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O Brasil precisa de novos paradigmas


Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

O Brasil consciente esperava o pronunciamento da Presidente da República, Dilma Vana Rousseff, com ansiedade, o país tumultuado pelas manifestações populares exigia esse ato para ter um rumo a ser seguido, orientado evidentemente pela autoridade maior. O que ouvimos foi um discurso elaborado, e muito bem elaborado, pelo departamento de marketing da Presidência da República, com fins específicos, de mais uma vez, tentar, com palavras, mostrar ações que na prática nada dizem.

É repetitivo, enfadonho, mas é preciso dizer, precisamos de novos paradigmas para o país seguir em paz. O modelo que aí está envelheceu com os repetitivos erros e
o descrédito generalizado; hoje não temos mais espaço para paliativos, precisamos de atitudes pontuais e consistentes, com eficiência e eficácia.

Antes do discurso da presidente, ouvimos pérolas descabidas, ditas por autoridades constituídas, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, numa colocação infeliz, na sexta-feira (21) disse que a Jornada Mundial da Juventude, o evento católico com a participação da sua santidade Papa Francisco, poderá ser realizado “num clima em que esteja ocorrendo manifestações”, profunda insensatez, há coisas que podemos pensar, mas, devemos silenciar, esse é um caso específico, esse tipo de colocação pode fomentar mais atitudes impensados por parte de alguns elementos nocivos e contrários ao movimento pacífico que se estabeleceu no país, infelizmente com penetração de pessoas não desejáveis à sociedade e alheias ao movimento, alimentando os confrontos que ocorrem por todo país, entre esses vândalos e as PMs.

O governo deu seu recado sem ser aquele esperado por muitos, com objetividade sem retórica ou sofisma, mas de cunho solidário as causas do movimento. Do outro lado a oposição continua silenciosa, com atuações isoladas, com recados pífios de alguns líderes que esperam o resultado das ações para poderem se pronunciar definitivamente, o que está errado, o certo seria, nesse momento de turbulência, para a sociedade, a oposição se fazer presente de alguma forma, ela, a oposição, faz parte do contexto do Estado Democrático de Direito. Se posicionar, mesmo não participando diretamente dos atos públicos, mas presente na mídia e nas suas casas de trabalho. O que podemos verificar é uma ausência sentido pelo povo, no encerramento da última sessão da semana, no senado federal, ontem (21), ficou denotado a indiferença da grande maioria oposicionista, no final dos trabalhos, por volta da ½ hora, apenas o presidente da sessão, senador Paulo Renato Paim (PT/RS), o orador final, senador Pedro Jorge Simon (PMDB/RS), e um único ouvinte, senador Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque (PDT/DF). Portanto, dos 81 membros do senado, apenas três participantes numa sessão de encerramento de uma semana atípica para o Brasil. Além disso, nenhum participante da oposição, o mesmo ocorrendo no dia anterior (20), quando do encerramento, na vigília que foi feita. É um quadro triste e profundamente melancólico.

Em contrapartida, seis (6) líderes do movimento sentaram com o Diretor-Geral da Câmara, Sergio Sampaio, apresentaram uma pauta de treze (13) reivindicações, elaborada de próprio punho, de profundo anseio popular e de conhecimento da grande maioria:

1)     Não as PECs 33 e 37;
2)     Fim do voto secreto;
3)     Investimento na Saúde, Educação e Segurança;
4)     Super faturamento da copa (CPI);
5)     Retirada de Renan Calheiros da presidência do senado;
6)     Estado Laico efetivo;
7)     Cassação e prisão dos mensaleiros;
8)     Corrupção como crime hediondo;
9)     Fim do Foro Privilegiado;
10)  Veto ao ato médico;
11)  Melhorias no transporte público;
12)  Redução salarial dos parlamentares;
13)  Voto não obrigatório.

Fica claro que o surgimento de alguns líderes começa aparecer, e com bastante coerência e objetividade nos seus propósitos, portanto, o governo já tem com quem sentar e conversar, na tentativa de inibir ou mesmo parar com novas ações, evitando derramamento de sangue entre irmãos brasileiros, com retorno da paz ao país que é sede da Copa das Confederações, e o campeonato possa transcorrer na mais pura tranqüilidade em nossa terra; e para a realização da Copa do Mundo de 2014 esse movimento democrático não venha trazer seqüelas aos organizadores e patrocinadores, com mais prejuízo aos cofres públicos, tudo isso depende de ações governamentais. É bom lembrar, enfatizando: “Apenas pelas palavras o ser humano alcança a compreensão mútua. Por isso, aquele que quebra sua palavra atraiçoa toda a sociedade humana”. (Michel Eyquem de Montaigne – 1533/1592 – político, filosofo, escritor e cético francês).
 *Escritor e articulista político 

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O Brasil precisa de novos paradigmas O Brasil precisa de novos paradigmas Reviewed by Clemildo Brunet on 6/23/2013 06:47:00 AM Rating: 5

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