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A LINGUAGEM DO ENTENDIMENTO!

Clemildo (Festa do Rosário 2004) (Foto)
CLEMILDO BRUNET*
Existe um ditado popular “Quem diz o que quer, ouve o que não quer”, isso só acontece por falta da linguagem do entendimento. Nós seres humanos somos controversos, mas não significa dizer que nas nossas controvérsias, não haja um ponto de convergência usando o bom senso, venhamos a concordar ou não, com quem discorde do nosso pensamento. É verdade que somos indivíduos (ser indivisível e distinto) nem por isso, deixemo-nos levar a tal ponto de não considerarmos a liberdade de expressão de outrem, na linguagem do entendimento.
Nesses dias aconteceu um fato interessante que me chamou atenção. Nosso amigo WJ. Solha me enviou um email com estas palavras: “OK, mestre. Como vi, pelo seu blog, que é pessoa religiosa, digo-lhe que não me magôo se puser meu livro de lado. Que o considere como um presente, apenas estético, feito um velho ferro de engomar a carvão”. Ao que prontamente lhe respondi: “Amigo Solha: Seu livro não ficará a mercê de um ferro de engomar de carvão. Considero o seu presente e ao chegar a minha cidade vou lê-lo com toda satisfação. Isso em nada me afetará naquilo que creio. Por outro lado, está na Bíblia, é o Apóstolo Paulo nos seus ensinamentos que diz: "Devemos provar de tudo e reter o que é bom". Abraços: Clemildo Brunet”. A este email ele respondeu: “Grande resposta, de um cavalheiro exemplar”. WJ. Solha. Solha me havia enviado seu último romance “Relato de Prócula".
O colunista Bráulio Tavares, do Jornal da Paraíba diz em um trecho de seu comentário sobre o romance escrito por Solha. “O mistério tem a ver com a história de um padre chamado Martinho Lutero (o que já provoca um curto-circuito ideológico), da paróquia de Pombal, fazendeiro, cinéfilo, intelectual, namorador (com citação ao “Seu Libório”, de Braguinha). Envolvendo-se com uma montagem da Paixão de Cristo, onde deve fazer o papel de Pilatos, o Padre tem no palco uma Revelação fulminante, que abala suas convicções históricas e religiosas e o leva a tentar o suicídio. A tentativa ocorre no começo do livro, e todo o restante mostra os amigos do Padre, que são muitos, tentando arrancar-lhe o motivo que o levou a querer se matar. Nesse percurso, monta-se um quebra-cabeça cujas peças são a vida do Padre, o destino das três moças que são suas “afilhadas”, os amigos intelectuais que o cercam, a história da política na Paraíba e do cinema paraibano, e a vida do Jesus Cristo histórico”.
Ao me enviar o comentário do jornalista acima citado, recebi outro email de WJ. Solha nos seguintes termos: “Escrevi esse meu novo romance - como pode ver pelo comentário de Bráulio Tavares - exatamente por ter encontrado em 63, quando cheguei a Pombal, pessoas fascinantes como o senhor, cheias de uma surpreendente cultura universal num sertão cuja única imagem era a de Vidas Secas, Grande Sertão: Veredas e Os Sertões”. WJ. Solha.
A linguagem do entendimento nos faz compreender a liberdade de expressão. O contraditório é necessário, pois entre o que se diz e o que se ouve há um referencial de interpretação. Certa vez, um filho que estudava na capital e que recebia mesada de seu pai, solicitou por telegrama mais dinheiro. A frase era vazada nestes termos: “Pai mande Dinheiro”. Lendo o telegrama o pai o fez em tom furioso como se fosse uma ordem que o filho estava lhe dando (essa foi sua interpretação), enquanto que um amigo que estava perto, ouvindo o modo como aquele homem lera a frase; pegou o telegrama e disse de modo suplicante Pai, mande dinheiro”.
Nem sempre há sintonia entre as partes. Quando fazia Jornalismo no rádio, não foram poucas às vezes em que era mal interpretado. A notícia que transmitíamos era dita de uma maneira e alguém lá fora interpretava diferente. Houve até quem me dissesse: Você está falando de fulano, cuidado! Ao que respondia ao meu interpelante: Eu não estou falando dele, como você insinua, e sim de seus atos administrativos.
Este artigo, por exemplo, muitos poderão lê-lo sem dar o sentido exato das palavras e vão fazer uma leitura que não seja correlata com o que quis dizer o autor. Aliás, isso acontece até mesmo no meio radiofônico, o redator escreve a matéria, mas o locutor dar outra interpretação ou ler de um modo, sem combinar em nada com o pensamento de quem a redigiu.
Quem faz barreira a linguagem do entendimento é o preconceito. Muitos conflitos, desacertos, problemas, são causas para dividir o pensamento humano. Quantos por conceitos formados ficam indiferentes, não aceitando a liberdade de expressão, o direito à cidadania, nem admite em hipótese alguma, flexibilidade em seus pensamentos. Esquecem-se de que o direito de um vai até quando o do outro começa?
O Apóstolo Tiago em sua carta capitulo 3 versículo 13 indaga, e ele mesmo responde: “Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras”.
*RADIALISTA
Web. www.clemildo-brunet.blogspot.com
A LINGUAGEM DO ENTENDIMENTO! <strong>A LINGUAGEM DO ENTENDIMENTO!</strong> Reviewed by Clemildo Brunet on 8/24/2009 09:27:00 AM Rating: 5

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