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CICLOS ECONÔMICOS DE POMBAL

Ignácio Tavares
Ignácio Tavares*

Primeiro Ciclo

Frase chave: vida, morte, reinício dos ciclos econômicos da minha terra. Vejamos: faz algum tempo que estou a sustentar a tese de que a base econômica de Pombal sustenta-se na agropecuária, no comércio, bem como n’outras singelas atividades industriais urbanas, entre outros ofícios baseados no setor serviço, sendo este, fundamentado nas atividades de educação, saúde e movimentação financeira, via instituições bancárias, entre outras.
  
As estatísticas dos anos cinquenta registram que a economia local esteve entre as dez mais prósperas do Estado da Paraíba. È provável que este momento esplendoroso tenha acontecido naquela década promissora. Pois é, esta fase estendeu-se até inicio da década de setenta porquanto a cultura do algodão reinou como principal atividade de mercado.  Isso mesmo, a atividade algodoeira nos bons tempos foi a mais importante atividade geradora de emprego e
renda de todos os tempos. Ademais, esta atividade atuou como força propulsora dos demais setores produtivos que em grande medida contribuiu para o fortalecimento da economia do nosso município, porque não, também do sertão. Essa fase caracteriza o primeiro ciclo de prosperidade econômica do município de Pombal.
  
É verdade que, nos bons tempos, no topo da cadeia produtiva do algodão havia grandes empresas envolvidas nas funções de beneficiamento e comercialização. As relações entre compradores e vendedores eram estáveis, para não dizer confortáveis, porque os preços praticados no mercado estavam além dos encargos de produção. Foi o ciclo do “ouro branco” quando o homem do campo nunca d’antes ganhou tanto dinheiro enquanto produtor de algodão.

Era uma festa e tanto, pois os grandes e médios proprietários, diante da garantia de mercado, ano a ano incorporavam mais terras a fim de aumentar o volume produzido, por conseguinte a renda e os lucros auferidos. Desse modo na medida em que crescia a produção do algodão, aumentava o nível de emprego, também a massa salarial.

Por outro lado, n’outra vertente, a Brasil Oiticica S/A, assegurava a comercialização dos frutos da oiticica.  Era um dinheiro a mais para o produtor rural em seguida a safra do algodão. Em certa medida a injeção de volumosos recursos no mercado consumidor impulsionava  atividades comerciais, que gerava novas oportunidades de empregos na mesma dimensão que o setor crescia. Dessa forma, quanto mais se empregava mais se fortalecia a base econômica do município.

Este cenário de prosperidade não foi capaz de se perpetuar no tempo. No fim dos anos cinquenta ao inicio dos anos sessenta, de forma surpreendente a indústria de beneficiamentos de algodão, bem como a principal empresa de comercialização anunciaram o encerramento de suas atividades. Desse modo o complexo beneficiamento/comercialização de algodão (Sanbra e Anderson Clayton) em larga escala encerra sua atividade para sempre na cidade de Pombal. É o começo do fim da atividade algodoeira no sertão paraibano, particularmente em Pombal.

Somente a Brasil Oiticica permaneceu ativa no mercado. Desse modo nos primeiros cinco anos década de sessenta a crise do algodão já era um fato real. A área cultivada caiu consideravelmente gerando desemprego em massa. A oiticica permaneceu firme como alternativa de fonte de renda para o produtor rural, porem em escala inferior aos rendimentos proporcionados pela cultura do algodão.
  
Da mesma forma, a Brasil Oiticica entrou em estado de crise em razão da concorrência dos produtos sucedâneos (óleos de dendê e babaçu) cujo reflexo foi a desvalorização do preço do óleo da oiticica. Esta situação levou a indústria, de forma lenta, gradual, desativar seus equipamentos, encerrando assim, definitivamente o ciclo de atividades de extração do óleo da amêndoa do fruto da oiticica, justo na década de setenta.
  
Logo em seguida a, após a retirada da Sanbra e Anderson Clayton do mercado, o pouco algodão que se produzia destinava-se a uma usina de beneficiamento localizada no espaço onde funcionou a SANBRA. Aconteceu que com o passar dos anos, o empresário que estava à frente do empreendimento percebeu que a crise de mercado estava a dificultar a comercialização da fibra do algodão.
  
A solução foi vender a unidade de beneficiamento de sua propriedade a uma cooperativa de produtores rurais que conseguiu operar por algum tempo com dificuldades de mercado. Em razão desse problema concentrou suas atividades na produção da torta para alimentação animal. Permaneceu ativa por algum tempo porque o mercado para esse tipo de produto sempre foi promissor.

Acontece que a torta é um subproduto que depende da atividade de beneficiamento da fibra de algodão. Logo se não há fibra para ser beneficiada, com certeza não haverá matéria prima para produção da torta. Isso significa dizer que ao cessar as atividades de beneficiamento de algodão, cessou também a produção de torta. Foi isso o que aconteceu, seja paralisação geral.
 
Este foi o triste destino da atividade algodoeira, por conseguinte o fim do primeiro Ciclo de prosperidade do município de Pombal, cujo ápice foi atingido, justo, nos anos cinquenta do século passado. Reafirmo. Logo após o fim do primeiro Ciclo de prosperidade economia do município permaneceu estagnada, pra melhor dizer, parou justo no ponto de inflexão da curva de crescimento na expectativa de uma reacomodação baseada na pratica de outras atividades desvinculadas da cultura do algodão.
Desse modo, no fim da segunda década dos anos setenta a atividade algodoeira não passava de uma vaga lembrança daquele bom tempo que se foi para sempre. Foi assim que terminou o primeiro Ciclo econômico de Pombal. É importante ressaltar que Pombal jamais foi à terceira economia do Estado, nem mesmo nos tempos da escuridão das estatísticas de produção, a não ser não agora na era da escuridão mental de quem faz tão esdrúxula afirmação.
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João Pessoa, de 12 de Junho 2013


*Economista e escritor pombalense
CICLOS ECONÔMICOS DE POMBAL CICLOS ECONÔMICOS DE POMBAL Reviewed by Clemildo Brunet on 6/11/2013 05:01:00 PM Rating: 5

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