão como guardador do seu pensamento oral, pois nada escrito foi deixado pelo Sócrates, portanto, fundamental foi a existência de Platão em sua vida, mormente nos Diálogos de Platão, escritos onde Sócrates fala ao mundo toda sua capacidade imaginativa, criativa e filosófica.

Quando Platão já estava se distanciando da sua escola, o Aristóteles tinha sido seu discípulo, tentou seu sucessor em Atenas, entretanto, foi preterido pelo fato de não ser Ateniense. Partiu para outras terras e foi o orientador de Alexandre o Grande, Imperador que veio a ser o conquistador, dentre suas conquistas estava Atenas, facilitando o regresso à terra da cultura e lá Aristóteles montou sua própria escola.

O mais curioso é que os que temos da cultura Aristocrática são escritos que a humanidade herdou dos seus alunos e seguidores, assim como Sócrates, ele nada deixou escrito para a posteridade. Dois milênios e meio depois surge Immanuel Kante, prussiano que desponta como filósofo, considerado o principal da era moderna, operador da epistemologia, não confundir com Epistomologia. Estudioso da física, matemática, ciências naturais e exatas.

Kant é sem dúvida um grande pensador, quando alguém pergunta como estudar a obra dele, a resposta é sempre a mesma, se você conhece os princípios preconizados por Aristóteles, certamente não há de estudar o Kante, pois, ele representa o inverso de Aristóteles, com um agravante, ambos seguem trilhas diferentes pregando os mesmos objetivos filosofais.

Não é contraditória essa afirmativa, mais uma colocação, se você insiste em buscar a própria leitura do Kante, não precisa ler uma obra completa, serão suficientes poucas páginas, mesmo porque, a leitura do pensamento Kantiano é de difícil acompanhamento, ele se expressa de maneira lacônica e profundamente intrigante, é preciso muita paciência e concentração para se tirar o máximo dos seus textos.

Trazendo esse conceito básico de apenas quatro pensamentos e colocando no nosso momento político é interessante como a história pouco evoluiu principalmente o comportamento dos seus executores, continuamos os mesmos, apenas mais vazios, tóxicos, embromadores e antes de tudo, mentirosos.

Temos grande dificuldade de aceitarmos como correta a posição de muitas pessoas que conduzem o destino de uma Nação, explicitando, logicamente, a nossa realidade. Saímos do Governo, depois de 16 anos de angústia, deplorável, embusteiro, corrupto por convicção histórica, perdulário e incompetente por excelência.

Entramos em novo tempo, de nova corrente política, por enquanto, tirando a corrupção sistemática que vem sendo peculiar nos últimos tempos, temos sentido que a mudança tem sido muito pequena. No Executivo o Presidente que preconizou um novo tempo que viria em sua gestão, verifica-se um verdadeiro engodo, ele que garantia um novo comportamento, quando seria sepultada a filosofia do “toma lá dá cá”.

Realmente as palavras não se transformaram em ação, primordialmente quando o assunto é em defesa dos seus privilegiados, como é o caso de dois dos seus filhos, com problemas junto a Justiça Federal, caso específico do Senador Flávio Bolsonaro e o caso Fabrício Queiroz, que vem se desenrolando por muito tempo agora com a interveniência da PGR sugerindo a mudança do caso para a esfera federal, pelo fato do assunto ter ocorrido enquanto ele era deputado estadual, no Rio de Janeiro, hoje ele é Senador, com fórum privilegiado.

Nesse caso teve a interferência do Presidente do STF, suspendendo toda e qualquer ação no caso do Senador citado, atendendo uma ação da Defesa do advogado do Flávio Bolsonaro. Existe outa situação que vem sendo motivo até de piada no meio político, a indicação de outro Filho do Presidente Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, ao cargo de embaixador do Brasil nos EUA, cargo pretendido por muitos senhores de larga experiência e preparados ao cargo. Não sei se o Jovem deputado tem toda essa carga intelectual e emocional agregadas para responder por um cargo tão importante na a República.

O que temos acompanhado que há uma pressão fora dos padrões normais, sobre os senadores que vão julgar o parecer e aprovar a indicação, quando assim foi feita, até agora é pura informalidade ou conjecturas, para tanto, o “toma lá dá cá” teve sua reintegração usada com a finalidade dessa benesse. Caso o tema seja verdadeiro, cai por terra toda a confiança que o brasileiro comum votou e depositou no atual Presidente. Jogando por terra a pouca confiança que ainda existia no nosso Capitão.

Levando-se em consideração o comportamento do nosso Judiciário, com o crédito minguado por parte de alguns membros que compõe o STF, tão criticado por tantos. Juntamente com as atitudes do Congresso Nacional, aqui representados pelos dois presidentes da Casa, Rodrigo Maia (DEM/RJ), Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre (DEM/AP), Senado e Congresso, tentando, por lei, repassar aos seus filiados políticos, cota superior ao estabelecida em 2018, que foi de R$ 1,7 bi, para eleição do próximo ano, valor superior a R$ 3 bi, em termos de fundo partidário.

Ademais, entendendo que somente isso já é deprimente para um Poder da República, temos mais agravantes, como: querem o os candidatos ou eleitos tenham suas despesas com honorários advocatícios pagos pelo fundo, sem limite de despesas, ou seja, verdadeira caixa 2 na veia, uma descompostura às claras.

Quando, no preâmbulo, citados os quatro filósofos e pensadores, além de cristo, não foi com intensão de traçarmos parâmetros com nosso políticos, esses referenciados e atuais, são figuras incomparáveis em qualquer circunstância, tempo e sociedade.

Genival Dantas

*Poeta, Escritor e Jornalista

genivaldantas.com
Nós e a vergonha de sermos o que não deveríamos ser Nós e a vergonha de sermos o que não deveríamos ser Reviewed by Clemildo Brunet on 9/20/2019 05:53:00 AM Rating: 5

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