POMBAL: O 18° IDH do Estado
ignácio Tavares |
Ignácio
Tavares*
Fale da sua aldeia e estará falando para o
mundo (Dostoievski)
Os
cientistas sociais, em particular os economista, há muito tempo estão a
construir índices cuja finalidade é aferir o grau de desenvolvimento econômico
e social de países, estados, regiões e municípios.
A renda per
capita, ainda hoje, continua ser um importante indicador com o qual se mede a
evolução das economias em qualquer estágio de crescimento. É tanto que até hoje
se convenciona que os países de renda per capita elevada são considerados os
mais desenvolvidos do planeta. É provável,
mas, nem sempre as coisas funcionam
assim. Há contradições.
Em meio as
contradições sobre a questão renda per capita, o meio acadêmico faz severas
restrições quanto ao uso do referido índice para medir o grau de
desenvolvimento econômico e social sob a alegação de que o mesmo não passa de
uma simples relação entre o valor do produto interno bruto e população, que
implicitamente esconde problemas de distribuição de renda com graves
consequências sociais.
Desse modo,
para dirimir dúvidas, cientistas sociais conhecedores de instrumentos
quantitativos aprofundaram os estudos e constataram que a renda per capita por
si só não era capaz de medir o desenvolvimento na sua plenitude. Isto é, não expõe
a magnitude dos benefícios humanos conquistados ao longo do tempo, nem tampouco
os níveis de bem estar das diversas camadas sociais.
Assim
sendo, para corrigir essa deficiência outros índices foram construídos com
destaque para o IDH ou índice de desenvolvimento humano, entre outros
assemelhados. Com efeito, com os índices atuais hoje é possível aferir o grau
de desenvolvimento econômico e humano, com pequena margem de erro.
É isso
mesmo, entre os vários índices, o IDH é bastante usado em pesquisas na área do
desenvolvimento humano, uma vez que envolve três indicadores básicos, quais
sejam: educação (alfabetização, taxa de
matricula, etc.), longevidade, qual seja expectativa de vida ao nascer, bem
como o PIB per capita.
A média
desses três elementos, strictu sensu, define o grau de desenvolvimento humano
em determinado ano, levando-se em consideração certo período de tempo, no qual
é possível observar a expansão da economia e suas consequências sociais.
É claro que
pouco importa o nível de desenvolvimento do país, estado, ou município a ser
estudado, pois a metodologia aplica-se a qualquer cenário de desenvolvimento
econômico e humano.
O IDH tem
um campo de variação entre 0 a 1, o que quer dizer que, quanto mais próximo de 0
menor será o índice de desenvolvimento humano. Por outro lado, quanto mais
próximo de 1, maior será o nível de bem estar humano.
No
intervalo de 0 a 1 é possível classificar diferentes graus de
desenvolvimento, quais sejam:
De 0,001 até
0,499 – o índice é baixo
De 0,500 até
0,799 – o índice é médio
De 0,800
pra cima - o índice é alto.
Pois é, nem
sempre um índice médio ou mesmo alto em alguns casos, significa dizer que o
País, estado, município ou região seja economicamente desenvolvido. Há vários
exemplos que evidenciam fatos dessa natureza.
Um País
pode possuir uma renda per capita baixa, mas, pode ter excelentes serviços de
educação e saúde, por conseguinte boa expectativa de vida ao nascer. Nesse caso
há uma tendência para que o IDH seja médio, ou até mesmo alto.
É o caso de
Cuba cujo IDH é 0,78 enquanto o Brasil, considerado a sexta economia industrial
do mundo, apresenta um IDH de 0,73, ocupando o 85° lugar em escala mundial, porquanto
Cuba, um país pobre de baixa densidade industrial, ocupa o 59° lugar.
Para
ilustrar o que estou a falar, aqui bem próximo ao Brasil, a Argentina ocupa o
45° lugar, na escala mundial, mas, da mesma forma é dotada de uma base
econômica incomparável a brasileira. Essa posição da Argentina, fundamenta-se
na existência de uma boa expectativa de vida, acima da nossa, bem como serviços
de educação e saúde de excelente qualidade.
Diante do
exposto deduz-se que o crescimento da economia por si só não é capaz de
promover desenvolvimento social/humano nos padrões desejados. Desse modo fica
claro e evidente que as melhorias de bem estar social dependem de outras
variaveis além da expansão da economia.
Assim dá
para entender que o IDH é um índice de desenvolvimento humano e não de
desenvolvimento econômico. Mas não deixa de ser um importante indicador, pois, exibe
de forma clara que, para melhorar as condições de vida de um país, estado e
município é preciso que se faça crescer simultaneamente todos os elementos que respondem
pela formação do IDH, em determinado período de tempo. Bem digo, somente assim
será possível promover o bem estar social no sentido amplo, justo, sobretudo
prazeroso.
O que acabo
de explicar tem a finalidade de tornar mais claro o que vou expor doravante.
Tudo bem. O PNUD publicou recentemente o
Atlas do Desenvolvimento Humano no qual consta o IDH do estado e
municípios cujos valores estão em ordem decrescente segundo o grau de
desenvolvimento humano dos 223 municípios do estado.
Eis aqui
apenas alguns índices de municípios próximos a Pombal e outros mais distantes
porem de bases econômicas diferenciadas de acordo com a dimensão do PIB de cada
município.
Mais
próximos:
Municípios IDH
Ranking Economia
Catolé 0,640 16°
Regular
Pombal 0,634 18° Regular
Sousa 0,668 15° Forte
Malta 0,642 12° Fraca
Mais
distantes:
Municípios IDH Ranking Economia
Várzea 0,707 4° Fraca
Coxixola 0,641 11° Fraca
Os
municípios acima estão entre os vinte maiores índices de desenvolvimento humano
do estado. Pombal é o 18° IDH (0,634) portanto com esse índice, o nosso
município em termos de desenvolvimento humano, posiciona-se abaixo do de
Sousa(0,668), de Catolé(0,640) do Rocha, bem como de Malta(0,642)
A
desvantagem de Pombal com relação a Sousa deve-se em grande parte a pouca
representatividade da nossa economia na formação do índice de IDH. A renda per
capita do município de Sousa está além de Pombal, dada a força da sua base
industrial, por conseguinte da sua economia.
Com relação
a Catolé, os índices estão próximos, com forte tendência de avanços no seu IDH
nos próximos anos, porque a economia desse município apresenta auspiciosos sinais
de expansão em contraposição as expectativas de crescimento da economia de
Pombal.
Malta
posiciona-se no 12° lugar o que mostra que um município pequeno de economia
fraca pode ser capaz de proporcionar a sua população um índice de
desenvolvimento humano bem acima de outros municípios de economia mais robusta.
O mesmo
pode ter acontecido com os municípios de Várzea e Coxixola. Reafirmo que essas
conquistas estão a depender da execução de políticas públicas compatíveis com
os anseios da população.
Diante dos
números expostos neste texto, com relação a Pombal, pode-se dizer: menos mal,
porque o nosso município em termos de desenvolvimento humano está medianamente
bem. É claro que estar entre os vinte municípios de maiores IDH no estado já é
um grande feito. Podia ser melhor se houvesse um olhar, por parte do poder
público, menos contemplativo e mais efetivo, em termos de políticas públicas na
busca de melhorar os números da economia da sofrida terrinha.
Há poucos
dias falei que o município de São Bento está prestes a tomar de Pombal a quarta
posição de economia mais importante do sertão paraibano. Desconfio que essa
mudança no ranking da economia sertaneja já tenha acontecido, falta-me apenas
verificar.
É verdade
que estamos ganhando no item desenvolvimento humano, mas estamos a perder no quesito
economia. Seria melhor que ganhássemos nos dois, não é? Aí sim estaríamos entre
os dez municípios mais importantes do estado em termos de IDH, e
desenvolvimento econômico.
Obs. Esses
dados foram extraídos do Atlas do Desenvolvimento Econômico e Humano, publicado
pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Econômico e
Humano) dados do Censo de 2.010, ano base 2.000.
João
Pessoa, 08 de Setembro de 2013
*Economista
e Escritor pombalense
POMBAL: O 18° IDH do Estado
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/09/2013 09:41:00 AM
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