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Toques e Retoques

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

Agosto, um mês de muitos acertos e desacertos, dentre eles, a Câmara Federal vai soçobrar, por justa causa, caso o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) ratifique o gesto do ministro Luís Roberto Barroso, quando concedeu liminar (decisão provisória), suspendendo os efeitos da sessão da última quarta-feira (28), daquela corte, com a rejeição da cassação do mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO); o assunto devia ter sido tratado diretamente pela mesa administrativa da casa. O Brasil espera uma atitude positiva do STF, corrigindo um erro que levou aos democratas brasileiros um estado de angústia, resultado do comportamento execrável por parte da maioria dos deputados, naquele dia/noite.

A liminar que provocou a reabilitação republicana é
de autoria do deputado Carlos Sampaio, líder do PSDB na Câmara, congressista pelo Estado de São Paulo. Enquanto isso, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Lira Alves (PMDB/RN), numa posição incomoda depois do resultado vexatório, solicita ao STF um julgamento urgente ao mérito da questão, para que torne o caso encerrado definitivamente.

No plano internacional, a fuga do senador boliviano, Roger Pinto Molina, esteve no noticiário internacional, na segunda quinzena de agosto, em decorrência de ser um assunto nunca visto antes na historia da nossa diplomacia. As consequências pela ajuda dada, ao senador fugitivo, pelo nosso diplomata Eduardo Saboia, encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em La Paz, Bolívia, já teve as primeiras baixas, quando o ministro de Relações Exteriores, Antonio Aguiar Patriota, já bastante desgastado no cargo, e há muito tempo, não contando com a simpatia da presidente da República, Dilma Vana Rousseff, foi demitido e substituído pelo novo embaixador Luiz Alberto Figueiredo, que era representante do Brasil junto à ONU (Organização das Nações Unidas), para onde seguiu o Antonio Patriota, para ser chefe da Delegação Brasileira, naquele órgão.

Outro assunto que está envolvendo as nossas relações exteriores é o caso de espionagem, agora envolvendo a presidência da República, com a divulgação de documentos provando escutas nas comunicações de membros do nosso governo central pelos EUA (Estados Unidos da América), num gesto ilegal e imoral, verdadeira afronta a nossa soberania; hoje quando nos cercamos da parafernália tecnologia, com o uso das plataformas digitais a serviço da moral e da falta de escrúpulos, dependendo da formação e da ética de cada povo.

Não podia ser diferente, e com o apoio de todos os brasileiros, indiferentemente de corrente ou ideologia política, esse caso está sendo tratado por setores competentes do governo e autoridades devidamente credenciadas para essa finalidade. Há uma indignação generalizada não só no executivo como no legislativo brasileiro, levando, inclusive, o Senado Federal a instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para questionar o governo americano da sua atitude e uma retratação formal, na expectativa de tornar as nossas relações menos tensa e mais cordial.

Lamentamos que o governo do presidente Barack Hussein Obama II, no seu segundo mandato (2012), eleito como uma esperança para a democracia mundial, pelo seu discurso ao primeiro mandato do governo americano, sendo laureado com o Premio Nobel da Paz (2009), ano da posse do seu primeiro mandato, muito mais pelo que ele poderia fazer em benefício da humanidade e não pelos seus feitos até então, apesar do seu esforço para reforçar o papel da diplomacia internacional, e fundamentalmente, a cooperação entre os povos.

Em função dos últimos acontecimentos só podemos lamentar que aquela expectativa tivesse se transformado numa realidade melancólica, entristecendo o mundo democrático que tanto lutou pelos ideais humanitários e a soberania dos povos. É o entardecer de um sistema que tem que ser reavaliado e refeito, se quiser continuar vivo.

É de se supor que a democracia aliada ao capitalismo selvagem não tem conseguido bons resultados nos EUA ou no Brasil, nem mesmo em qualquer outro país; devemos observar que o Brasil não é um país menor, é a 7° potencia econômica do planeta, mesmo que estivesse num patamar inferior, teria que ser respeitado pelo parceiro estratégico que sempre foi com os americanos e não ser ferido na sua soberania.

Há notícias que a espionagem por parte dos EUA foi direcionada a área comercial, Imaginamos uma democracia com o capitalismo moderado, sem o desejo desenfreado do lucro ambicioso, para que formemos uma geração futura sem os erros e os vícios dos nossos contemporâneos. O resultado é que em nome do poder econômico e da superioridade obstinada estamos acabando com o bom senso e a boa convivência.

Não somos mais avaliados pela nossa cultura ou tradição, o mais importante é a alta produção industrial e as reservas cambiais, mesmo que para esse intento tenhamos de ficar indiferentes aos gritos de socorro dos nossos vizinhos, sufocados pela fumaça dos destroços que promovemos em nome da supremacia, e desespero de um planeta que acompanha com desalento a irresponsabilidade daqueles que se dizem do primeiro mundo, ou chegando lá, sem o menor constrangimento em tratar a natureza com o desprezo dos sínicos devastadores e fomentadores do caos.

Avaliamos que setembro será um mês para juntarmos os cacos dos mal feitos sem a esperança de eliminarmos as sequelas dos disparates entre os poderosos e os oprimidos, do certo contra o errado, da consciência e a prepotência, assim sendo, temos que admitir: “Antes de começar o trabalho de modificar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa.” - Provérbio Chinês.

*Escritor e Poeta

dantasgenival@hotmail.com
Toques e Retoques Toques e Retoques Reviewed by Clemildo Brunet on 9/04/2013 01:29:00 PM Rating: 5

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