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OS CAMINHOS DO PADRE MARTINHO LUTERO LIBÓRIO PELAS RUAS DE POMBAL

Jerdivan Nóbrega de Araújo*
Maravilhoso, seu trabalho de cotejo entre a real cidade de Pombal e a que recriei como cenário de meu romance Relato de Prócula, Jerdivan. Lembra o que os estudiosos fizeram e sempre fazem para levantar a Dublin real a partir da Dublin que James Joyce levou para seu vasto romance Ulisses, guardadas as devidas proporções entre Pombal e Dublin e entre Solha e Joyce. Mas como diz Fernando Pessoa, "O Tejo não é mais belo que o rio que corre na minha aldeia, porque o Tejo não é o rio que corre na minha aldeia". Meus cumprimentos pelo belo texto.(W J Solha)
O livro “RELATO DE PRÓCULA” W. J Solha, 1ª edição, editora a girafa, 2009, além da riqueza filosófica, de nos conduzir a discussões e reflexões polêmicas que é a religião ou a religiosidade do povo, tem uma importância significativa para todos os filhos de Pombal, e, em especial, para nós que travamos árduas lutas, muitas vezes inglória, pela preservação do patrimônio histórico e cultural da nossa terra. Não é sempre que um romance de repercussão nacional, lido, comentado e criticado pelas melhores mentes formadoras de opinião do país, tem como ambientação principal a nossa cidade. Trata-se de um momento de grande satisfação e que nos devolve a energia e ânimo necessários para continuar o nosso trabalho em defesa do patrimônio cultural e histórico da nossa terra, mesmo que a poeira e os escombros das demolições embarguem os olhos daqueles que poderiam ter feito alguma coisa pela preservação da historia da nossa terra e não a fizeram. No “Relato de Prócula”, o autor tomou a liberdade, que só a literatura permite, de trazer de volta da extinção importantes equipamentos públicos, que foram de suma importância à comunidade. Assim o Colégio Diocesano, o Hospital Sinhá Carneiro e o prédio do Cine Lux, continuam resistindo e fazendo parte de nossa história, ao lado de antigos e novos equipamentos como as Igrejas do Rosário, do Bonsucesso e de São Pedro, a Coluna da Hora, a Câmara Municipal, o Bar Centenário, o Terminal Rodoviário, o Tiro de Guerra, as Rádios Maringá, Bonsucesso e Liberdade, a Academia Pombalense de Letras, a Caixa Econômica Federal, os Bancos do Brasil e do Nordeste, a AABB, a AEUP e até o famoso Rói-couro. A leitura do romance nos remete a um verdadeiro passeio pelas ruas e pela historia de Pombal. Podemos nos deleitar com este passeio desde o momento em que o Padre Martinho Libório retorna à Pombal, vindo de João Pessoa, através da BR-230, passa pela Praça Hermínio Monteiro Neto, localizada defronte a Prefeitura Municipal, construída em 1972 pelo então prefeito Dr. Atêncio Bezerra Wanderlei. Por trás da Prefeitura, ver-se a Praça Monsenhor Valeriano, construída por Azuil Arruda, em 1962. Na frente desta, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Bonsucesso, que tem a sua frente a Praça Getúlio Vargas, por sua vez, agora geminada com a Praça do Centenário. Praça Hermínio Monteiro Neto, Praça Monsenhor Valeriano, Praça Getúlio Vargas e Praça do Centenário. Pois é, de repente nos damos conta de que Pombal tem o privilégio de ter, do percurso correspondente a sua entrada até o centro, quatro majestosas praças. A Praça do Centenário, construída pelo Prefeito Sá Cavalcanti, ganhou este nome após a reforma feita em 1962, por ocasião da festa do Centenário da Cidade, na gestão do prefeito Azuil Arruda. Oportunidade em que também, como parte das comemorações do Centenário, se instalou na cidade o Banco do Brasil, trazendo com ele o jovem bancário W.J Solha, mais tarde reconhecido teatrólogo, ator, artista plástico, romancista, poeta, intelectual e criador do personagem Padre Martinho Libório, Foi na Rua Nova (João Carneiro, no Romance batizada de Rua Getúlio Vargas) que o padre Martinho Libório escolheu para atentar contra a própria vida, com um tiro no peito, após estacionar sua camionete Dodge sob a penumbra de um frondoso pé de fícus Benjamin. Nesta rua fica a casa Paroquial, bem ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bonsucesso, inaugurada em 1897. Uma casa depois fica e a casa de dona Dalva Carneiro, irmã do Senador Ruy Carneiro. A Rua Nova começou a ser calçada com pedras Paralelepípedos em 1970. Na verdade, João Carneiro pai de Ruy é o patrono desta rua, embora na sua frente a praça tenha o nome do ex-presidente suicida. A escolha do local pelo Padre Martinho para atentar contra a própria vida foi apropriada. Ferido, o padre busca socorro no Hospital e Maternidade Sinhá Carneiro que fica na Rua Monsenhor Valeriano Pereira, paralela a Jerônimo Rosado. Rua esta que homenageia o farmacêutico em Pombal, patriarca dos Rosado Maia, que fundou um império econômico em Mossoró, que ia da extração da Caulim ao Petróleo. Ele pai Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia (1911 - 12 de julho de 1951) prefeito de Mossoró, governador do Rio Grande do