Quem diria, o Judiciário acabou no Irajá entre engradados de cervejas
João Costa |
João Costa*
Quem
diria o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, em companhia do advogado
Pierpaolo Bottini, que negociou a delação premiada e fez a defesa do Rei do
Gado e dos políticos brasileiros, Joeley Batista, entre engradados de cerveja
me fez lembrar da famosa música “Entre Espumas”, do inesquecível Lindomar
Castilho. Não se trata de “um amor que surge numa mesa\e entre espumas ele há
de terminar”, mas onde o Judiciário brasileiro foi parar.
Vivemos
num estado de exceção cuja longa mão do Judiciário promove outro estado
inquisidor na base do terror dos procuradores, a empáfia dos vingadores da
Nação, delações sem provas, ou com provas que não interessam aos julgadores, o
moralismo, a inabalável fé no “no combate à corrupção”, mais a colaboração dos
fâmulos da mídia nativa, tudo condensado no escondidinho de um bar, entre
engradados de cerveja, eis o resumo da ópera que rege a República.
Uma
cerveja e apenas uma taça – durante encontro casual num boteco na capital da
República, e na Semana da Pátria!
Se Dom
Pedro emergiu por trás das bananeiras para bradar seu grito de Independência Ou
Morte! O procurador-Geral da República emergiu por trás de um engradado de
cerveja, para não deixar dúvidas sobre quem denuncia, quem defende, quem julga
e condena.
Tal como
na música de Luiz Marquetti na voz de Roberto Muller, podemos parodiar a frase
“Se um amor nasceu de uma cerveja\Outra cerveja beberei para esquecer” e cantar
para a plateia indulgente: “se o combate à corrupção nasceu de uma
cerveja\Outra cerveja para beberei esquecer”.
Se havia
ou há alguma reputação a salvar ou manter, diante da Nação que professa indignação e moral seletivas,
ela só é possível pela voz dos âncoras do Jornal Nacional e pela páginas do
jornalismo de esgoto da mídia impressa de O Globo.
- “foi uma demonstração de que as diferenças no campo
judicial não devem extrapolar para a ausência de cordialidade no plano das
relações pessoais”, disse Pierpaolo, o advogado, que não é o Pasolini, o
impagável diretor de Decameron, filme em torno dos contos eróticos de Giovanni
Boccaccio, àquela ficção cinematográfica que escandalizou a classe média
depositária da moral de dos bons costumes, reduzida a abatedora de panelas e de
exultante manifesto ódio a pobres.
E o Janot estava de óculos escuros na noite brasiliense,
segundo a mídia, pouco tempo depois de pedir a prisão dos delatores que a ele,
Janot, confiaram às revelações tenebrosas sobre o títere que ocupa o Palácio do
Planalto.
O que dizer ou imaginar, as circunstâncias dadas para a
delação do ex-ministro Palocci, cuja fala depoente e texto, citam “Pacto de
Sangue”, uma expressão teatral, que muitos desconfiam atribuída a um redator
dramático de Curitiba - a Guantánamo brasileira.
“Ninguém sabe que meus males são tão grandes\Que me partem o
coração”, diz ainda uma frase da música de Roberto Muller. E com ela eu fico,
pois a cortina ainda não se fechou!
*João Costa é radialista, jornalista e
diretor de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica.
Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Quem diria, o Judiciário acabou no Irajá entre engradados de cervejas
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/11/2017 07:32:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário