Mídia nativa: cara de um; focinho do outro
João Costa |
João
Costa*
Curiosidades estúpidas da mídia nativa. Clara
como a água, as cinco famílias que controlam os meios de comunicação no país,
assumiram uma única agenda política: derrubar o governo. Por conta dessa agenda
os jornais estão cada vez mais parecidos. Os teles jornais idem. Os sites
seguem na mesma linha, com agravante da pobreza intelectual que domina a
maioria deles.
Na semana que passou, um rapaz chamado
Thomas, filho do governador de São Paulo, morreu em um acidente aéreo. No mesmo
dia um garoto morreu atingido por uma bala perdida no Rio de Janeiro Duas
tragédias se abateram em famílias de classes sociais extremamente opostas.
Durante toda a semana jornais, revistas, TVs e
Já a morte do “menino do Rio” mereceu
destaque embalado no noticiário sobre tiroteio entre traficantes do Morro do
Alemão, Rio de Janeiro. Qual morte Lamentar? Do meu ponto de vista, as duas.
Qual morte politizar? A mídia politizou as duas. “O menino do Rio” foi mais uma
vítima da insegurança na Cidade Maravilhosa, onde o estado não manda nos
morros.
Já a morte do Thomas serviu para que os
redatores, editores e repórteres lançassem mão na imaginação. Certo texto do
Estadão, informava que dois ministros compareceriam ao velório ou sepultamento.
“Mas a Dilma não vai”, enfatizava. Qual o título da matéria? Dilma não vai ao
enterro de Thomas. Mas a qual dos sepultamentos a presidenta deveria comparecer
e apresentar os pêsames?
Se os sites viraram o focinho da mídia
conservadora, pra onde migrar se a maioria padece de uma pobreza intelectual
abissal na base do ctrl +C e ctrl +V?
Desde a minha infância, adquiri o hábito de
ouvir rádio – lá em casa tinha rádio e radiola, mas não tinha Televisor. Coisa
natural para meninos pobres do interior. Veio a adolescência e o início de
leituras esquisitas, como O Pasquim, que estudantes universitários levavam pra
Pombal, e os engajados politicamente não perdiam tempo. Catequese sobre a
necessidade de uma Revolução“in nóis”, inocentes úteis e o mote era o Brasil.
Depois Cuba e as maravilhas da URSS. Claro, o ódio nascente aos americanos,
embora assistíssemos a todos os faroestes no Cine Lux. Mas voltemos ao
jornalismo.
Certa noite, lá pelos anos 60, passamos a
frequentar a casa de um estudante não sei de quê, uma espécie de doutrinador. E
esse cara, cujo nome não lembro, nos ensinava a sintonizar a BBC de Londres,
Rádio Moscou e Rádio Havana Livre. O que não era o fim do mundo, pois a rádio
do Clemildo Brunet só podia ser ouvida em ondas curtas, bem pertinho da BBC. Um
luxo.
-Se vocês querem saber notícias sobre o
Brasil, sintonizem a BBC – dizia o nosso doutrinador.
Hoje, quatro décadas depois, para saber
notícias do Brasil com certa isenção, vou ao site da BBC, não mais pelas ondas
do rádio. O jornalismo brasileiro parece ter sido reduzido a um único pauteiro
que dirige e orienta uma imensa redação. A pauta é única pra todos.
Ah! Mas tem os sites e blogs “sujos”. Vejam,
senhores. “Sujo” é todo aquele que não esteja contra o governo e até aquele que
fizer apenas jornalismo. A coisa chegou a tal ponto que não dá nem pra
frequentar o cafezinho. Como ficar quieto compartilhando com assessores de
políticos corruptos, profissionais sabidamente venais se apresentando
indignados com o escândalo da Petrobras. Minha cota de hipocrisia é imensa,
portanto não escandalizo, nem dou bolas para campanhas de moralização.
“Locupletemo-nos todos, ou restaure-se a
moralidade”, dizia o Barão de Itararé. No popular, quem disso cuida, disso usa.
Sendo assim, até a novela chama-se Babilônia. Quando devidamente longe da
lucidez ou “emaconhado”, geralmente escutávamos a voz do profeta: deixem a
roupa no cabide!
Assim Caminha a Humanidade!
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Mídia nativa: cara de um; focinho do outro
Reviewed by Clemildo Brunet
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4/05/2015 06:06:00 AM
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