SÍNDROME DA FOFOCA
Severino Coelho Viana |
Por Severino Coelho Viana*
As pessoas que estão contaminadas pela síndrome da fofoca, não se aceitam por si mesmo, ou seja, não se conhece a si mesmo, falta-lhe a parte mais essencial que completaria a sua vida e a sua mente venenosa começa procurar a virtude botando o defeito nos outros, que termina não encontrando nada!
As pessoas do mal acordam logo cedo e dirigem-se à casa do vizinho com o propósito de pôr lenha na fogueira da fofoca. Elas são contaminadas de angústia interior que corroem as vísceras intestinais da malvadeza e
da perversidade.
da perversidade.
A fofoca, além de ser um defeito psicológico, é uma doença social, que maltrata todo o tecido benfazejo da sociedade.
As pessoas vivem cercadas de amizade não sinceras, às vezes, são vizinhas, trabalham no mesmo ambiente e estão permanentemente no mesmo círculo social. Pode levar muito anos para alguém conhecer outra pessoa. Até que um dia o véu cai do rosto, ocasião que descobrimos que a verdade era tudo mentira.
A fofoca é uma dos hábitos mais nocivos que pode existir. Na vida pessoal causa prejuízos, algumas vezes, irreparáveis e no ambiente de trabalho a situação não é muito diferente. Uma palavra dita e mal interpretada poderá acabar resultando em muita dor de cabeça.
Em primeiro lugar vamos tentar definir o que é fofoca: É a intriga, é a distorção premeditada de uma informação. Para alguns é um divertimento sem importância e para outros, que se sentem vítimas, pode ser uma forma de vingança, promovendo o mal. Nos dicionários encontramos a definição da palavra fofoca como "uma afirmação não baseada em fatos concretos com a intenção de enganar ou transmitir falsa impressão de uma pessoa, algum acontecimento ou fato ocorrido".
Na vida real isto quer dizer que viu um fato, mas deduziu, inventou e falou outra encenação criada no âmago do seu próprio egoísmo. Fez a miragem se tornar verdadeira dentro de sua própria ilusão.
É mais difícil conhecer a si mesmo – olha no espelho diariamente, observa aparência externa, mas encontra dificuldade para conhecer com mais profundidade suas fraquezas, comportamentos e íntimos sentimentos.
O tempo desperdiçado com uma fofoca pode ser coerentemente utilizado para gerar energia positiva e oportunizar novos negócios. Fique atento com o uso das diferentes ferramentas de mídia social e o que você divulga diariamente, pois podem passar a ser propagadoras de fofocas. Por outro lado, também observe que quando um colega anunciar "vocês sabem da última?" será necessário praticar o exercício de morder a língua. Certamente, você estará ouvindo mais uma informação, sem que os principais envolvidos estejam presentes.
Em uma equipe, o líder muitas vezes precisa agir com veemência, colocando um ponto final no início da fofoca e "calar a boca" de fofoqueiros com atitudes pontuais. Não é justo que uma equipe de trabalho seja prejudicada por um elemento que sabe parte de uma história e decide inventar um final, com o objetivo de disseminar a discórdia. Neste sentido, busque conhecer melhor a si mesmo e jamais esqueça, que estando no meio de fofoqueiros, por mais que você não seja, será visto com um deles.
É uma pessoa de coração impiedoso. Pode destruir famílias, perder amizade, criar intriga familiar, causar prejuízo em negócio alheio e, por último, todos os males se voltam contra si e, organicamente, poderá ser portadora de um cancro cancerígeno.
Vejamos a fábula do padre e a mulher fofoqueira:
Uma mulher estava fazendo fofoca com uma amiga sobre um homem que ela mal conhecia. Naquela noite ela teve um sonho. Uma grande mão apareceu sobre ela e a apontou para baixo. Ela foi imediatamente apreendida com um esmagador sentimento de culpa.
No dia seguinte ela foi para a confissão.
Ela falou com o velho padre, Padre O´Rourke, e ela contou a coisa toda. "Fofoca é um pecado"?
Perguntou ao velho.
"Foi à mão de Deus Todo Poderoso apontando um dedo em mim? Devo ficar pedindo a sua absolvição? Padre me diga, eu fiz algo errado?"
"Sim!"
Padre O´Rourke responde para ela. "Sim, sua ignorante feminina que eleva o mal. Tem feito falso testemunho contra seu vizinho! Tem jogado rápido e solto com a sua reputação, e deve se sentir duramente envergonhada!"
Então a mulher disse que lamentava e pediu perdão.
"Não tão rápido!" Disse o Padre O´Rourke: "Eu quero que vá para casa, pegue um travesseiro e leve-o até seu telhado, corte-o e abrindo-o com uma faca, e volte aqui!".
Então a mulher foi para casa, pegou um travesseiro de cima da cama, uma faca da gaveta, subiu a escada de incêndio até o telhado, e esfaqueou o travesseiro. Então ela voltou para o velho Padre da paróquia como a havia instruído.
"Você rasgou o travesseiro com a faca?" Perguntou ele. "Sim Padre."
"E qual foi o resultado?"
"Plumas", disse ela.
"Plumas" ele repetiu.
"Plumas em todos os lugares Padre".
"Agora eu quero que volte e reúna todas, até as últimas plumas que voou para fora com o vento!"
"Bem", disse ela, "não pode ser feito. Eu não sei aonde elas foram. O vento levou-as para todos os lados."
"E isso", disse o Padre O´Rourke, "é fofoca!"
Para complementar o raciocínio trazemos outra fábula que servirá de antídoto para a língua do fofoqueiro de plantão:
Conta à lenda que um cachorro velho, muito experiente e sabido, perambulava pela savana quando apareceu um leão faminto e muito perigoso.
Pois ao ver o leão, o cachorro fez um monte de ossos velhos e quando o leão se aproximou, exclamou:
-Puxa, como é bom comer carne de leão! Pena que este acabou!
O leão, quando viu aquilo, fez um desvio estratégico e sumiu na mata. Acontece que um macaco, muito do puxa-saco, viu tudo e foi avisar o leão:
-Deixa de ser bobo, leão. O cachorro está é blefando. Ele nunca come leão nenhum.
O leão custou a se convencer, mas resolveu voltar, com o macaco montado no seu lombo e, em desagravo pela ofensa sofrida, fazer um lanchinho com o cachorro.
Acontece que o cachorro estava de sobreaviso, pois viu quando o macaco fofoqueiro foi avisar o leão.
Quando os dois se aproximavam, o cachorro velho exclamou em voz alta, para que os dois ouvissem:
-Puxa vida! E aquele macaco tratante? Ficou de me trazer outro leão para comer e até agora nada!
Moral da história: por via das dúvidas é melhor ouvir cachorros velhos e experientes do que macacos novos e adesistas.
"A inveja é como um sapo: tem olhos grandes e está sempre na lama".
João Pessoa, 11 de setembro de 2013.
*Escritor pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa PB.
SÍNDROME DA FOFOCA
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/12/2013 09:43:00 AM
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