MARINGÁ & NINA
Severino Coelho Viana |
No ano de 1989, precisamente, no dia 21 de julho, no momento da inauguração da “Casa da Cultura de Pombal”, lançamos o livro intitulado de “A Vida do Cel. Arruda, Cangaceirismo e Coluna Prestes”, tendo como fonte as próprias palavras do biografado, que pessoalmente vinha todas as noites na nossa casa, dava informações preciosas, com os anos de vida prolongada, tinha uma memória privilegiada e repetia os fatos que viveu, presenciou e foi protagonista.
Os fatos narrados sobre a vida do Cel. Arruda estão reproduzidos, no setor de entrevista oral, no Núcleo de Documentos e Informática, no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, quanto foi entrevistado por Humberto Melo e Maria Antônia de Andrade, que confirmam perfeitamente o conteúdo do livro de nossa autoria acima mencionado.
No dia 19 de maio de 2012, fizemos o lançamento do livro – MARINGÁ – O NOME VERDADEIRO, e, agora, através da mídia social, tivemos conhecimento de um artigo de autoria de Inácio Tavares de Araújo – ANA DANTAS MACIEL (NINA) – Á GUISA DE INFORMAÇÃO, dizendo que o filho da personagem considerou “uns fatos desagradáveis com versões desencontradas que em nada contribui para a preservação da memória da minha mãe”. Citou o autor do artigo. No entanto, não demonstrou o fato desagradável contido no livro. O artigo passou a historiar a vida e a projeção pessoal da família de ANA DANTAS DE ALENCAR – Nina. O conteúdo do livro não se propunha a este engrandecimento familiar, mas, simplesmente, citando ela como causa de inspiração da música Maringá, de Joubert de Carvalho, que deveria ter sido entendimento como um orgulho da família e não como um fato desagradável.
Parece que a interpretação individual que levou José Renner Dantas Maciel, segundo Inácio Tavares, ele entendeu que o livro afirma que houve um namoro arrojado entre a mãe dele, envolvendo Ruy Carneiro e Manuel Arruda de Assis. Não existe nenhum indicativo desta assertiva no conteúdo do livro, mas um namorico entre os três, e isto é tão racional que ele confirmou este fato como sendo verdadeiro.
As palavras textuais do livro que a mãe do Cel. Arruda não queria o namoro porque ela achava que Nina era negra, foram palavras ditas pelo próprio Arruda que a mãe dele assim considerava. Mas, o próprio Arruda logo em seguida diz que Nina não era negra, mas um bela morena cor de canela. Até onde se conclui isto é um elogio.
Na crônica literária de autoria da professora, Ivanil Salgado de Assis, publicada no ano de 1990, falando sobre o namoro de Nina e Arruda, assim ela se expressou: “Um casamento frustrado por, por oposição materna, obrigou a seguir a carreira das armas deixando no passado o amor de sua vida”. (p. 133, A Vida do Cel. Arruda, Cangaceirismo e Coluna Prestes; p. 66 – Maringá – O Nome Verdadeiro). O livro de nossa autoria – A VIDA DO CEL. ARRUDA, CANGACEIRISMO E COLUNA PRESTES – publicado em, 1989, traz umas referências espetaculares, com sustentáculo nas próprias palavras do Cel. Manuel Arruda de Assis, que posteriormente foram se confirmando por outras fontes, que passamos a reproduzir:
“As fases esporádicas dos estudos o impediu de concluir o curso primário, misturando o primeiro romance, já rapaz, no esplendor da juventude nasce a sua grande paixão. Esta paixão teve um ponto decisivo e fundamental para a vida de MANUEL ARRUDA DE ASSIS. O seu amor verdadeiro chamava-se ANA DANTAS DE ALENCAR, conhecida na intimidade por Nina. As suas características: morena clara, olhos castanhos escuros, cabelos pretos grandes, altura mediana, onde ainda hoje retrata como uma mulher bonita. Desse romance, como se fosse um drama shakspeareano tornou-se impossível o matrimônio, devido à interferência da mãe do noivo, pois não consentia a realização do casório. Este foi um ponto de partida para a carreira militar. Justamente com 20 anos de idade, senta praça na Polícia. Entretanto, vale salientar, antes de sentar praça na Polícia, o seu destino seria ir embora para São Paulo, pois já tinha compromisso firmado e resolvido, queria casar-se, não admitia ser atropelado na sua decisão. E por força desse mesmo destino, sentia uma vocação para o militarismo. Entre a carreira de militar e o envolvimento do sentimento de amor contrariado, o seu divertimento era observar as armas de forças-volantes, olhando os desfiles, na Praça Pedro Américo, em João Pessoa, e tudo aquilo era uma maravilha de beleza. Por isso, desistiu de ir para São Paulo e sentar na praça na Polícia”. (fls. 22/23).
Somente agora é que o filho de Nina confirma que o avô dele era quem não queria o namoro. Bom! Ele sabe que o avô não queria, porém Arruda sabia que quem não queria era a mãe. Um detalhe importantíssimo, Arruda foi quem viveu a história. A geração do filho é outra completamente diferente dos envolvidos.
Os personagens verdadeiros dos fatos reais foram Nina, Arruda e Ruy Carneiro, ninguém queira tomar para si como dono da verdade histórica, uma época completamente diferente da nossa. Não podemos esconder que o preconceito não existia porque ainda hoje existe de forma atenuada. Cada um traz o preconceito dentro de si mesmo, hoje, somente hoje, esconde de forma camuflada para não ser tachado de uma pessoa ultrapassada.
Isto implica dizer que, estes fatos desde o ano de 1989 estão inseridos no mercado literário, em forma de livro. O livro Maringá – O Nome Verdadeiro - não trouxe nenhuma novidade, apenas reproduziu de forma argumentativa com apoio noutros elementos probantes. Por que somente agora se chocaram pelo fato de narrar um episódio de ser chamada de origem afrodescendente a namorada de um filho, numa época altamente preconceituosa? Devia ter ficado enaltecido por considerá-la uma mulher bela e atraente, que é a melhor forma de inflar o ego de uma bonita mulher, como na verdade ela foi.
O autor Inácio Tavares (A Cabocla Maringá Mito ou Realidade?) afirma categoricamente que Maringá NÃO existiu, no entanto, transmite uma informação preciosa sobre a única namorada de Ruy Carneiro na nossa cidade de Pombal: “Minha Mãe falou que a única paixão de Ruy, em Pombal, foi a sua prima Nina (Ana Dantas de Alencar), filha de Argemiro Liberato de Alencar. Outra não existiu.”.
Mais adiante o mesmo autor esboça na sua narrativa: “Quando Ruy, até então estudante, vinha a Pombal, em gozo de férias, convidava Custódio Santana, José Venâncio, ambos excelentes violonistas e Júlio Benigno, que cantava maravilhosamente bem, para juntos fazerem serenata em frente à casa de NINA, nas românticas noites de luar”.
Há tempo vinha analisando os artigos publicados sobre a existência da cabocla Maringá. No tocante aos dados pessoais foram fornecidos por Liberato que reside em Pombal, na qualidade sobrinho de Nina. Liberato que me deu os números de alguns telefones dos familiares, mas não consegui manter contato com nenhum deles. Como eu não estava escrevendo a biografia de Nina, considerei os dados suficientes para o meu intento, e foram tão suficientes que os parentes próximos já tomaram conhecimento do conteúdo do livro publicado.
Não existe nenhuma palavra criada pelo o autor do livro, as informações foram prestadas diretamente pelo Cel. Arruda, que foi o personagem principal do enredo contracenando com Ruy Carneiro, que no cenário não se registrou nenhuma cena explícita. O namoro foi tão normal quanto à época assim exigia, nada e nada mais!
Na verdade, o artigo de autoria de Inácio Tavares não apresentou que fatos desagradáveis foram esses, não há uma só letra do conteúdo do livro que atente contra a dignidade da pessoa humana. Nenhum autor pode alcançar os melindres de cada leitor, gostar ou não gostar da leitura de livro depende da reação emotiva de cada um. As cores são várias e os olores são diversos.
Segundo Inácio Tavares, Ruy Carneiro só teve uma namorada em Pombal, que se chamava Ana Dantas de Alencar, conhecida por Nina. Munuel Arruda de Assis só teve uma namorada em Pombal, que se chamava Ana Dantas de Alencar, conhecida por Nina. Como Maringá era filha de Pombal,
que foi uma namorada de Ruy Carneiro, então, é muito fácil de chegar à compreensão que ANA DANTAS DE ALENCAR é realmente MARINGÁ. Inlcusive, o filho de Nina, José Renner Dantas Maciel, no dizer de Inácio Tavares, confirmou que ela namorou a Ruy Carneiro e Manuel Arruda de Assis.
Agora, se fizer uma leitura racional, colocando as peças no tabuleiro, inteligentemente, usando a lógica dos sensatos, percebe-se perfeitamente que a minha assertiva é verdadeira.
João Pessoa, 12 de julho de 2012.
*Escritor pombalense, autor do livro "Maringá o Nome Verdadeiro". Promotor de Justiça em João Pessoa PB.
scoelho@globo.com
MARINGÁ & NINA
Reviewed by Clemildo Brunet
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7/12/2012 04:49:00 PM
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Um comentário
Tudo bem?
Li o seu texto com muita atenção como costumo faze-lo. O remeti pra Renner, mas ainda não tive resposta. De minha parte tenho algumas considerações a fazer. O seu livro foi lido de cabo a rabo tanto por mim como Renner.Escutei muito bem o que amigo falou sobre o que leu. Repare bem. Na pagina 66 voce fala que o Coronel ingressou na policia aos vinte anos coagido pelas forças das circunstancias. Entendemos tais circusntancias. Agora acontece que em 1918, Nina tinha apenas 15 anos, o que significa que o seu namoro com Arruda ainda não havia começado. Coincidente ou não, logo que o pai soube que a filha estava namorando com um rapaz cinco anos mais velho, não sei dizer se isso contribuiu, mandou as filhas pra Cajazeiras a fim de completarem o ensino fundamental, por conseguinte afasta-la do namorado. Essa é uma das contradições. Outras dizem respeito a origem maternal de Nina. Voce diz que Nina é filha de Maria Malfada. Fala ainda que Nina só teve dois filhos quando na realidade são seis.Voce fala sobre o obstaculo que a Mãe de Arruda fazia para que o namoro não tivesse continuidade, porque Nina era morena. Nunca existiu esse tipo de racismo velado. Bem, não posso enumerar todas as contradições observadas no seu livro. Mas, o mais grave é que voce produziu um documento sem escutar a outra parte, no caso os filhos de Nina, nem tampouco pedir permissão pra historiar um breve momento da vida dela enquanto jovem em Pombal. Lembre-se que quando se escreve o um livro, que envolve pessoas, está se fazendo história. Não existe história real, imparcial, quando se escuta ou investiga apenas uma parte. Foi isso o que voce fez. Devia ter pedido permissão da familia para para incluir o nome de Nina no seu livro. Quando voce se refere a Nina ocasiona um certo juizo de valor. Acontece o que voce escreveu sobre Nina se perpetuará no tempo. Toda familia tem sua história, tem a sua, a minha e tantas outras. Através da oralidade as coisas vão passando de geração pra geração. O curso da vida real de Nina não pode ser alterado tal qual com está no seu livro. Abraços do amigo Ignacio
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