A Nega Maluca no Samba do Crioulo Doido
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Tenho hábito de ficar navegando, antes
de escrever qualquer trabalho, buscando nos sites oficiais das prefeituras,
aleatoriamente, tentando algum nexo do assunto a discorrer e as nuances
regionais, tão ricos nas manifestações culturais no interior dos brasis
situados nos rincões mais distantes das grandes concentrações urbanas do nosso
Brasil.
Nessas buscas sempre encontro ideias e
realizações, em administrações de pequenos ou médios municípios, dignos de
serem copiados por grandes centros, em decorrência da criatividade e
praticidade de determinadas ações e
de grande utilidade para os munícipes, muitas
vezes, na ausência de vultosos recursos são premiados com relevantes serviços
graças a iniciativa e empenho dos seus administradores, frente aos seus
minguados orçamentos põem em prática tudo que a inteligência humana usa quando
procura proporcionar melhores condições coletiva, sem comprometer serviços e
obras em andamento e necessários para a qualidade de vida daqueles que precisam
tanto da função pública.
Congeminando o momento brasileiro
enquanto navegava pela internet, sem
naufragar, me deparei com a personagem
da Nega Maluca criado pelo artista de cultura franciscana, Luís Carlos
dos Santos Sacramento, São Francisco do Conde/BA, dentre outros, e cultuado nos
carnavais em todo território nacional como símbolo da alegria, pelos foliões de
rua, em marcha e embalados pelas músicas estridentes da época; nesse momento
elevei o pensamento ao Samba do Crioulo Doido, paródia de Stanislaw Ponte Preta
(Sergio Porto), jornalista e escritor, autor dessa obra prima, brincando com os
sambas enredos, sempre alusivos à temas históricos.
Pude ver nesses fatos amostragem do
atabalhoado momento político, principalmente após o PT (partido dos
trabalhadores) ter largado o pragmatismo e passou a ser prolixo infausto na sua
conduta, juntamente com outros partidos da base aliada, ficando mais difícil
diferençar o que veio antes ou depois, se o ovo ou a galinha, nessa barafunda
comportamental, trazendo à tona crises variadas, com conotações de exasperação aos
brasileiros consciente, que vivem dos seus trabalhos, voltados a ética, moral e
os bons costumes, diferentemente daqueles lacaios agregados do sistema, vermes
nocivos aos seres humanos.
O pior da sensação que temos é a de um
país refluindo ao passado pelo abandono do Estado nas suas responsabilidades
mais básicas e tão prementes aos mais carentes para efeito de superação à busca
de caminhos da luz e de dignidade. Na proporção que o tempo passa mais difícil
fica o recomeço da nação espoliada nas suas riquezas e dignidade, hoje somos um
país sem crédito internacional, caindo conceitualmente a cada dia da atual
administração. Os órgãos que fazem amostragem da realidade de cada país nos
apresentam números estarrecedores.
Não conseguimos atingir um nível
aceitável na educação, nos últimos 15 anos, sem o cumprimento de metas
estabelecidas, apenas 1/3 dos objetivos foram atingidos, portanto, algo
assustador para uma nação que tem como lema Pátria Educadora; estamos na
contramão da saúde pública, sem material humano condizente com as necessidades
do setor, os recursos materiais superados e ineficientes, uma catástrofe
anunciada pelos especialistas da área; a mobilidade urbana é tão precária que
passou a ser uma tarefa de difícil solução para os que usam o transporte
público, e mesmo para aqueles que moram distantes dos seus trabalhos e
necessitam utilizarem seus carros para ir e vir ao trabalho diário, tamanha a
complexidade do transito nas grandes e médias cidades, sem contar com a falta
de manutenção nas rodovias que cruzam nosso país, dificultando e encarecendo o
transporto rodoviário, o único sobrevivente dos meios de transporte, para
escoamento das safras do agro negócio, e
produção das industrias sucateadas pela política de menosprezo do governo
federal a esse setor produtivo.
Triste é saber da nossa real situação
de penúria, com a balança comercial negativa, um superávit negativo, inflação
lembrando a infausta década de 1980, onde o salario acabava, normalmente, na
primeira quinzena do mês; um quadro desalentador nos recursos hídricos e
energéticos, cujo custo de energia elétrica dilacera qualquer razoabilidade ou
sensatez, por conta de uma política contenciosa e mal direcionada, com o
cataclismo previsto para a região amazônica, caso o desmatamento irregular não
seja contido a tempo, segundo prognósticos de cientistas responsáveis, os
resultados serão catastróficos.
Pior é sentir a inabilidade dos que
administram as relações institucionais, de tão periclitante, o ministro da
pasta, Gilberto José Spier Vargas, conhecido por Pepe Vargas
(Deputado/PT/RS) foi afastado, e a
Secretaria de Relações Institucionais, com status de Ministério, extinta, e as
tarefas a ela atribuídas passaram ao vice-presidente da República, Michel
Miguel Elias Temer Lulia (Michel Temer/PMDB/SP), com o encargo de retomar uma
agenda positiva para o governo, acabando
com a fase de derrotas no Congresso Nacional, nesse início de mandato da
presidente Dilma Vana Rousseff (Dilma Rousseff/PT/RS).
Tudo normal se não tivesse ocorrido à
lambança, na hora de afastar e substituir o ministro, com indicação pública a
outro ministro, e o cargo rejeitado por esse. Para resolver o imbróglio foi
necessário acompanhar um dia de notícias desencontradas até se chegar ao seu
desfecho, comportamento de neófitos amadores. Mais ainda, para compensar a
perda da pasta, o governo indicou o deputado afastado, Pepe Vargas, para a
Secretaria de Direitos Humanos, onde estava a ministra Ideli Salvati (PT/SC),
essa, por sua vez, deverá ser lembrada a um posto no governo, a ser definido,
segundo jornais de circulação.
Essas atitudes tomadas no calor dos
fatos e na exiguidade do tempo só depõem contra o sistema e sua incapacidade política
de gestão, não sabendo administrar com coerência e harmonia nem mesmo seus
aliados da base de apoio. Portanto, se continuarmos como beligerância na
vicissitude, elegendo sempre amadores aos principais cargos, tanto ao Executivo
como ao Legislativo, seremos eternamente responsáveis por continuarmos dormindo
em berço esplendido, num país reconhecidamente de gigantes inoperantes e
obtusos.
*Escritor e Poeta
dantasgenival@hotmail.com
A Nega Maluca no Samba do Crioulo Doido
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/11/2015 05:55:00 AM
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