“Branca, para casar, mulata pra fornicar, e negra?”
João Costa |
João
Costa*
Para sua consideração – Começo pelo fim, com
uma frase de Gilberto Freyre. “Mulheres brancas são para casar; mulatas, para
fornicar e negras pra trabalhar” “Isso num país que não foi feito para
amadores”. No teatro, já na fase de leitura e análise do texto, bate uma
recomendação básica: não rotular o personagem. É como uma moeda: de um lado a
Vontade; do outro a contra-vontade (aquilo que impede o êxito da vontade). O
rótulo cabe ao público. Vale pra tudo: ética, moral, fé, o bem e
o mal. E toda motivação para o personagem fazer ou deixar de fazer é a sua verdade. Assim, o traidor não se acha traidor, até porque toda delação é premiada. A pessoa racista (o pior deles) nega o preconceito de cor e outros mais, como preconceito contra pobre, agora em moda no Brasil. O assassino mata porque é da índole humana, com ou sem motivação. E o amor? Ah! O amor. Aqui a arte imita a vida ou vice-versa: o amor é via de mão única, não exige reciprocidade. O conflito é a essência; nunca a cultura de paz ou igualdade. Paz é Ideal – (o que inclui a felicidade) e igualdade só no túmulo.
o mal. E toda motivação para o personagem fazer ou deixar de fazer é a sua verdade. Assim, o traidor não se acha traidor, até porque toda delação é premiada. A pessoa racista (o pior deles) nega o preconceito de cor e outros mais, como preconceito contra pobre, agora em moda no Brasil. O assassino mata porque é da índole humana, com ou sem motivação. E o amor? Ah! O amor. Aqui a arte imita a vida ou vice-versa: o amor é via de mão única, não exige reciprocidade. O conflito é a essência; nunca a cultura de paz ou igualdade. Paz é Ideal – (o que inclui a felicidade) e igualdade só no túmulo.
A cultura de
paz é um engodo? Uma válvula de escape? Ou há hipocrisia em estado sofisticado,
por trás de um biombo, que reflete e potencializa o “canto da sereia”, da
moralidade, dos bons costumes, da ética? Qual a justificativa para a cultura da
paz, se ela pressupõe a prevenção? Que é a força motriz do conflito. O quê está
no lastro dessas marchas para Jesus, Parada gay, marcha da maconha, marcha pela
ética, marcha pela volta do terror, marcha dos indignados com a corrupção e a
política, marcha contra a violência? E também chegou a vez da marcha contra
perfumes. Os puros marcham, em cadência marcial ou cantos de louvor? “Marcha,
marcha soldado, cabeça de papel”, é um refrão de uma modinha antiga. Com todo
respeito.
Para sua
consideração - Como sabem, meus amigos, o caso é grave. Gravíssimo! “O Brasil
não é para amadores”, sentenciou o escritor Belmiro Valverde, contextualizando
a frase num livro sobre gestão pública. Cai como uma luva aos brasis de hoje.
De um lado, temos nossas elites que dão braçadas olímpicas no culto ao atraso;
um mar que é raso em outros continentes, mas por aqui se mostra de águas
profundas. Apesar delas, foi possível esta Nação viver recentemente um processo
vertiginoso de desenvolvimento, e hoje, mais de uma década do nosso século,
temos a primeira geração de crianças sem fome!
Para um país
de índole escravocrata, é um avanço tímido, mas um avanço. O Brasil avança
dando rasteiras nos seus demônios, antes adormecidos, hoje em erupção feito o
Kilauea no seu pico de raiva. Da mesma forma como a Nação tolerou e foi
conivente com 300 anos de escravatura dos negros; agora desperta para abraçar –
de novo - o obscurantismo, resultante de mágoas políticas – os que perdem
eleição não aceitam a derrota e pregam o terror, os “bem nascidos” não suportam
a convivência com trabalhadores em poltronas de aviões de carreira; na sala de
aula das universidades e shoppings; aqueles que ascenderam socialmente se transformaram
em proletariats, não buscam a sua
ditadura, mas abraçam os ideais das classes dominantes, Deus, Pátria e Família
da forma mais enviesada, sempre da forma que convém.
E a política.
Temos hoje a notoriedade do que de há mais sujo e podre. Observem o Senado e
Câmara, governos estaduais, municipais, câmaras, sindicatos, igrejas, empresas
privadas e estatais, dominados por aventureiros, que navegam em qualquer
turbulência, sempre a favor das melhores oportunidades de negócios. Vide bula
onde você mora e trabalha.
O racismo,
agora visível no Brasil, emergiu da índole da servidão, herança lusitana, e de
viés surrealista. O poeta Manoel Bandeira, morreu sem realizar sua maior
fantasia: fazer sexo com uma negra. Gilberto Freyre também revelou tal fantasia
ao próprio Bandeira. Disse Freyre: “Branca para
casar, mulata para fornicar, negra para trabalhar”. Esse ditado infame é um açoite, que teima em não ser
banido
Assim caminha a humanidade!
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
“Branca, para casar, mulata pra fornicar, e negra?”
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/08/2015 08:54:00 AM
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