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MITO DE SÍSIFO



 Por Severino Coelho Viana*

No nosso artigo anterior, nós discorremos sobre o “Castigo de Tântalo”, uma temática de caráter mitológico, fizemos uma análise simbólica, comparando à nossa cruel realidade, logo mostramos o comportamento humano pela ganância do poder, arrogância pelo saber e a falta de humildade de reconhecer o tamanho de sua própria pequenez.

E, hoje, passamos a descrever sobre o “Mito de Sísifo” que, simbolicamente, delineamos um estudo analítico do mito que mostra a essência da vivência humana no meio social, que podemos encarar o tormento do suicídio na busca de encontrar a resposta aliviadora do sofrimento terreno, o uso e tráfico de drogas, que não passa do suicídio social, a prostituição infantil, que é visto como o bordel de beira de praia, o assalto à mão armada que inicia na fase de adolescência, a corrupção nos órgãos público que desvia recursos de setores essenciais como saúde e educação, além do desajuste familiar que é o verdadeiro inferno dentro dos lares.

Pois bem! Com este estudo do comportamento humano ante a sociedade moderna, nós não distorcemos a realidade apenas pontificamos a ideia imaginativa baseada como pano de fundo de nossa tradição.

Nós conhecemos muito bem como é o funcionamento do jeitinho brasileiro e uma razoável parcela da população brasileira é adepta da lei de Gerson.  Segundo esta, se algo pode dar errado, não tem problema, pois mesmo que der errado, a gente dá um jeitinho de fazer parecer certo.

Sísifo, mestre da malícia, da maracutaia, do cambalacho, do desdobramento labial e dos truques.

Tudo na vida evolui, alcança um apogeu e regride. Não é difícil compreender isso quando estudamos história: assim como as civilizações do Egito, Grécia, Roma, Pérsia, dos Maias, etc., tiveram sua ascensão, seu apogeu e queda, assim é nossa vida, com seus sucessos e fracassos, altos e baixos, vitórias e derrotas.

Assim era Sísifo, que levava a pesada pedra até o cume, seus braços aguentavam por um curto período e logo a pedra caia violentamente. E, repetidamente, ele devia descer da montanha e fazer tudo outra vez.

Sísifo era camponês e tinha um rebanho que ia diminuindo sem que ele notasse a razão. Autólico, um vizinho seu, tinha a capacidade de se metamorfosear em animais e usava essa capacidade para adentrar nas propriedades alheias sem ser notado e roubar os animais nos quais poderia transformar-se. Um dia, Sísifo resolveu marcar o seu rebanho e conseguiu seguir as pegadas que levaram até a casa de Autólico, (uma personagem da mitologia grega, filho de Hermes e Quíone e avô de Ulisses). Muito conhecido como o mais esperto dos homens e o mais formidável ladrão da época, tendo feito a façanha de roubar a adaga de Calisto e o cinturão de Hércules).. Comprovando que este o roubava. Assim, chamou testemunhas para atestar a ladroagem e enquanto os vizinhos discutiam sobre o roubo, Sísifo rodeou a casa, topando com a filha de Autólico, Anticleia, uniram-se, gerou o astuto Odisseu (que tem como marca do pai a esperteza).

Sísifo filho do vento (o deus Éolo). Trata-se na narrativa mítica da Grécia Antiga de um camponês que fundou a cidade de Corinto (antes chamada de Éfira), conhecida por ser povoada de homens que brotaram de cogumelos.

