Insaciáveis
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
Há no seio da humanidade um
toque incompreensível de insaciabilidade e insatisfação. O homem sempre procura
a felicidade, às vezes convive com ela, mas, só percebe sua existência quando
deixa escapá-la.
Oscar Wilde era categórico
em dizer: “A insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de
uma nação”. Já Ismael Domingos expressa que: “O início de uma revolução é dada
por insatisfação, porque somente os insatisfeitos causam revoluções”. Esses pensamentos
demonstram que realmente o homem em determinados momentos de sua existência,
diante da conjuntura econômica social que beneficiava os governantes e empobrecia ainda mais o
povo, então, impulsionado pela insatisfação promovera revoluções que mudaram o
curso da própria história humana. Contudo, há outra face da insatisfação.
Trata-se daquela que, de certa forma se entrelaça com insaciabilidade. Hoje
presenciamos o homem como um ser que jamais se mostra satisfeito com o quem
tem, mesmo quando o que possui já suficiente para viver feliz.
Um texto judaico nos ensina
que: A ganância insaciável é um dos tristes fenômenos que apressam a
autodestruição do homem. Verdade. O homem do século XXI apresenta-se
insaciável. Descarta aquilo que tem, sempre em busca de algo maior. Não
compreende que o excesso é difícil de segurar em nossas mãos. Para justificar
seu proceder, traz consigo a inaceitável desculpa de se julgar “injustiçado”.
Costumamos pensar que merecem sempre alcançar os sonhos almejados. Que devem
sempre ser os escolhidos para obterem as vitórias. É a cultura de que tudo cai
do céu e de que tudo é fácil. Aliás, para essa gente a alegria dos outros
incomoda; que o sucesso do amigo faz surgir no coração a inveja. O egoísmo
impulsiona o olhar da vaidade, por isso, se busca enxergar sempre os defeitos
dos semelhantes, esquecendo-se de olhar para si mesmo.
Deste mundo nada se leva.
Mesmo assim, o homem não entende que a facilidade não reside no castelo da
abundância material. Esse estado de espírito tem sua essência não no palpável,
mas sim no coração de cada um de nós. O sonho muitas vezes é inalcançável.
Sabemos disso, contudo, preferimos insistir no erro, na busca de algo que
jamais alcançaremos. O sonho também tem seus limites. É preciso equilíbrio,
respeitar os limites, pois se assim não for, o homem termina por mergulhar no
rio da infelicidade. Somos passageiros de uma civilização que se intitula
moderna, mas não consegue praticar a solidariedade. Parece que o mais precioso
diamante do planeta seria insuficiente para saciar a insatisfação do homem. Que
Deus olhe pela humanidade.
*Escritor pombalense,
Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB.
Insaciáveis
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/12/2014 07:09:00 AM
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