Não há socapa nem calada da noite, degringolou!
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Quando pensamos que estamos quase
chegando à conclusão do assunto repetitivo e até desgastante, governo de
coalizão, o sistema político brasileiro nos fornece munição para temas diversificados
e de profunda análise. Realmente, ainda não nos deparamos com o fundo do poço,
há muita coisa por vir, quanto mais se esmiúça mais promíscua fica a relação da
rotina do parlamento com o executivo no Brasil.
Com a mudança dos negociadores, com o
parlamento, o governo obteve sucesso na aprovação inicial das medidas do ajuste
fiscal, graças ao trabalho do vice presidente da República, Michel Temer, e
do
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, esse último se constituindo num grande
negociador em defesa dos interesses governistas. Nem tudo saiu conforme o
combinado, depois da toma lá dá cá, modelo de negociação na política nacional
desde a época do famoso Centrão, base aliada do governo Sarney (1985/1990), com
marcante desempenho do político paulista, Roberto Cardoso Alves (Robertão), a
oposição conseguiu colocar no embrulho
proposto pelo governo, a famosa PEC da bengala, aprovando a prorrogação para 75
anos de serviços prestados pelos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), tirando da
Presidente Dilma a possibilidade de trocar 5 ministros, no exercício do seu
governo.
Mais ainda, na miscelânea dos direitos
trabalhistas, cortados pelo governo, a derrota situacionista ficou por conta da
aprovação da flexibilização do fator previdenciário, criando alternativa à
fórmula que reduz o valores de pensões objetivando inibir aposentadorias antes
da idade mínima. Mesmo tendo que negociar e dispor de 70 cargos no segundo e
terceiro escalão, conforme noticiários correntes, foi constrangedor para o
governo ter que ver seu projeto de ajuste fiscal ser desmilinguido, conseguindo economizar nas
suas propostas e elevando custos com as inserções da oposição ao seu projeto
original. Esse fato torna evidente a fragilidade do apoio dos partidos no
Congresso Nacional, tendo que ser negociado cada Projeto de Lei, com o devido
cuidado para não ser atropelado por iniciativas propositadamente desfigurantes,
tornando posições e propostas inócuas.
Com o parlamentarismo branco, em
andamento pelas mãos do PMDB, ficando a coordenação política às mãos do vice-presidente
da República, Michel Temer (PMDB/SP), juntamente com Eduardo Cunha (PMDB/RJ),
presidente da Câmara, e Renan Calheiros (PMDB/AL), presidente do Senado e do
Congresso Nacional, eliminando-se intervenções petista, quando foi desbancado das negociações o ministro da
Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT/SP), ficou claro as limitações impostas pela
conjuntura às ações da presidente da República em exercício. Esse fato só
ocorreu em decorrência da absoluta falta de credibilidade da presidente Dilma
junto a classe política e da própria nação brasileira, depois da sua
inabilidade política no decorrer da última campanha eleitoral, prometendo
programa de gestão e tendo que adotar outra linha de conduta para seu novo governo,
uma contradição nunca visto antes em nosso país.
A fórmula tão desprezível e
escorchante do “é dando que se recebe”, foi definitivamente oficializada no
Brasil, até mesmo o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, tem negociando com
aliados do governo, caso específico do almoço com Renan Calheiros, definindo o
afastamento de qualquer ação do ministro Mercadante, em estado de fritura
dentro do governo, somente ele, Mercadante, ainda não teve a sensibilidade de
observar o tsunami que há em torno do seu cargo, e por isso ainda não se
demitiu oficialmente.
O ápice da aberração é o PSDB, em cujo
governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ter sido fiador da criação
e estabelecimento do fator previdenciário, em nome da governabilidade com
sustentabilidade do Plano Real, hoje tenta eliminá-lo, criando embaraços para
execução das metas do atual governo, pois, caso não seja oferecido uma
alternativa viável, para suprir a demanda de recursos, com a eliminação do
fator previdenciário, a previdência social entrará em colapso em curto prazo,
asfixiado pelo rombo orçamentário. Mesmo sabendo que esse fator, perverso e
humilhante para os trabalhadores do Brasil, tem que ser eliminado, temos que
ter a responsabilidade de não nos furtarmos ao compromisso com a saúde
financeira do Estado.
O ex-presidente FHC foi feliz quando
alerta da necessidade para um diálogo em torno de soluções para o país que
sofre de males diversos. Todos eles carecem de cuidados intensivos e de
especialistas renomados, e em caráter de urgência e emergência. Temos que
cuidar da doença sem matar o doente, nem um tratamento que seja com
possibilidade de sequelas permanentes. Como disso o Senador Cristovam Buarque
(PDT/DF), em discurso no senado (14). Temos que cuidar da educação, da saúde,
da mobilidade, da segurança e da infraestrutura; esses setores não podem deixar
de receber recursos, as demais áreas devem ser mantidas dentro das
possibilidades sem serem preteridas, para que tudo ocorra e possa fluir dentro
da harmonia necessária, de forma que o país busque o rumo do desenvolvimento,
há a necessidade, premente, de humildade e renuncia por parte dos homens que
regem os destinos do Brasil.
*Escritor e Poeta
dantasgenival@hotmail.com
Não há socapa nem calada da noite, degringolou!
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/17/2015 05:29:00 AM
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