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Informação destruindo preconceitos

Mª do Bom Sucesso Lacerda Fernandes Neta*
Um problema de saúde ainda pouco conhecido pela população e deveras estigmatizado é a esquizofrenia. Na tentativa de prestar maiores esclarecimentos sobre tal doença, serão mostrados alguns pontos relevantes para o entendimento da mesma.
A esquizofrenia consiste em uma patologia de afecção mental complexa, em que os pacientes perdem o contato com a realidade, apresentando sintomas diversos, com alterações nas formas de pensar e sentir, tendo como conseqüência danos verificados nas relações de cunho pessoal e profissional.
Em se tratando da epidemiologia, verifica-se que há prevalência semelhante em ambos os sexos; a faixa etária com maior freqüência se situa entre 15 e 25 anos para homens e entre 25 e 35 anos para mulheres. Importante observar que a esquizofrenia é rara em indivíduos com menos de 10 anos e acima dos 50.
A doença em questão manifesta-se em crises agudas intercaladas com períodos de remissão. Os pacientes apresentam os chamados sintomas positivos e negativos. Estes, geralmente são observados numa fase mais tardia, enquanto que aqueles numa fase inicial do quadro clínico.
Os sintomas negativos são: embotamento afetivo ou afeto inadequado (paciente fica indiferente a diversas situações do cotidiano, “sem emoção”), isolamento social, perda da vontade para realização das atividades corriqueiras, pobreza do conteúdo do discurso.
Já os sintomas positivos são: delírios (o indivíduo crê em idéias falsas, irracionais ou sem lógica; podem ser temas de perseguição ou grandeza; crença de que outros podem ler as suas mentes, por exemplo), alucinações (ouvir vozes ou pensamentos), alterações afetivas e psicomotoras, incoerência do pensamento.
É de extrema importância a caracterização correta, já que os sintomas presentes na esquizofrenia também podem aparecer em outros distúrbios psiquiátricos, a exemplo do transtorno esquizofreniforme, o qual possui quadro inferior a seis meses. Sendo assim, contata-se que a esquizofrenia é uma patologia de curso longo com deterioração do paciente, caso não seja diagnosticada e tratada em tempo hábil.
Há vários tipos de esquizofrenia: paranóide (em que predominam os delírios ou alucinações auditivas), hebefrênico (mais comum; paciente com discurso e comportamento desorganizados), catatônico (com acentuada perturbação psicomotora), indiferenciado, residual (com predomínio de sintomas negativos; paciente em fase crônica) e simples (normalmente sem delírios).
Não se sabe ao certo a causa da esquizofrenia. Sugere-se que haja interação entre fatores genéticos e ambientais (eventos estressores, por exemplo). Refere-se também que complicações durante a gravidez e o parto podem afetar o desenvolvimento do cérebro do indivíduo, o que teria relação com o surgimento da doença a posteriori.
Para que seja feito o diagnóstico, é necessária uma investigação detalhada, ou seja, deve-se averiguar a história do paciente e de seus familiares. Além disso, embora não existam marcadores biológicos próprios da doença nem exames específicos, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética podem ser realizadas, demonstrando em alguns casos, evidências de alterações da anatomia cerebral.
Sobre o tratamento da esquizofrenia, são usados os fármacos antipsicóticos tradicionais e os ditos de nova geração. Os mais recentemente desenvolvidos apresentam menos efeitos colaterais e devem ser os medicamentos de escolha. Há situações em que a internação é recurso necessário, tais como: pensamento suicida ou prática violenta do paciente contra outros indivíduos. Os medicamentos são de uso contínuo.
Em associação à terapia farmacológica, devem ser instituídas atividades de reabilitação, envolvendo pacientes e familiares, propiciando plenas condições ao indivíduo para convívio em sociedade. Interessante que cada quadro seja individualizado e tratado por profissional capacitado e experiente.
Vale salientar que os pacientes esquizofrênicos, desde que bem conduzidos, ou seja, tratados adequadamente, com apoio da família e dos amigos, podem ter uma vida normal (evitando-se algumas atividades potencialmente estressoras).
Lutemos para acabar com o estigma do paciente esquizofrênico! A aceitação da doença e a não relutância em fazer o tratamento fazem parte das atitudes que podem mudar essa história. Não hesite; precisando de auxílio, busque ajuda de um psiquiatra.
Além disso, existe o Projeto S.O.ESq. (Programa Open the Doors) da Associação Mundial de Psiquiatria. No Brasil, é desenvolvido pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com o apoio do Programa de Esquizofrenia da Universidade Federal de São Paulo. Tal projeto está ligado a ABRE (Associação Brasileira de Familiares, Amigos de Portadores de Esquizofrenia) uma organização não-governamental, com objetivos de combater o estigma, fornecer informações e atuar na defesa de direitos dos portadores de esquizofrenia. Referências 1. Manual para a Imprensa - Boas Práticas de Comunicação e Guia com recomendações para um texto claro e esclarecedor sobre doenças mentais e psiquiatria. Disponível em: <http://www.abpbrasil.org.br/sala_imprensa/manual/img/Cartilha_ABP_final_grafica.pdf> (Acesso em 18 jun. 2009) 2. <http://drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/esquizofrenia.asp> (Acesso em 18 jun. 2009) 3. <http://www.manualmerck.net/> 4. <http://www.abcdasaude.com.br/> 5. <http://www.abpbrasil.org.br/medicos/> 6. E-mail para contato: sucessomed@hotmail.com
*(Natural de Patos-PB, 20 anos, mais conhecida como Cessinha, acadêmica do 6º período de medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande, filha de Francisco Fernandes da Silva Júnior e Zeneida Furtado Leite Fernandes, donos da Hiperfarma Bom Sucesso em Patos.)
Informação destruindo preconceitos Informação destruindo preconceitos Reviewed by Clemildo Brunet on 8/15/2009 10:12:00 AM Rating: 5

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