Atitudes que nada contribuem com a história
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
O que verificamos nos últimos dias de novembro e início de dezembro foi
um verdadeiro contra censo da situação e oposição que fazem a história política
do nosso país, transformando a insensatez em papel de destaque da nossa
imprensa, principalmente na comunicação midiática, espaço reservado ao grande
público isenta da contaminação do ar da corrupção. Vendo as acusações e defesas
dos dois lados só temos a lamentar o que tem ocorrido. A continuar nesse
diapasão é provável que vão chegar à conclusão que os dois grupos, contingentes
compostos de persona non grata à democracia vão terminar admitindo que ambos
são corruptos e
por essa admissibilidade não merecem condenação da justiça, ou
mesmo castigo do eleitorado, sendo os verdadeiros protótipos de políticos
credenciados a continuar nos seus postos e reconduzidos na próxima eleição, na curta
visão desses.
A oposição está sendo bombardeada, especificamente o PSDB, com os casos
Siemens, conglomerado de engenharia alemã, a maior da Europa nesse segmento, e
o grupo francês Alstom, atuante em 70 países na área de energia e transporte.
Existem denúncias de pagamento de propina a elementos ligados ao governo
paulista, por parte dessas duas empresas, deixando o governo do PSDB atual e os
dois anteriores em delicada situação. Se confirmado o envolvimento de alguns
membros da administração estadual com o fato, o prejuízo será fatal, com
extensão em todo território nacional, e considerável perda do capital político
que detém esse partido de oposição junto ao eleitorado brasileiro, considerando
que São Paulo é um Estado populoso e serve de referência a nossa economia,
tanto pela solidez como pelo volume que representa no nosso PIB.
O partido governista aproveitou a oportunidade para neutralizar as
ocorrências com as definições de alguns membros do PT e base aliada, no
processo do mensalão, questionando a oposição sobre a pendenga Siemens/Alstom,
minimizando dessa forma os prejuízos pela repercussão negativa ao governo,
nesse momento de turbulência.
O mesmo grupo se ver em saia justa com algumas situações criadas por ela
mesma, vejamos alguns fatos que podiam ter sido evitados com um pouco mais de
cautela. A presidente Dilma Vana Rousseff, tentando mostrar eficiência na sua
administração, foi desmentida pelo IBGE, quando ela anunciou afirmando que o
crescimento do ano anterior (2012), seria corrigido e o número passaria de 0,9%
para 1,5%, para decepção do governo o número apresentado foi de apenas 1%. Na
sequência, o ministro da fazenda Guido Mantega, esperava um crescimento de 2,5%
no último período, a nossa economia surge com 2,2%, número decepcionante para
todos nós. Isso mostra uma contração em função do arrefecimento na economia
como um todo, apesar do esforço, inegavelmente, por parte do governo. Mesmo que
esse venha imprimir um ritmo mais acelerado, e mais esforços sejam feitos, mesmo
que a economia venha sair do marasmo nos últimos dias do ano, nada fará com que
ela atinja o estimado, ou pelo menos desejável pela equipe econômica.
Na proporção que o tempo passa a nossa economia vai piorando, agora a
Petrobrás, um dos sustentáculos da nossa esperança, com sua política de
reajuste, simplesmente incompreensível aos olhos de muitos economistas
especialistas no ramo, vê suas ações caírem 10% em um único dia, debilitando
mais ainda sua capacidade mantenedora de uma reação positiva no curto prazo.
Para piorar a credibilidade do governo junto à comunidade internacional,
e mesmo internamente, José
Dirceu de Oliveira e Silva, um dos réus do mensalão, anuncia o convite de um
hotel para o cargo de administrador de sua unidade em Brasília, com salário de
R$20 mil, é suspeito de uma trama inconcebível. Trata-se, segundo levantamentos
jornalísticos, de um grupo com sede na cidade do Panamá, Capital do Panamá,
país da América Central, tem como presidente um auxiliar de escritório numa
empresa de advocacia, José Eugenio Silva Ritter, que possui ainda mais de 2000
empresas no seu nome, o que é possível naquele país, um exímio caso de laranja.
O hotel tem como sócio Paulo
Masci de Abreu, irmão de José Masci de Abreu, presidente do PTN (Partido
Trabalhista Nacional), em 2010 o partido apoiou a eleição da presidente Dilma.
O Paulo Masci de Abreu é sócio minoritário do hotel com apenas uma cota de R$1.
As demais cotas, num valor total de R$499.999,00 pertencem a Truston
International Inc. com sede na cidade do Panamá.
Esse caso, no mínimo singular e estapafúrdio, levou a oposição a pedir
investigação por parte do Ministério Público Federal, levando o próprio
judiciário a negar prioridade no pedido para que o José Dirceu tenha aprovação
para assumir o cargo de administrador no hotel em questão, ele tem esse direito
por ser condenado em regime semiaberto, no caso da urgência ele tem mais de 60
anos, o complicador está sendo o empregador e toda essa barafunda.
O fato do José Dirceu e José Genoino Guimarães Neto se considerarem presos políticos é uma forma
de contestação sem fundamentação, o preso político existe apenas em regime de
exceção, nunca na democracia, que é o nosso caso, e é feita a prisão
normalmente aos inimigos do regime, os dois são do partido do governo, condenados
pela corte maior do país e por juízes nomeados, na sua maioria, pelo governo
atual, portanto, a tese dos dois é simplesmente uma falácia.
Para encerrar
esse texto lembro-me nesse momento de uma frase da escritora inglesa Virgínia
Woolf (1882/1941)... “É muito mais difícil matar um fantasma do
que matar uma realidade”.
*Escritor e Poeta
Atitudes que nada contribuem com a história
Reviewed by Clemildo Brunet
on
12/05/2013 08:36:00 PM
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