Os Três Poderes Parecem mais Anomias Aviltadas
Genival
Torres Dantas*
Estamos verdadeiramente numa
semana típica brasileira, a embaixada da Venezuela em Brasília invadida por
simpatizantes do presidente autoproclamado Juan Guaidó, ato foi barrado por
membros da embaixada em companhia de deputados da esquerda brasileira,
componentes do PT e PSOL e PCdoB. Essa situação quase cria embaraço para a
Diplomacia Brasileira, pois, ao mesmo tempo, o Itamarati recepcionava membros
do Grupo do Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul,
na 11ª reunião de seus membros. Sabemos que Rússia e China são simpatizantes do
regime de Nicolás Maduro, o ainda ditador da Venezuela. Depois de 12 horas de
negociações o impasse foi resolvido para alegria de todos, quase uma saia justa
para o nosso governo.
O Presidente Bolsonaro recepciona
seus convidados, mesmo transparecendo um pouco de nervosismo, ele era anfitrião
e um dos membros dos cinco Países representantes de 42% da população mundial,
reunidos para discussão de temas importantes para a política, economia e
assuntos relacionados para a estabilidade financeira e avanço no tema de
redução dos poluentes industriais que sufocam o planeta terra. As primeiras
rodadas de negociações, bilaterais, ocorreram conforme o anteriormente pautado,
o Brasil ofereceu almoço para seu parceiro comercial, China, figura em primeiro
lugar nas exportações brasileiras, respondendo por 27,8% das nossas exportações
e 20% das importações que fazemos, neste ano de 2019, até agora temos um
superávit de US$21.5 bilhões, portanto, números expressivos para nossa balança
comercial.
A proposta dos dois Países,
Brasil e China, de formarem uma área de livre-comércio, do lado brasileiro o
assunto é negociado pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, apesar do seu peso
político nas negociações, não podemos esperar um final positivo de imediato,
temos muitas questões em foco, em primeiro lugar temos acordo no Mercosul que
serve de redutor comercial, pois País membro da organização (Mercosul) é
impedido de fazer tratativas comerciais individualmente com outros Países que
não sejam membros da organização.
Claro que não é nenhuma cláusula
pétrea da Constituição, entretanto, trata-se de um vetor colocado para segurar
qualquer crescimento comercial para o mercado externo que não seja acordado
pelos demais membros, não farei questão de juízo por não ter lido todo teor do
documento concernente ao objetivo firmado. Mais ainda, há o risco de servos
invadidos por mercadorias chineses, principalmente produtos produzidos nos navios
indústrias, com baixo custo de mão de obra e frete inexistente, é um alerta
dado pelos comerciantes e industriais do Brasil.
Ademais, outros acordos estão
sendo firmados além da China, há interesse do Brasil abrir suas fronteiras
comerciais com vários e países, congregados ou não, inclusive está pleiteando
fechamento de negócios com o mercado com a União Europeia, ainda, desde julho o
Brasil vem negociando, oficialmente, para fechamento comercial com os EUA. A
teoria do livre-comercio é salutar, trata-se de um fundamento do marketing –
não devemos ficar restrito a poucos clientes, ou blocos de consumidores, quando
acontece rompimento nas negociações há o risco de perder parcela importante do
faturamento, se há fatiamento de mercado, quando se perde um cliente, trata-se
um elo da corrente, portanto, pequena parcela, factível de recuperação mais
rápida.
O Brasil precisa sair da
concentração das exportações para a China, sendo 34% de soja triturada, 21%
óleos brutos de petróleo e 21% de minério de ferro, ou seja, basicamente
commodities, temos uma rica linha de manufaturados que pode fazer parte de um
pacote de negociações, implementando maior valor agregado. É preciso valorizar
nossa mão de obra. Para os demais países temos uma vasta linha de produtos, certamente
Índia, África do Sul e Rússia também podem comprar muito mais do nosso país,
tudo vai ser questão de apresentar os produtos na hora certa, enfatizando o
custo e benefício, além da qualidade deles, outro fator determinante nessa hora
é o cumprimento dos prazos de entrega, esse último fator é determinante para
fidelizar qualquer cliente. Esse assunto terá continuidade no próximo texto,
pois, as negociações continuam em andamento e temos outros assuntos internos
que devem tomar nossa atenção.
O STJ está sendo massacrado pela
população, com concentrações e passeatas nas principais cidades, tudo por conta
da suspensão da condenação em segunda instância, já relatado em texto anterior.
É uma situação triste e que não vemos uma solução conciliatória em curto prazo.
O legislativo, totalmente desencontrado, o presidente do Senado Davi Alcolumbre
querendo uma nova constituinte e o presidente da Câmara sucinta aos seus
interlocutores que não deseja uma nova PEC que está sendo fomentada dentro da
Câmara, reeditando a prisão pretendida pelo povo brasileiro.
Enquanto isso, numa situação de
extremo constrangimento, o Presidente Bolsonaro posa de mudo e surdo, depois
que ele precisou evitar problemas do seu filho, deputado Carlos Eduardo, com pendência
junto àquela Casa da Justiça, há quem acredite que para o Presidente Bolsonaro
conseguir seu intento teve que depender de favores, na política existe uma
máxima que diz: favor se paga com favor. Portanto, parece até que estamos com
os Poderes em estágio de anomias aviltadas.
Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas |
*Poeta, Escritor e
Jornalista
Os Três Poderes Parecem mais Anomias Aviltadas
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/15/2019 05:51:00 AM
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