ASSIM POMBAL FESTEJOU O SEU CENTENÁRIO, EM 1962
Jerdivan Nóbrega de Araújo |
POR JERDIVAN NOBREGA DE ARAUJO*
No dia vinte e um de julho de 1962,
Pombal completou cem anos de elevação a categoria de cidade, tendo como
prefeito o Dr. Azuil Arruda de Assis e presidente da CÂMARA MUNICIPAL o
vereador Vicente Candeia. Foi um dia agitado, marcado por inaugurações, missas
e chegada de visitantes ilustres convidados para participar das comemorações.
Seus oito mil cento e setenta e um
habitantes se preparam para comemorar as festividades do centenário da velha
cidade com bastante entusiasmo. Antecipando os primeiros raios de sol da
madrugada, a cidade foi acordada pelo estampido de mais de duzentos foguetões.
O clarão da alvorada foguetótoria, preparada por seu Inácio e Pedro Corisco,
iluminou céu de Pombal, escondendo por entre uma nuvem de fumaça a solitária
estrela matutina que, fria, testemunhava os cem anos da cidade, anos estes que
ela, a estrela D’álva, tem acompanhado um a um sem emitir a mínima opinião.
A Banda de Música, que naquele dia
estava composta pelos músicos: maestro Saturnino, Zezinho Sapateiro, Aristides,
Doutor, João Espalha, Adamastor, Rossi, Ribinha, Joaquim de Cândido, Eliseu,
Chico de Lourdes e Zé Vicente com sua Tuba , atravessou a passos largos a
descalçada Rua Nova, fez a volta por trás da Igreja Matriz voltando à Praça Dr.
José Ferreira de Queiroga, sempre executando a canção Maringá, que se tornou
uma espécie de hino não oficial da velha cidade. Àquelas horas, Pombal já havia
acabado de despertar.
O espetáculo da madrugada fora
completado com os sinos das Igrejas do Rosário e Matriz, dobrando convidando, o
povo para a missa campal que foi celebrada de fronte ao cruzeiro da igreja do
Rosário, pelo Bispo Dom Expedito de Oliveira...
Foi isto, uma prévia do que estava para
acontecer durante todo o restante daquela sexta feira em que Pombal comemorava
o centenário da sua elevação à categoria de cidade, isto é, em 21 de julho de
1862...
A cidade dava sinal de crescimento: já
contava com trinta e quatro lojas de tecidos e cento e cinquenta
estabelecimentos varejistas. O meio de transporte mais viável para se chegar,
tanto a João Pessoa como Fortaleza, era o velho trem da REFESA.
Pombal contava com um campo de pouso, e
com o Aeroclube que, com o apoio da Brasil Oiticica, que prometia a construção
de um grande “Campo de aviação” que servirá a todo o sertão, uma vez que Pombal
tem o privilégio de estar situada no meio do Estado. Desta forma, o “Campo de
aviação” faria a ligação por via aérea entre as demais cidades sertanejas.
Para a educação, contava a cidade com o
ensino médio através do ginásio Arquidiocesano de Pombal e a Escola Normal
Arruda Câmara. Na saúde, já se encontrava funcionando o Hospital Maternidade
Sinhá Carneiro, o Posto de Puericultura, o Posto de Higiene e a Liga Pombalense
Contra a Tuberculose. Na vertente de apoio social tínhamos a SAOB, Sociedade
Anônima Operária Beneficente, onde foi instalada a primeira biblioteca da
cidade e uma uma escola de corte e costura, que atende as comunidades carentes.
A cidade contava ainda com um moderno
cinema, o Cine Lux. A energia consumida era gerada pelas turbinas do sistema
Corema - Mãe d’água.
No aniversário, Pombal ganhou uma
Agencia do Banco do Brasil. Suas industrias eram: a Usina de beneficiar algodão
de Paulo Pereira, a Brasil Oiticica, a fábrica de café “Dácio” e “Sal de
Adonay” de Antônio Rocha e a de macarrão Martoci de Nelito Silva.
Os alunos do Colégio Diocesano,
desfilaram pelas principais ruas da cidade, trajando uniforme todo em branco
com uma lista azul nas duas laterais das calças, jaqueta três botões, gravata
preta combinando com sapatos muito bem lustrados por seu João Espalha, que o
fez entre um e outro ensaio da Filarmônica Municipal, onde ele toca o “Prato”.
Trajando saias pretas, longas e
plissadas, sapatos pretos, meias três quarto e luvas brancas, completada por
uma torturante blusa de mangas compridas, também branca, as nossas estudantes
da Escola Normal Arruda Câmara, continuam passando em direção à escola, onde
Padre Luiz Gualberto e algumas freiras, esperam impaciente a formação dos
pelotões de moças que sairão em direção à Rua Nova, onde acontecerá a apoteose
das comemorações do Centenário da velha cidade.
A mudança do nome da praça Dr. José
Ferreira de Queiroga para Praça do Centenário, também consta do programa de
festividades dos cem anos da cidade, que tivemos ainda o lançamento do Livro
Velho Arraial de Piranhas (Pombal), de autoria do professor Wilson Seixas, como
ponto máximo desta inesquecível comemoração.
Na verdade, o programa das comemorações
do centenário da cidade é bastante longo e teve início no dia 16 com término na
tarde deste dia 21 de julho de 1962.
*Escritor
e Pesquisador pombalense
ASSIM POMBAL FESTEJOU O SEU CENTENÁRIO, EM 1962
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/21/2017 06:21:00 AM
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