Lembranças e Fatos
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Passada a
semana da pátria, longe dos anos dourados da nossa infância, fica sempre
lembranças de uma época cujos valores eram fundamentados na família e na
pátria, a dimensão era tão importante e para quantifica-la em nossas vidas, o impacto
da sua ausência nos dar uma ideia de grandiosidade desse sentimento tão
arraigado à cultura de uma época. E assim vamos nos conformando, tal qual a
matéria prima num molde e se transformando num produto acabado dando harmonia
interna e externa, enquanto a natureza não seja agredida na sua essência.
O quadro
Independência ou Morte, conhecido como Grito do Ipiranga é a marca ou obra mais
importante, que ficou da representação de momento histórico na proclamação da
Independência do Brasil. Trata-se de uma tela sob encomenda da Família Real ao
pintor paraibano Pedro Américo de Figueiredo e Melo e
entregue 66 anos após o
ocorrido, em 1888, gerando uma série de polemicas a respeita da sua legalidade
e finalidade. Dentre as dúvidas a mais intrigante é o autorretrato do autor no
quadro, quando o seu nascimento (1843) é posterior ao fato histórico (1822);
depois, e em viagens longas, à época, usavam-se jumentos e mulas, nunca cavalos;
uniformes de gala para essas ocasiões eram impróprios, além de outras situações
conflitantes.
Outro
elemento que nos remete à Semana da Pátria, é O Hino Nacional Brasileiro, um
dos quatro símbolos da República Federativa do Brasil, os outros são a bandeira
nacional, as armas nacionais e o selo nacional. O hino, feito por Francisco
Manuel da Silva (1822), adotado pelo Brasil Império em 1831 e pelo Brasil
República em 1890, presidente, alagoano, Marechal Manoel Deodoro da Fonseca.
100 anos depois da sua autoria foi pago cinco contos de réis (5:000$), pelo
então presidente da república, o paraibano, Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa, passando o Estado
brasileiro a ser proprietário da música
e da letra feita em 1909 por Joaquim Osório Duque Estrada, conforme decreto
lei n° 4559 de 21 de agosto de 1922;
sendo oficializado pela lei n° 5700, de 01 de setembro de 1971, no governo
militar, presidente Emílio Garrastazu Médici, gaúcho de Bagé (1905/ 1985). Finalmente, em 22 de setembro de 2009, no
governo do pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se obrigatório a
execução do hino nacional nas escolas públicas e particulares, do ensino
fundamental, em todo território nacional, ao menos uma vez por semana.
É o Brasil das interposições e das
celeumas, até mesmo e principalmente na história da separação do Brasil do
domínio do império português e a consequente proclamação da república foi feita com marcas e marcos de um povo
que sempre lutou pelos seus ideais, cuja sociedade buscou com toda garra os
anseios de liberdade. Apesar da dor e do sofrimento ficou o acalanto da voz das
ruas insurgidas contra os poderosos em todos os tempos de conflitos e
confrontos.
A luta nunca vai parar, nos nossos
dias não há mais o encanto das passagens das bandas e fanfarras a desfilarem
nas ruas com a alegria e o contentamento da juventude de uma classe estudantil,
cheia de energia e vigor, que dominavam as paradas com uma energia
indecifrável, sob o sol escaldante do nordeste ou do frio tiritante do sul
brasileiro. Há sim, desfiles de soldados tensos sob os olhares angustiantes de
uma plateia composta de autoridades preocupadas com a incerteza do minuto
seguinte, situação provocada pela petulância dos vândalos surgidos no vácuo dos
movimentos de ruas a partir de junho último.
Não existe significado de luta por
ideais nacionalistas nos gestos torpes dos marginais mascarados que perambulam
pelas nossas ruas a quebrar o patrimônio público, patrimônio coletivo, esse é o
sentido de patrimônio público, e a destruição do patrimônio privado, num
verdadeiro desrespeito ao direito contido e adquirido pela nossa constituição
federal.
Para não entrar na linha de uma
bala perdida a população constrangida ficou a ver os acontecimentos pela tela
fria da sua televisão, quando a sonoridade dos acordes dos nossos hinos foram
trocados pelo barulho do estupido das balas de plásticos, não letal, e a fumaça
das armas dispersivas ou mesmo uivos de cães adestrados, estimulados pelos seus
condutores contra jornalistas e pessoas da imprensa livre no exercício das suas
profissões.
Sinais de um novo tempo, da falta
de gestão pública quando tudo é tolerado, a falta de controles, de pulso e
autoridade, descamba para a anarquia e a verdadeira orgia urbana,
principalmente nos principais centros do nosso país, país que se sente refém de
uma parcela da população que age em nome da violência e do prazer de destruir,
sem nada a acrescentar à nossa história, denigrindo o passado de uma nação
heroica e brava cujo presente é vergonhoso.
Autoridades que se fecham em defesa
das suas corporações e tão somente delas, políticos que trabalham em causa
própria sem a preocupação do coletivo e quando assim agem é por absoluto
interesse de benefícios financeiros ou dividendos que o seu gesto possa trazer
ao seu patrimônio. É a população carente de apoio e guarida, numa noite escura
e solitária sem o véu humanitário que possa dignificar o homem. É o próprio ser
humano a arrancar as vísceras do seu semelhante para alimentar seu egoísmo e
sua estupidez.
É o momento do irmão que antes
trabalhava e fazia a solidariedade, no limítrofe da confraria, às escondidas,
para o fortalecimento de toda uma comunidade, sem o interesse que o gesto nobre
da mão direita não fosse visto pela esquerda, hoje se esconde nas discrições
dos arrabaldes sem se preocupar com o núcleo dos problemas que inferniza e
chamusca sua própria urbe, se expondo ao mundo profano dos desníveis sociais e
culturais.
*Escritor e
Poeta
Dantasgenival@hotmail.com
Lembranças e Fatos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/12/2013 10:01:00 PM
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