O professor e o matuto
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
Na vida, professor é quem transmite seus
conhecimentos para alunos, educando-os para a travessia da longa estrada da
vida. Já o matuto tem no dicionário, conceito, que se refere a pessoa que
habita o mato, indivíduo ignorante e ingênuo.
Mas, quem conhece de perto o matuto,
sabe que ele não é nada disso. Tem sua própria cultura, suas crenças e visão
singular sobre o mundo. É ser inteligente, fonte inspiradora de mestres como
Jessier Quirino e Ariano Suassuna. Pode não ser letrado, mas também é
professor.
Como disse Gildson de Oliveira, um
matuto conquistou o mundo, o Rei do Baião. No início do Século XX, nasceu o
pernambucano daquele Século, seu Luiz, lá nos confins do Pernambuco. O mundo
era outro, pois a comunicação e o transporte não eram como hoje. Mas esse
matuto retirante, invertendo as coisas, levou no seu matulão a musicalidade de
um povo chamado Nordeste. As duras penas, a tornou visível para o Brasil e para
o mundo.
Afora isso, Gonzaga teve sua vida
pautada pela ética, autenticidade, generosidade, figura agregadora e artista
que sempre abriu seu palco para novos artistas. Político sem mandato, na seca,
era o primeiro a realizar shows para matar a fome e sede de seus irmãos
flagelados. Deu mais de 300 sanfonas, e, mesmo assim, depois de 28 anos de sua
partida, vem agora, um que se diz letrado, taxar Luiz Gonzaga de salafrário,
afirmando, ainda, que ele nunca foi compositor e que constrangia poetas para
conseguir parcerias.
Destilado e covarde intrujice, talvez
revele que o letrado não aceite que a matutice tenha levado o “Lua” a iluminar
tantos céus, inclusive, o seu. A frustração não arranha a vida e obra do
menestrel do sertão. É, sempre será o eterno Rei do Baião! Viva o Nordeste de
seu Luiz!
*Escritor e Juiz
de Direito
onaldorqueiroga@gmail.com
O professor e o matuto
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/20/2017 03:14:00 PM
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