Resto do chorume de uma escória humana a permanecer
Genival Torres Dantas*
A
figura asquerosa que passava do outro lado da calçada
Assustava
e causava repulsa como alguém nauseante
Parecia
muito mais um protótipo da deselegância
Modelo
de uma marmota faminta fugitiva da mata
O
sol por entre nuvens claras surgia de repente
Anunciando
fortes ventos espantando a chuva;
O
espectro era triste e continha nele marcas das decepções
Não
nascera esquálido, porém tinha a imagem da preguiça.
Nada
de anormal, não fora o absinto do seu lamuriar
E
o desprezo que tinha quando se falava em atividades
Um
trabalho por menor que fosse para sua sobrevivência
Nem
mesmo se encorajava quando era chamado a se alimentar;
Tratava-se
realmente de uma peça de muitos defeitos
Poucas
qualidades e raríssima capacidade de criatividade
Tudo
que pensava era voltado para a promiscuidade e o errado
Tinha
sede da maldade, de vingança eram compostos seus desejos.
Sempre
materializou a descompostura e a malignidade
Apenas
comparado aos ratos malandros da caatinga e do cerrado;
Tanto
fez contra a humanidade que se juntou aos desautorados
Depois
de tanto luxo e poder, se resumiu a insignificância do Ser
Despido
da deontologia e longe das mansões e talheres de prata
Se
embuziava na lavagem recolhida aos mais esfaimados porcos
Vida
dedicada aos delitos, sáfaro no seu jeito rude de viver
Desqualificado
no seu mais simples gesto de delicadeza;
No
final da vida não existia mais amigos, companheiros ou parceiros
Os
antigos aliados de bravatas, agora irmão e cúmplice da charlatanaria
Dispersos
por entre muros e colunas conhecidas como segurança máxima
Contabiliza
o saldo negativo das investidas nos crimes praticados
Na
parlapatice do incrédulo recolhido busca uma fuga milagrosa e insana
Já
velho e sem forças para reação o mitomaníaco solitariamente ficava;
Perdoado
pelo avançado da idade, sem parentes nem aderentes, agora livre
Livre
apenas das cercas e mordaças físicas, virou homem de rua
Alojado
sob marquises pontes e viadutos o lacaio procurava adormecer
As
amarras provocadas pelas suas sabujices mantinham sua alma distante
Ausente
da realidade em um lixão urbano e ignorado na falência múltipla
Na
sua lápide: resto do chorume de uma escória humana a permanecer.
Genival
Torres Dantas
*Poeta,
Escritor e Jornalista
Resto do chorume de uma escória humana a permanecer
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/23/2020 07:05:00 AM
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