A DIFÍCIL CONVIVÊNCIA FAMILIAR.
Em
que pese ser a família a célula básica da sociedade, a instituição, com as
estruturas abaladas, dão conta de que a prática nem sempre condiz com a teoria.
Há, em muitos casos, enorme distância entre o dizer e o fazer.
A família, entidade formadora de princípios éticos, vive
hoje a mercê de mudanças. O que devia ser um ambiente de amor transformou-se
num espaço de discórdia, um confronto de ofensas e desrespeito, verdadeiro
campo de batalha, onde cada um faz valer sua opinião a todo custo.
É sabido que a convivência humana não é fácil. A
propósito, disse alguém na sua maneira simples de falar: “o bicho gente, entre
todos os viventes é o que mais dificuldade sente de viver junto.” Quer no
trabalho, na escola, entre vizinhos e
até mesmo em família a dificuldade de
relacionamento é gritante, às vezes impossível. Destarte, em tom irônico, se
diz que “família unida só mesmo no retrato.”
Partindo da premissa de que a família é constituída de
pessoas de diversas idades e costumes variados, obviamente, o ambiente é
favorável a atritos, enfim, somos humanos, por isso, passivos de erros e
enganos. Contudo, é possível viver em harmonia respeitando as diferenças.
Alguns fatores são determinantes no relacionamento
familiar e sua falta pode invariavelmente fazer uma família infeliz,
transformando o que poderia ser um ambiente de paz num campo de guerra. A
convivência se complica a partir da falta de diálogo entre pais e filhos, mal
que se estende a todos agravando a situação. Sabe-se desde muito que a relação
entre casais e família está desmoronando. É comum intrigas entre pais e filhos,
irmãos, cunhados e contendas entre noras x sogras, principal causa de
desentendimento. É como se ambas disputassem o mesmo homem. Fator igualmente
agravante é a falta de comunicação, onde o homem, chefe da família, impondo uma
educação repressora, faz valer com intensa rigidez sua condição paternal
esquecendo que não basta ser pai, tem que ser amigo. É a certeza de que a falta
de afeto robustece os conflitos desfalecendo a boa convivência, podendo levá-la
a total falência.
A separação é a prova maior das relações conturbadas,
tornando o divórcio uma prática comum e a solução para os casamentos mal
sucedidos. E como se não bastasse, enquanto muitos não cumprem a papel de
esposo e pai dedicado, também algumas mulheres – e não são poucas – não são
dignas de exercer o sublime papel de mãe dado por Deus. Já outros, ignoram a
paternidade abandonando os filhos a mercê da sorte sem nenhum apoio
mostrando-se meros reprodutores.
É certo que as relações interpessoais se constituem um
tema delicado podendo gerar sérias consequências. As constantes brigas entre
casais na presença ou não dos filhos, dada sua gravidade tem caráter nocivo.
Palavras ásperas, gestos bruscos ou tom de voz alterado, podem representar
hostilidade. É uma manifestação danosa de alto nível de estresse e causadora de
dor e sofrimento a criança.
Entretanto,
é preciso discernimento para separar discussão e briga. Enquanto a discussão se
norteia em debates saudáveis de pontos divergentes, a briga traz resultados
maléficos para o casal, filhos e membros da família. Vale lembrar que antes de se constituir casal
os pares são formados de pessoas distintas e dotados de identidades próprias.
A hostilidade no seio da família é forte causa de
insegurança e medo a todos os seus membros. Seu efeito danoso funciona como
desarticulador dos costumes éticos, portanto, causa de desamor e desrespeito
entre o casal e filhos.
Alguns
conflitos são inevitáveis, porém, solucionáveis. Não há questão por mais grave
que seja que uma conversa franca e renúncia das partes não resolvam. Esta é a
receita para se viver em harmonia.
A
solidez do casamento é a certeza da felicidade familiar o que somente acontece quando
se fundamentada nos princípios cristãos. A esse respeito está escrito: “Se o
Senhor Deus não edificar a casa, não adianta nada trabalhar para construí-la.” Sl.
127:1. Portanto, a família é obra de Deus, criada como a mais importante das
relações humanas e assim deve se conduzir.
Infelizmente
não se conhece uma fórmula padrão que garanta aos casais e a família uma vida
feliz, salvo as lições adquiridas na convivência. Contudo, partindo dos
preceitos cristãos ensinados por Jesus de que devemos amar o próximo como a nós
mesmo, respeitando e aceitando as pessoas como elas são, podemos sim, assegurar
a estabilidade do casamento. Daí a constatação de que nos lares onde vivem o
plano de Deus a felicidade é uma certeza.
A
base da felicidade familiar está alicerçada na forma e na vontade de cada membro
em torná-la feliz. Assim pensando, disse Frederico Luis Jahn: “O segredo para
viver em paz consiste na arte de compreender cada um, segundo a sua
individualidade”.
Apesar
dos pesares ainda creio na família como elemento edificador do futuro.
Aproveitemos
o ensejo natalino para repensar na convivência familiar e reconstruir os laços
de união na certeza de que ainda é possível salvar as famílias que se agonizam
sem paz. O momento é propício, visto que o Natal não se limita a presentes, mas
a Família, sinal do amor de Deus que se revela em Jesus Cristo.
Creio
enfim na convivência, como forma eficaz no resgate da mais antiga instituição:
a família, responsável pela formação básica do ser humano.
Tamanha
é a influência da família sobre as pessoas que se faz impossível imaginar a
vida sem ela. Portanto, preservá-la é preciso.
Pombal, 24 de dezembro de
2013
*Professor e Escritor
A DIFÍCIL CONVIVÊNCIA FAMILIAR.
Reviewed by Clemildo Brunet
on
12/26/2013 09:47:00 AM
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