Um governo se faz com mais ações e menos intenções
Genival
Torres Dantas*
Finalmente o mês de janeiro
passou, mas não de forma despercebido, muita água rolou por baixo da ponte
política, com muitos ajustes e acertos firmados. Os EUA fechou acordo comercial
com a Chia, primeira fase, e põe fim aos rumores que havia uma onda de desentendimentos
no ar, cujas consequências poderiam ser fatais para o resto do mundo, uma briga
comercial entre as duas maiores potências comerciais do mundo poderia acarretar
perdas e danos para todos nós que estamos envolvidos na necessidade de crescimento
ou mesmo manutenção dos nossos patamares de exportações.
Sem dúvida, o mundo sai
ganhando, entretanto, o Brasil pode até ser prejudicado parcialmente, pois no
acordo EUA e China há compromisso dos chineses de importarem dos americanos
mais commodities, dentre esses produtos agrícolas encontra-se a soja, produto
que a China é nosso maior importador.
Olhando com olhar positivo,
qualquer perda pode ser superada com exportações que o Brasil possa vir fazer
para parte de países asiáticos e a própria índia, fundamentalmente agora que o
Presidente Bolsonaro fez acordo de elevar nossas transações comerciais,
simplesmente duplicando nossas exportações para os indianos, saindo do patamar
inicial e atual de U$7,5 bi para U$15 bi, ainda para o ano em curso, não é muito,
mas já é um alento.
Na Europa o Brexit foi
aprovado e como consequência o Reino Unido, depois de uma união de 47 anos sai
da União Europeia. Por enquanto e ainda por 11 meses praticamente a rescisão
vai ser sentida apenas no papel, muitos acordos continuarão prevalecendo.
O lado prático da decisão
tomada pelo Reino Unido só será avaliada depois de muito tempo, quando a
liberdade de ações do Reino Unido começar a mostrar as consequências dos erros
e acertos nessa manobra que particularmente eu considero arriscada. O governo
britânico já encontra dificuldade em domar o espírito nacionalista dos
escoceses que não queriam esse desdobramento.
Afinal, outros empecilhos
vão surgir naturalmente, com 66 mi de habitantes a menos a União Europeia vai
ver sua população para aproximadamente 446 mi de habitantes, com grande
potencial de consumo e investimentos, o Reino Unido perde apenas para a
Alemanha.
Enquanto isso, no Eurotúnel,
passagem entre Reino Unido e França como ficará, com a mesma liberdade de
acesso e desempenho em termos de logística, só o tempo vai nos dizer e corrigir
os pontos divergentes tornando-os convergentes.
No Brasil, o começo do ano
não foi menos tumultuado comparando ao ano anterior e começo do governo
Bolsonaro. Muitos números positivos começaram a criar uma atmosfera positiva,
primordialmente na área econômica, com o Ministro Paulo Guedes apresentando
resultados favoráveis para que esse ano seja bem melhor que o anterior e pior
que o próximo, assim ele se apresenta.
O desemprego começa a perder
fôlego e atingimos o patamar de 11% de desempregados, não é um número para se
comemorar, entretanto para quem pegou o país em estado desanimador é uma
vitória.
A dívida pública depois de
seis anos cai pela primeira vez muito embora se mantenha em patamar elevado, ou
seja, 75,8% do PIB, já tivemos pior, em novembro/2019 o número era de 77,6% do
PIB, tudo provocado pelos desgovernos anteriores e a partir de 1985 e
encerrando com a catástrofe administrativa do período da Dilma Rousseff,
passando pelos dois mandatos de Luís Inácio Lula da Silva, outra temeridade
apocalíptica.
Com os novos dados os
brasileiros nutrem um pouco de esperança e para quem continua desempregado já
há uma luz no fundo do túnel, para o pessimista um trem sem sua direção, porém
para o otimista e que acredita nas suas possibilidades é um clarão de paz para
sua vida e de seus familiares.
Nem tudo representa rosas na
roseira, há folhas vivas e mortas, além de espinhos. O BNDES continua a
espalhar notícias tortuosas e alarmantes, agora surge o custo de uma auditoria
envolvendo operações entre Odebrecht, J&F e o próprio Banco de fomento.
Para surpresa geral os custos apresentados, R$23,4 mi, depois do orçamento
aprovado inicialmente e suplementações, elevou-se para R$ 48 mi, inclusive
adicionais feitos dentro do período da nova gestão, no final o número foi reduzido
para R$ 42,7 milhões. Essa distorção fez os ânimos se exaltarem entre Bolsonaro
e o presidente da Instituição bancária Gustavo Montezano, esse é um assunto
para muito remancho dentro do atual governo.
Outro assunto que veio a
tona foi a viagem do ex-secretário executivo da Casa Civil, Vicente Santini,
feita em jato particular, FAB, ao exterior para se encontrar com a comitiva do
Presidente Bolsonaro, feito esse considerado um absurdo e cujo desfecho foi a
demissão do executivo, readmitido dentro do próprio setor, em cargo diferente,
e demitido novamente, isso ocorrido em 24 horas.
Como se tratava de auxiliar
direto do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, estando esse de férias
esperava-se sua chegada o que aconteceu de imediato, para outras decisões
dentro do seu ministério. Como se dizia pelos corredores, ele tem respaldo no
Congresso Nacional, é ele que sustenta as colunas de apoio entre Rodrigo Maia,
Davi Alcolumbre, presidentes da Câmara Federal e o Senado, respectivamente,
todos do Dem. E o Executivo.
É lamentável que alguém
tenha que ter relacionamentos paralelos para se mantiver em cargos públicos,
seja o cargo que for, pior ainda, o assunto ser de conhecimento público, esse
tipo de situação gera a sensação de falta de competência ou falta de amor
próprio. Fala-se ainda que houvesse até uma tentativa de acerto, sendo
oferecida ao atual ministro da Casa Civil a liderança no Congresso, o que foi
rejeitada de pronto, não podia ser diferente, em primeiro lugar o ministro, em
função do seu atual cargo, está desgastado com o Congresso.
Depois, se lhe foi oferecido
essa posição para que ele se abduzisse do cargo foi no mínimo humilhante e foi
uma propositura de risco para o Executivo, caso o referendado goze do conceito
junto aos comandantes do Congresso. Essa é uma verdadeira sinuca de bico, saia
dessa Bolsonaro!
Genival
Torres Dantas
*Poeta,
escritor e Jornalista
genivaldantasrp@gmail.com
Um governo se faz com mais ações e menos intenções
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/02/2020 09:46:00 AM
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