Estranhos caminhos do desmoronamento
Genival Torres Dantas |
Genival Torres
Dantas*
O Brasil desde o início, “ab initio”,
tem seus sobas e cupinchas agregados ao histórico conceito agregador e
desagregador em todos os segmentos sociais. Nos últimos dias fomos devastados
por insólitos ventos, vindos de todas as direções e nos atingindo de forma
absolutamente indiscriminado, cuja tentativa era só, e continua sendo, a de
desfazer a construção secular das nossas estruturas marais, infelizmente
edificadas em alicerces num deserto de areias movediças e sem uma argamassa
confiável, cujos operários, em toda sua trajetória, vem pincelando por nódoas
malfazejas, deixando impregnados, todas suas paredes e revestimentos, de uma
acidez insuportável, e que vem sendo eternizado na proporção em que o tempo
passa e não encontramos desvios ou variantes para alcançarmos um destino para
uma conduta mais amena e
Para contextualizar o nosso raciocínio,
no meio dessa avalanche de intempéries, quando o Legislativo Federal foi
atingido pela deposição do Presidente da Câmara Federal, o Deputado Eduardo
Cunha (PMDB/RJ), na sequência, exatamente na data de ontem (05), o Presidente
do Senado Federal e do Congresso Nacional, Senador Renan Calheiros (PMDB/AL),
foi afastado do seu cargo na mesa, pelo Ministro do STF, Marco Aurélio Mello,
em decisão liminar, podendo, portanto, ser recorrido pelo réu, Renan Calheiros.
Depois de um período marcado pelos atropelos na Câmara Federal, temos agora uma
situação de difícil solução, até fevereiro do próximo ano quando dar-se-á as
eleições para a mesa do Senado, ficando aquela Casa sob a responsabilidade de
um membro do Partido dos Trabalhadores, no caso, o Vice-Presidente, Senador
Jorge Viana (PT/AC), coincidentemente, da vez anterior que o Renan Calheiros
teve que renunciar ao mesmo cargo de presidente da casa, nove anos atrás, o
Senado tinha como vice presidente o Senador Tão Viana (PT/AC), irmão do atual
vice presidente.
Essa exposição não vem sinalizar ao
Governo Federal dificuldades na sua caminhada em direção as reformas desejadas,
muito embora o Senador Jorge Viana seja opositor ao governo atual, trata-se de
um petista bastante ponderado, não se comportando como inimigo da situação,
apesar das diferenças impostas pela própria ideologia em prática. É de se
esperar um momento de mais dificuldade para o Presidente Michel Temer, sem,
entretanto, ser a pedra no caminho da sua gestão, é pelo menos o que o bom
senso espera dessa dramática situação imposta pelas maledicências e defecções
políticas em que estamos submetidos.
Com o reconhecimento de alguns Governos
Estaduais, notadamente o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e o hoje humilde,
Governo Mineiro, anunciando e encontrando reais dificuldades para resolver os
problemas financeiros que envolvem todas suas Secretarias e compromissos
financeiros que vivem abaladas pela escassez de recursos para honrar com
pontualidade a imensa pauta de pendencias junto a fornecedores, bancos e mesmo
funcionários que começam a desacreditar num Natal menos dramático, a crise
efetivamente começa a acenar com a possibilidade de faltar recursos para o
compromisso da folha de pagamento de dezembro e os valores correspondentes ao
13º, tão esperado para essa época do ano com enormes despesas que se
acrescentam com a improrrogável festa dos valores agregados a nossa cultura tão
pobre de lembranças.
Ainda bem que a tragédia que envolveu a
equipe da Chapecoense foi superada pelo espírito humanitário do Povo
Colombiano, num gesto de singular atitude, houve por bem eleger a Chapecoense
como Campeã do torneio continental. Desse gesto a Chapecoense foi beneficiada
com um prêmio correspondente ao valor de U$2 mi, ficando a CBF de agraciar com
mais R$5 mi, além de empréstimos de empresários da cidade de Chapecó,
correspondente a R$30 mi, o que faria o clube arcar com as despesas
concernentes aos jogadores e demais funcionários, além, é claro, de recomeçar
com um novo time de futebol. Nesse aspecto, tivemos sorte de termos um time
esportivo muito bem administrado, diferentemente do que ocorre na nossa
administração pública que se encontra completamente falida e sem crédito para
se erguer.
Voltando ao campo político, a decisão
tomada pela mesa do Senado Federal de não aceitar a ação do STF, ficando de
aguardar a decisão do plenário daquele Poder, que se dará (07), próximo, espero
que essa atitude do Senado não seja intempestiva e transforme o fato numa
situação de difícil contorno. Não estamos em condições de nossos poderes
ficarem peitando determinações, precisamos manter cautela e bom senso.
*Escritor e
Poeta
genival_dantas@hotmail.com
Estranhos caminhos do desmoronamento
Reviewed by Clemildo Brunet
on
12/07/2016 07:21:00 AM
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