AÇÃO E PALAVRA
Severino Coelho |
Por Severino Coelho Viana*
Cada
palavra dita, muitas vezes, nós não sabemos o sentido real que quer dizer o
eminente que fica nas entrelinhas, depende do gesto, da alteração ou da
moderação da voz; do brilho no olhar, do sorriso afável ou maroto. Cada
situação é preciso distinguir com perspicácia, pois a sutileza das palavras às
vezes chega a ser hilariante.
Existem
pessoas que adoram fazer o bobo da corte. É o palhaço que não tem circo, pulula
de porta em porta. Agradar por agradar é o mesmo que dizer e
não fazer, é uma
coisa vaga, é um estado de submissão psicológico, é o medo do nada, é o desejo
de satisfazer a outrem, é falta de sinceridade, é o interesse obscuro que está
escondido por trás do véu da verdade.
As
pessoas que não sabem dizer não, geralmente parecem ser mais gentis do que as
outras. A negativa depende da forma como é pronunciada que termina sendo uma
resposta positiva para os dois lados. O agradar somente para agradar é uma
chatice. Mas que fique claro que não é bem assim. Você parece ser mais legal,
porque acaba não contrariando ninguém, mas acaba enrolando a pessoa ou pedindo
para outra dizer o não no seu lugar. É covardia pura.
É
muito triste quando ouvimos uma resposta positiva de quem depositamos total
confiança e no final das contas tudo não passa de uma mera ilusão. O prazer de
iludir, a sensação de enganar, a vontade de fazer o mal. Mas não se deve
desanimar por conta de meias verdades, pois coisas melhores virão. No momento
fatídico nos causa espanto e vergonha de compartilhar do meio escabroso. Mas
não existe vergonha em quem mente descaradamente. Quem vive de jogo sujo. Para
este o anormal é o caminho do bem.
É
muito importante que você consiga ser coerente com seus valores. Não é não. Sim
é sim. Não seja cruel consigo mesmo e nem engane as pessoas dizendo “sim”
quando seu sentimento está para “não”, no fundo você está se enganando. Você
acaba se confundindo e nem você sabe o que quer. Muitas pessoas têm essa
dificuldade, concordam quando queriam discordar. Esta dificuldade é falta de
autoafirmação.
Na
dinâmica do processo do viver da vida moderna, há que se cuidar para não
ignorar o tênue limite entre agradar o outro e desagradar a si mesmo. É preciso
aprender a encontrar o equilíbrio, cedendo e se impondo simultaneamente, num
ritmo saudável e evolutivo.
Podemos conhecer o homem pelos seus atos. Suas
palavras nem sempre condizem com suas atitudes. Seu caráter então está
disfarçado, como lobo em pele de cordeiro.
O
homem que reza, que fala de Deus, que se diz seguidor de seus mandamentos, mas
não os aplica verdadeiramente em sua vida, foge do caminho, se perde em suas
imperfeições.
Falar
é importante para ajudar e ensinar, mas dar exemplo pelos bons atos é mais
importante ainda, porque todos nós sabemos que uma imagem vale mais do que mil
palavras.
É
por isso que o verdadeiro caridoso não se exalta, não grita a todos o que fez,
porque ele sabe que tudo o que disser será usado como comparativo de suas
ações, tudo o que disser será visto como uma propaganda de si mesmo.
A
caridade deve ser feita, apenas isso, ela não precisa ser divulgada no sentido
de se engrandecer o trabalhado caridoso, mas deve ser divulgada no sentido de
abrir oportunidades aos que necessitem daquele trabalho.
Falar
de Deus, falar de Jesus, citar versículo da Bíblia ou da Torá; falar de
qualquer filosofia em nome do bem, mas não agir conforme seus ensinamentos é
fingir ser bom e se manter incoerente com o que realmente se deve praticar.
Há
quem diga "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço", pobre
deste que não sabe o mau exemplo que está dando. Palavras nos impactam muito
menos do que gestos.
Amai-vos
verdadeiramente, perdoai-vos verdadeiramente, não só pelos dizeres, mas sim
pelo teu coração.
Como
diz o ditado que se encaixe perfeitamente na lógica do nosso raciocínio: “o
silêncio é ouro, a palavra é prata”.
João
Pessoa, 08 de maio de 2013.
*Escritor
pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa – PB.
AÇÃO E PALAVRA
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/08/2013 09:33:00 AM
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