Colapso silencioso
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
Não precisa ser expert para notar a mudança
que vem se verificando no fluxo das marés. O homem mexe aqui, mexe acolá, e
acredita que sua interferência em nada altera o curso das coisas. Ledo engano.
Temos constatado que em nosso litoral é
visível o avanço da maré. Com isso, os danos materiais estão aumentando a cada
novo dia, e causando transtornos incalculáveis. Bares, restaurantes e imóveis
residenciais são os que mais sofrem o impacto da intensa progressão do mar.
Mas, é aquela história: quando se altera a realidade, obviamente a natureza
tratará de buscar meios de acomodar sua existência. É inegável que as obras do
Porto de SUAPE e
o aterro promovido nas praias da região
metropolitana de Recife estão fazendo com que o mar procure se reacomodar em
outros locais. Assim, parece-nos que o avanço das águas marítimas nas praias do
Seixas, Cabo Branco e, principalmente, no Poço, deve ter alguma coisa
relacionada com esses aspectos registrados no vizinho Estado de Pernambuco. É
evidente que a poluição, aliada ao desmatamento, vem ocasionando uma crescente
afetação das geleiras, que dia a dia perdem a vitalidade, ocasionando o
descongelamento minuto a minuto, fenômeno leva mais água para os oceanos.
É bem verdade que a poluição vem impactando
não só espaços terrestres de nosso planeta, mas também o próprio mundo
aquático, que experimenta impiedosamente os efeitos nefastos da ação do homem.
Recentemente, Ivan Macfadyem, acostumado a percorrer milhas e milhas náuticas,
inclusive sendo um assíduo navegador do oceano Pacífico, relatou uma
assustadora constatação. Ao chegar da sua última travessia pelo citado oceano,
o aludido navegador, perplexo, comentou: - “Estava acostumado a ver tartarugas,
golfinhos, tubarões e muitas aves migratórias. Desta vez, porém, por três
milhas náuticas, não havia nada vivo à vista”. Na verdade, ele presenciou uma
enorme extensão do mar, antes vibrante, contudo, agora coberta de lixo. É o
fenômeno denominado de colapso silencioso. Todos os dias somos responsáveis por
ações inúmeras de aniquilamento da natureza. Estamos num processo contínuo de
assassinato da mãe natureza. E, com isso, ocorrem mudanças climáticas, sobre
pesca, acidificação e poluição, que provocam a morte de incontáveis espécies de
seres vivos, seja na terra, ou sob a água.
A insanidade humana está, sem piedade,
devastando milênios de esplendorosas belezas que o Criador nos colocou à
disposição, sem nos cobrar um centavo sequer. Patente a falta de interesse
político daqueles que governam o mundo para solucionar essa situação. O grande
capital atropela tudo e todos. O que importa é a fartura da vil luxuria.
Acordemos e nos mobilizemos, antes que seja tarde!
*Escritor
pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa-PB
Colapso silencioso
Reviewed by Clemildo Brunet
on
4/03/2015 06:59:00 PM
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