Educação como fator de desenvolvimento
Ignácio Tavares |
Ignácio
Tavares*
A educação em princípio é o mais importante
instrumento de transformação econômica e social de uma sociedade economicamente
retardada. Os povos mais desenvolvidos do mundo devem as suas conquistas aos
seus sistemas educacionais apurados, bem digo, a cima dos padrões convencionais
que conhecemos.
Por outro lado, os países situados abaixo da
linha da prosperidade apoiam-se em sistemas educacionais de baixo nível que impede
o fator saber atuar como força motriz do desenvolvimento econômico e
social. É verdade que o atraso econômico - ao
longo do tempo – normalmente cristaliza situações adversas às mudanças
requeridas para um bom sistema educacional.
A que se atribui essa situação? Não é preciso
fazer qualquer exercício de imaginação para perceber as causas do atraso dos
sistemas educacionais nos países subdesenvolvidos. Vários entraves impedem a
solução do problema a começar pela gestão do ensino público - no nível de
unidade educacional - e suas
consequências, tais como, professores ausentes dos programas de formação
continuada, remuneração deprimente, escolas depredadas, alunos com baixos
índices de aproveitamento. Remover esses entraves já é meio caminho andado para
solucionar o problema.
O
Brasil é um caso típico de um país industrialmente desenvolvido, mas de baixo
nível educacional. É verdade que se gasta muito com a educação conforme as
regras constitucionais estabelecidas para os estados e municípios, que são
obrigados a destinar substancial parcela dos seus respectivos orçamentos para
manutenção da base educacional.
Por
outro lado governo federal sempre está a criar novos programas como tentativa
de mitigar a péssima qualidade do ensino em suas diversas dimensões.
Recentemente criou o Pronatec, com o objetivo de abrir espaços de qualificação
de jovens egressos de escolas públicas, para o exercício do trabalho. Gasta-se
muito com a divulgação do referido programa porquanto falta montar um sistema
permanente de acompanhamento e avaliação a fim de corrigir as possíveis
distorções observadas no funcionamento do programa.
Há
outros programas entre os quais destaco o FIES que é uma importante janela de oportunidade
para as classes de média e baixa renda a fim de que possam ingressar em cursos
superiores. Com efeito, através do FIES milhões de jovens, dos mais distantes
lugares do país, estão a realizar seus sonhos de ingresso em curso superior nas
diversas universidades ou mesmo em unidades isoladas de ensino de terceiro
grau.
Mais uma vez o governo peca pelo excesso de
regulação e pela falta de acompanhamento. Por isso deu no que deu, seja, uma
infinidade de unidades de ensino superior e médio, foram criadas - ninguém sabe
como e nem quantas – a fim de atender as demandas surgidas com os programas de
financiamento do governo federal.
Somente
agora, quando faltaram recursos para dar continuidade ao programa foi que se
deu por conta da quantidade de escolas técnicas, e de nível superior, muita sem
aparelhamentos e qualificação para oferecer bons serviços para os quais se
propõem, como formadoras de mão de obra.
Neste novo ciclo administrativo o governo
anuncia uma nova marca da sua administração fundamentada no slogan “O Brasil
Pátria Educadora”. Não resta dúvida que as intenções são boas, mas sem o
planejamento apurado amparado nas funções complementares de acompanhamento,
controle e avaliação, - em certa medida – há uma ponta de dúvida se é mesmo pra
valer essa estória de “Brasil Pátria Educadora” ou se trata de apenas de mais
um programa destinado ao insucesso com data de validade marcada.
Isso
porque recentemente as ações de governo voltadas para mudar o perfil retardado
de determinados setores, inclusive educação, têm o objetivo explícito de gerar
ganhos políticos/eleitorais, sem se preocupar com fator qualidade. É mesmo que
jogar dinheiro fora num país carente de recursos para investir na educação.
Posto
isso, pode-se dizer que a educação com a dupla finalidade de educar e formar o
jovem para o exercício do trabalho é o caminho mais curto para gerar mudanças
sociais de forma segura e eficiente, isso porque na medida em que a economia se
diversifica - frente a concorrência global - aumenta cada vez mais a
necessidade de mão de obra qualificada para atender os requerimentos do
mercado. Esta é a grande oportunidade que têm os jovens originários das classes
de média e baixa renda ascenderem na pirâmide social.
Infelizmente, a educação como instrumento de
promoção social inda deixa muito a desejar, por mais que o governo institua
novos programas com a finalidade em questão. Em resumo a solução dos problemas
da educação implica em mudanças estruturais a fim de redirecionar o sistema
educacional tradicional que prevalece aos dias de hoje. Desse modo, sem
mudanças no sistema educacional prevalecente nada de novo acontecerá na
educação brasileira.
João
Pessoa,10 de Abril de 2015
*Economista e
Escritor
Educação como fator de desenvolvimento
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/10/2015 06:14:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário