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A DIFÍCIL CONVIVÊNCIA FAMILIAR.

 
Francisco Vieira
Francisco Vieira*    
      

           Em que pese ser a família a célula básica da sociedade, a instituição, com as estruturas abaladas, dão conta de que a prática nem sempre condiz com a teoria. Há, em muitos casos, enorme distância entre o dizer e o fazer.
                A família, entidade formadora de princípios éticos, vive hoje a mercê de mudanças. O que devia ser um ambiente de amor transformou-se num espaço de discórdia, um confronto de ofensas e desrespeito, verdadeiro campo de batalha, onde cada um faz valer sua opinião a todo custo.
            É sabido que a convivência humana não é fácil. A propósito, disse alguém na sua maneira simples de falar: “o bicho gente, entre todos os viventes é o que mais dificuldade sente de viver junto.” Quer no trabalho, na escola, entre vizinhos e
até mesmo em família a dificuldade de relacionamento é gritante, às vezes impossível. Destarte, em tom irônico, se diz que “família unida só mesmo no retrato.”
            Partindo da premissa de que a família é constituída de pessoas de diversas idades e costumes variados, obviamente, o ambiente é favorável a atritos, enfim, somos humanos, por isso, passivos de erros e enganos. Contudo, é possível viver em harmonia respeitando as diferenças.
            Alguns fatores são determinantes no relacionamento familiar e sua falta pode invariavelmente fazer uma família infeliz, transformando o que poderia ser um ambiente de paz num campo de guerra. A convivência se complica a partir da falta de diálogo entre pais e filhos, mal que se estende a todos agravando a situação. Sabe-se desde muito que a relação entre casais e família está desmoronando. É comum intrigas entre pais e filhos, irmãos, cunhados e contendas entre noras x sogras, principal causa de desentendimento. É como se ambas disputassem o mesmo homem. Fator igualmente agravante é a falta de comunicação, onde o homem, chefe da família, impondo uma educação repressora, faz valer com intensa rigidez sua condição paternal esquecendo que não basta ser pai, tem que ser amigo. É a certeza de que a falta de afeto robustece os conflitos desfalecendo a boa convivência, podendo levá-la a total falência. 
            A separação é a prova maior das relações conturbadas, tornando o divórcio uma prática comum e a solução para os casamentos mal sucedidos. E como se não bastasse, enquanto muitos não cumprem a papel de esposo e pai dedicado, também algumas mulheres – e não são poucas – não são dignas de exercer o sublime papel de mãe dado por Deus. Já outros, ignoram a paternidade abandonando os filhos a mercê da sorte sem nenhum apoio mostrando-se meros reprodutores.
            É certo que as relações interpessoais se constituem um tema delicado podendo gerar sérias consequências. As constantes brigas entre casais na presença ou não dos filhos, dada sua gravidade tem caráter nocivo. Palavras ásperas, gestos bruscos ou tom de voz alterado, podem representar hostilidade. É uma manifestação danosa de alto nível de estresse e causadora de dor e sofrimento a criança.
Entretanto, é preciso discernimento para separar discussão e briga. Enquanto a discussão se norteia em debates saudáveis de pontos divergentes, a briga traz resultados maléficos para o casal, filhos e membros da família.  Vale lembrar que antes de se constituir casal os pares são formados de pessoas distintas e dotados de identidades próprias.
            A hostilidade no seio da família é forte causa de insegurança e medo a todos os seus membros. Seu efeito danoso funciona como desarticulador dos costumes éticos, portanto, causa de desamor e desrespeito entre o casal e filhos. 
Alguns conflitos são inevitáveis, porém, solucionáveis. Não há questão por mais grave que seja que uma conversa franca e renúncia das partes não resolvam. Esta é a receita para se viver em harmonia. 
A solidez do casamento é a certeza da felicidade familiar o que somente acontece quando se fundamentada nos princípios cristãos. A esse respeito está escrito: “Se o Senhor Deus não edificar a casa, não adianta nada trabalhar para construí-la.” Sl. 127:1. Portanto, a família é obra de Deus, criada como a mais importante das relações humanas e assim deve se conduzir.
Infelizmente não se conhece uma fórmula padrão que garanta aos casais e a família uma vida feliz, salvo as lições adquiridas na convivência. Contudo, partindo dos preceitos cristãos ensinados por Jesus de que devemos amar o próximo como a nós mesmo, respeitando e aceitando as pessoas como elas são, podemos sim, assegurar a estabilidade do casamento. Daí a constatação de que nos lares onde vivem o plano de Deus a felicidade é uma certeza.       
A base da felicidade familiar está alicerçada na forma e na vontade de cada membro em torná-la feliz. Assim pensando, disse Frederico Luis Jahn: “O segredo para viver em paz consiste na arte de compreender cada um, segundo a sua individualidade”.
Apesar dos pesares ainda creio na família como elemento edificador do futuro.
Aproveitemos o ensejo natalino para repensar na convivência familiar e reconstruir os laços de união na certeza de que ainda é possível salvar as famílias que se agonizam sem paz. O momento é propício, visto que o Natal não se limita a presentes, mas a Família, sinal do amor de Deus que se revela em Jesus Cristo. 
Creio enfim na convivência, como forma eficaz no resgate da mais antiga instituição: a família, responsável pela formação básica do ser humano.
Tamanha é a influência da família sobre as pessoas que se faz impossível imaginar a vida sem ela. Portanto, preservá-la é preciso.  
Pombal, 24 de dezembro de 2013
*Professor e Escritor
A DIFÍCIL CONVIVÊNCIA FAMILIAR. A DIFÍCIL CONVIVÊNCIA FAMILIAR. Reviewed by Clemildo Brunet on 12/26/2013 09:47:00 AM Rating: 5

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