Norte], falecido em um desastre aéreo, hoje nome de importante cidade potiguar. Foi exatamente na Rua Jerônimo Rosado, onde foi construido, por Chiquinho Formiga em 1953, e mais tarde vendido a Afonso Moutta, o Cine Lux, localizado bem em frente ao casarão do medico, intelectual e exprefeito, ex-deputado estadual, Dr Atencio, que tambem e importante personagem do romance. Outro personagem bem conhecido entre nós é Dr. Avelino, tambem médico, ex-vice-prefeito, ex-prefeito e ex-deputado estadual, que construiu sua residência no lajedo do Riacho do Bode. Já o Hospital Distrital de Pombal fica em frente ao antigo Colégio Josué Bezerra, no final da Rua do Comércio, onde já funcionou o grupo Escolar João da Mata e o Colégio Estadual de Pombal, que mudaram respectivamente para o Centro Histórico e para um prédio próprio as margens da Br-230, saída para Sousa. Lembro que a fachada do atual João da Mata foi usado por Linduarte Noronha como Forum, nas gravação do filme Salário da Morte, apesar de que as cenas internas foram rodadas nos majestosos corredores do antigo João da Mata, onde hoje é o Hospital Distrital de Pombal. No início da Rua do Comércio ainda hoje funciona o Pombal Ideal Club. A AABB, chegou em Pombal com o Banco do Brasil, antes os bancários criaram o El Cabana Club que tinha como sede as oiticias e ingazeiras do Rio Piancó. A AEUP continua funcionando na parte superior do coreto do Bar Centenario. Os grupos teatrais não existem mais. Mas todos essa entidades foram criadas entre a primeira metade da década de sessenta e a primeira da década de setenta. Foi neste periodo que aconteceu o período mais negro da ditadura militar, tambem foi inaugurada a BR-230 e rodado em Pombal “O sálario da morte”, o primeiro longa metragem paraibano. Foi a época de maior efervecência na vida sócio-cultural da cidade de Pombal. O Banco do Brasil, que iniciamete funcionou na Rua Francisco de Assis, passou a funcionar em sede própria pela primeira vez em um Predio que foi contruído na esquina da Rua Nova com a Padre Amancio Leite, em 1969, onde antes havia os escombros do bangalô de Sá Leite, que não chegou a ser concluido, por conta de ma desilusão amorosa, dizem. Este sobrado inspirou Tarcisio Pereria a escrever o romance “Como São Jorge na Lua”. Depois, como sabemos, o Banco do Brasil mudou para a Rua Cândipo de Assis, onde fuciona até hoje. O antigo prédio do Banco do Brasil deu lugar ao Tiro de Guerra que mais tarde cedeu o prédio para o Pombal Shoping Center. O Ginásio Diocesano de Pombal, depois denominado de Colégio Diocesano de Pombal, foi fundado em 1954, por padre Vicente de Freitas. Funcionava no antigo sobrado de Dona Jarda na Rua Nova (onde hoje funciona a Farmácia Nova e a residência de Sr. Raimundo de Freitas). Depois, no prédio onde hoje grupo Escolar João da Mata, próximo da Cadeia Velha. Na época em que o então Padre Martinho Salgado (inspirador do personagem Padre Martinho Libório) foi Diretor, o ginásio diocesando já tinha prédio próprio, localizava-se onde depois foi contruído e até hoje funciona o Colégio Estadual Monsenhor Vicente de Freita.. O Ginásio Diocesano de Pombal era um construção majestosa, um quadrilatero com dois pavimentos, várias entradas, e no centro, a única quadra de futebol de salão da cidade. Ver um filho vestindo o uniforme do Colégio Diocesano de Pombal era o sonho de todos os pais de familia, Por muito tempo foi a única opção de ensino colegial na Cidade de Pombal. Era mais voltado para o alunado Masculino, assim como o Colégio Arruda Câmara era exclusivamente para o feminino. Não confundir Colégio Arruda Câmara com o Grupo ou Colégio Estadual Arruda Câmara. O primeiro, nao mais existe, pertencia a Diocese, houve uma época que era administrado pelas freiras, depois ganhou o nome de Colégio Josué Bezerra. O segundo, ainda resiste ao tempo, pertence a rede estadual de ensino. A fazenda Mundo Novo, principal palco do romance, propriedade do Padre Martinho Libório, na verdade pertenceu a Neco Vieira, casado com dona Lulu, que veio a ser madrinha de José Tavares de Araujo, meu avô paterno, e mãe de Horacio Freitas, que também é um dos personagens do “Relato de Prócula”. Fica vizinho a fazenda Monte Alegre, terra que meu pai herdou seu avô Felix Lucas da Silva. Hoje a Fazenda MUNDO NOVO pertence aos meus parentes próximos, herdeiros de Chico Benigno, sendo uma parte dos Queirogas, como de sorte são boa parte das terras de Pombal Em suma, era este o mundo do Padre Martinho Libório, nas Ruas Pombal, desde que teve a aquela desilusão e abalo em sua fé, quando se apresentava no papel de Pilatos, na peça Auto de Deus, realizada em plena semana santa na Praça Pedro Américo, em João Pessoa.
*Escritor Pombalense
OS CAMINHOS DO PADRE MARTINHO LUTERO LIBÓRIO PELAS RUAS DE POMBAL OS CAMINHOS DO PADRE MARTINHO LUTERO LIBÓRIO PELAS RUAS DE POMBAL Reviewed by Clemildo Brunet on 8/26/2009 07:29:00 PM Rating: 5

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