Mistérios e zona de sombra na Operação Lava-Jato
Nonato Guedes |
Por Nonato Guedes
Publicado
por: Carlos Rocha
PUBLICADO EM :
20/01/2017 ÀS 09:05
STF
Nenhuma hipótese deve ser descartada nas
análises sobre a morte do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal,
relator da Operação Lava-Jato, em acidente aéreo verificado ontem em Paraty
(RJ). Além de íntegro e inatacável, Teori estava no papel de homem-chave da
Operação, na qualidade de relator. Preparava-se para proferir votos decisivos
envolvendo a sorte de pessoas que já tiveram influência neste País numa época
em que a impunidade era a sacrossanta palavra de ordem e
Somente para citar um caso aleatório, a
título de complemento desse raciocínio sobre a importância do instituto da
imunidade: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lutou com obstinação para
se tornar chefe da Casa Civil da então presidente Dilma Rousseff, depois de ter
sido presidente por duas vezes. Lula não carecia de emprego – de mais a mais,
poderia sair candidato novamente a presidente e surpreender os opositores
elegendo-se em alto estilo. Mas a Casa Civil era um atalho, naquele momento,
para algo mais urgente: a proteção da individualidade do ex-presidente, com a
garantia de que ele não seria chamado a depor na Lava-Jato, muito menos
oferecer esclarecimentos indispensáveis para a elucidação de fatos. O plano de
Lula, que tinha a cumplicidade de Dilma, foi abortado justamente pelo Supremo
Tribunal Federal, que levantou óbices à investidura em cargo público relevante
de alguém que aparece como réu em sucessivos processos judiciais.
O que isto prova? Aparentemente, não
prova absolutamente nada – e é verdade. O que se quer alertar é que há muito
mais coisas entre planetas solares do que supõe a nossa vã e ingênua filosofia.
De outra forma, como interpretar as bravatas recorrentes do ex-presidente Lula,
insinuando que a “jararaca” vai voltar. A quem a “jararaca” mete medo? E qual a
razão que justificaria o fato de Lula, “a jararaca”, intimidar autoridades que
cumprem regularmente seu trabalho dentro das normas, assegurando o direito ao
contraditório, como rezam as lições elementares do regime democrático. Não é
normal a orquestração para tentar desmoralizar a Lava-Jato e beira as raias da
insensatez o comportamento agressivo, até pernóstico, do ex-presidente da
República, pilhado em gravações telefônicas disparando palavrões contra
ministros e expoentes do Judiciário brasileiro.
O ministro Teori Zavascki sabia de muita
coisa, ou talvez soubesse de tudo, quer dizer, possuísse elementos que lhe
permitissem uma antevisão de fatos que iriam se suceder nos desdobramentos da
Operação Lava-Jato. Daí ser pertinente a indagação sobre os rumos que a
Operação tomará. Tal como o acidente com a aeronave que matou
Zavascki – o aparelho não tinha
caixa-preta – a caixa-preta da Operação Lava-Jato possivelmente estivesse com o
ministro que morreu. Mas isto não apaga evidências e prvas documentais
recolhidas em intensos meses de investigações – e cujas cópias estão
distribuídas por gabinetes blindados à prova de queima de arquivos. Sim, pode
acontecer tudo – inclusive nada. Mas pode acontecer a reviravolta: a Lava-Jato
ser concluída em alto estilo, pondo na cadeia quem comandou, à distância, até
agora, os tentáculos de uma organização criminosa sem precedentes montada à
sombra do poder no Brasil.
Nonato
Guedes
Fonte:
Os Guedes
Créditos:
Nonato Guedes
Mistérios e zona de sombra na Operação Lava-Jato
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/20/2017 10:52:00 AM
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