A madrasta estiagem
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
Entra ano e sai ano, dias e noites e a
estiagem faz morada no meu sertão. Fêmea impiedosa que seduz o sol para bem
perto do chão, para intensamente beber a água dos riachos, açudes e barragens.
Ventos sopram e levantam poeiras
abrasadoras, que devoram plantações, animais e homens. Desvanecem a paciência,
a esperança e sonhos. Transformam o verde num deserto mundo de olhares
perdidos. Como é piedoso acordar sob o vento cortante da estiagem. Sem chuva,
com fome e sede, o caboclo da rede balança o desânimo. Menino chora, mulher
reclama e um cachorro de olhar piedoso dorme debaixo da mesa. Da janela, céu
limpo, terra rachada e
A seca é assim, um imenso mundo
cinzento. Um tempo de desolamento, esquecimento e miséria. O sertão dos verdes
pastos esmorece diante da falta d’água, e, o povo, por sua vez, tem que
suportar a fúria da natureza imposta pela seca.
Em 2013, escrevi um texto onde afirmei
que aquele ano se iniciava com a dor da estiagem e que era preciso fé e acreditar
que Deus jorraria água sobre o Nordeste. O tempo passou e nada de chuva.
Vivenciamos hoje uma das maiores estiagem da nossa história. Jamais imaginei
ver Coremas virar lama. Sem água, Campina Grande pede socorro. Aliás o
Nordeste.
É inaceitável que em pleno Século XXI
estejamos fugindo de problemas seculares. Se não choveu o esperado, inegável
que também deixamos de ter um planejamento eficaz para chegarmos onde chegamos.
A falta não é só de chuva, é educacional, cultural e de compromisso em equacionalizar
definitivamente tais questões através de política hídrica capaz de sepultar
tais males.
*Escritor
pombalense e Juiz de Direito
onaldoqueiroga@oi.com.br
A madrasta estiagem
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/03/2016 06:09:00 PM
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