Sísifo casou-se com Mérope, tendo com ela um filho, Glauco. Certa vez, uma grande águia sobrevoou sua cidade, levando nas garras uma bela jovem. Sísifo reconheceu a jovem Egina, filha de Asopo, um deus-rio, e viu a águia como sendo uma das metamorfoses de Zeus. Mais tarde, o velho Asopo veio perguntar-lhe se sabia do rapto de sua filha e qual seria seu destino. Sísifo logo fez um acordo: em troca de uma fonte de água para sua cidade e ele contaria o paradeiro da filha. O acordo foi feito e a fonte presenteada recebeu o nome de Pirene e foi consagrada às Musas. Assim, ele despertou a raiva do grande Zeus, que enviou o deus da Morte, Tânatos, para levá-lo ao mundo subterrâneo. Porém o esperto Sísifo conseguiu enganar o enviado de Zeus. Elogiou sua beleza e pediu-lhe para deixá-lo enfeitar seu pescoço com um colar. O colar, na verdade, não passava de uma coleira, com a qual Sísifo manteve a Morte aprisionada e conseguiu driblar seu destino. Durante um tempo não morreu mais ninguém. Sísifo soube enganar a Morte, mas arrumou novas encrencas. Desta vez com Hades, o deus dos mortos, e com Ares, o deus da guerra, que precisava dos préstimos da Morte para consumar as batalhas. Tão logo teve conhecimento, Hades libertou Tânatos e ordenou-lhe que trouxesse Sísifo imediatamente para os Infernos. Quando Sísifo se despediu de sua mulher, teve o cuidado de pedir secretamente que ela não enterrasse seu corpo. Já no inferno, Sísifo reclamou com Hades da falta de respeito de sua esposa em não o enterrar. Então suplicou por mais um dia de prazo, para se vingar da mulher ingrata e cumprir os rituais fúnebres. Hades lhe concedeu o pedido. Sísifo então retomou seu corpo e fugiu com a esposa. Havia enganado a Morte pela segunda vez. Sísifo morreu de velhice e Zeus enviou Hermes para conduzir sua alma ao Hades. No Hades, Sísifo foi considerado um grande rebelde e teve um castigo, juntamente com Prometeu, Títio, Tântalo e Ixíon. Por toda a eternidade Sísifo foi condenado a rolar uma grande pedra de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que ele estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida por meio de uma força irresistível. Por esse motivo, a tarefa que envolve esforços inúteis passou a ser chamada “Trabalho de Sísifo”, invalidando completamente o duro esforço despendido.

De outro modo, nós podemos tirar algumas lições da vida prática comparada a esta narrativa mitológica de Sísifo:

01 - O homem fútil em busca de sentido, unidade e clareza no rosto de um mundo ininteligível desprovido de Deus e de eternidade.

02 - Sentimento de revolta com a vida e vontade insaciável de enganar a todos que fazem parte só seu círculo familiar e social.

03 - Mania de fraudar e cometer estelionato, na linguagem popular, fazer cambalacho.

04 - Desprezo pelo sentimento de fé ou idealismo, o ódio à morte, apego ao materialismo e paixão pela vida terrena lhe valeram esse suplício indizível no qual todo o ser se empenha em não terminar coisa alguma.

05 - Os deuses contemporâneos se apresentam nos menores detalhes, nos processos de sedução que se desdobram em assedio moral, na carreira meteórica que pode trazer um câncer consigo, na desumanização das relações, eliminando todas as possibilidades de respeito. No mito de Sísifo, os deuses Tânatos, Ares, Hades e Hermes se apresentam aparentemente como os obstáculos a serem vencidos, porém na realidade eles representam a oportunidade de redenção se observados de forma intuitiva.

Devemos ficar muito atento para esta estória do disse-me-disse, pois aí é onde mora perigo. A boca é livre para dizer o que pensa e inventar que outrem disse. Todo cuidado é pouco, só devemos acreditar na prova cabal em nossas mãos, o restante não passa de hipótese.

Nós encontramos os trambiqueiros modernos de dentro dos templos religiosos aos suntuosos palácios governamentais.


João Pessoa, 03 de fevereiro de 2020.


SEVERINO COELHO VIANA

scoelho@globo.com

MITO DE SÍSIFO MITO DE SÍSIFO Reviewed by Clemildo Brunet on 2/03/2020 04:15:00 PM Rating: 5

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